Temer planeja quebrar o sindicalismo

17 de abril de 2017 às 17:16

Altamiro Borges
Duas manchetes garrafais publicadas dia 11 confirmam que o covil de Michel Temer j&aacute; fixou sua estrat&eacute;gia para golpear os trabalhadores. O Estad&atilde;o estampou: &quot;Reforma trabalhista mudar&aacute; cem pontos da CLT&quot;; j&aacute; a Folha real&ccedil;ou: &quot;Relator de reforma prev&ecirc; fim de imposto sindical no pa&iacute;s&quot;. Ou seja: as for&ccedil;as golpistas, que foram financiadas pelo patronato, est&atilde;o decididas a retirar os direitos fixados na Consolida&ccedil;&atilde;o das Leis do Trabalho e, para isso, n&atilde;o vacilar&atilde;o em quebrar a espinha dorsal do sindicalismo, asfixiando financeiramente as entidades. Esta estrat&eacute;gia confirma uma velha tese do intelectual brit&acirc;nico Perry Anderson, de que o neoliberalismo n&atilde;o combina com a democracia.<br /> <br /> A exemplo do projeto de terceiriza&ccedil;&atilde;o, que foi aprovado a toque de caixa pelo jagun&ccedil;o Rodrigo Maia &ndash; presidente da C&acirc;mara Federal &ndash; e da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de desmonte da Previd&ecirc;ncia Social, a contrarreforma trabalhista apresentada pela base governista &eacute; das mais cru&eacute;is para os que vivem de sal&aacute;rio. Ela fixa que o negociado prevalecer&aacute; sobre o legislado. Ou seja: todos os direitos fixados em lei poder&atilde;o ser anulados atrav&eacute;s da &quot;livre negocia&ccedil;&atilde;o&quot; &ndash; a livre negocia&ccedil;&atilde;o, em tempos de desemprego e retrocessos, entre a forca e o enforcado! Isto permitir&aacute; que &quot;cem pontos da CLT&quot;, como descreve o jornal Estad&atilde;o, simplesmente sejam anulados. Jornada de trabalho, f&eacute;rias e adicionais, entre outros direitos, poder&atilde;o ser extintos ou rebaixados nas &quot;mesas de negocia&ccedil;&atilde;o&quot;.<br /> <br /> Esta ofensiva do capital contra o trabalho tem gerado crescente resist&ecirc;ncia das for&ccedil;as populares &ndash; como se observou nas manifesta&ccedil;&otilde;es do Dia Internacional da Mulher e nos protestos massivos de 15 e 31 de mar&ccedil;o. Uma greve geral, convocada por todas as Centrais Sindicais, j&aacute; est&aacute; agendada para 28 de abril. Prevendo que a rea&ccedil;&atilde;o vai crescer ainda mais &ndash; atraindo inclusive os que apoiaram o golpe dos corruptos, os arrependidos &quot;coxinhas&quot; &ndash;, o covil golpista ent&atilde;o parte para o ataque contra o sindicalismo. Ele chantageia com o fim do imposto sindical, que garante a sobreviv&ecirc;ncia de milhares de entidades: ou elas entregam os direitos trabalhistas ou ser&atilde;o asfixiadas financeiramente. Somente os l&iacute;deres sindicais mais ing&ecirc;nuos ou corrompidos podem cair nesta conversa mole. Para fazer vingar seu plano regressivo, a gangue de Michel Temer far&aacute; de tudo para desgastar a imagem dos Sindicatos nas suas bases e para quebrar a sua espinha dorsal. N&atilde;o h&aacute; outra alternativa para as for&ccedil;as golpistas!<br /> <br /> Na pr&aacute;tica, a ofensiva para enfraquecer o sindicalismo j&aacute; est&aacute; em curso, com tiros sendo desferidos de todos os lados. Em mar&ccedil;o, o Supremo Tribunal Federal considerou ilegal a cobran&ccedil;a da chamada contribui&ccedil;&atilde;o assistencial, que &eacute; aprovada nas assembleias de trabalhadores. Na sequ&ecirc;ncia, o mesmo STF imp&ocirc;s r&iacute;gidos limites &agrave;s greves de v&aacute;rias categorias de servidores p&uacute;blicos. J&aacute; no in&iacute;cio de abril, o ministro do Trabalho do covil golpista, o sinistro Ronaldo Nogueira, &quot;suspendeu a instru&ccedil;&atilde;o do m&ecirc;s de fevereiro que permitia a cobran&ccedil;a sindical de empregados e servidores p&uacute;blicos, o famoso imposto sindical... Os Sindicatos esperavam arrecadar mais de R$ 160 milh&otilde;es com a instru&ccedil;&atilde;o, que foi suspensa na quarta-feira (5 de abril)&quot; &ndash; relatou com euforia a revista &Eacute;poca, da famiglia Marinho.<br /> <br /> O pr&oacute;prio projeto de terceiriza&ccedil;&atilde;o, imposto pelo jagun&ccedil;o patronal Rodrigo Maia, representa um duro golpe no sindicalismo. Os trabalhadores terceirizados ganham menos, t&ecirc;m menos direitos e esbarram em maiores dificuldades para se organizar sindicalmente. Como apontou uma mat&eacute;ria da insuspeita Folha, publicada em 22 de mar&ccedil;o passado, &quot;a terceiriza&ccedil;&atilde;o abre espa&ccedil;o para o fim de 'monop&oacute;lio' dos sindicatos&quot; &ndash; em outras palavras, para a fragmenta&ccedil;&atilde;o das entidades de classe. Ainda de acordo com a reportagem, com a terceiriza&ccedil;&atilde;o &quot;os trabalhadores de diferentes empresas prestar&atilde;o servi&ccedil;os em um mesmo ambiente. Ser&aacute; comum que um espa&ccedil;o tenha pessoas que s&atilde;o representadas por v&aacute;rias organiza&ccedil;&otilde;es sindicais. 'A consequ&ecirc;ncia &eacute; a pulveriza&ccedil;&atilde;o, em uma mesma empresa, de sindicatos', diz Caroline Marchi, s&oacute;cia do Machado Meyer. Com isso, poder&aacute; haver prefer&ecirc;ncia de profissionais por um representante&quot;. Ou seja: ser&aacute; o fim da unicidade sindical, um sonho antigo dos patr&otilde;es!<br /> <br /> <i><b><img src="/uploads/image/artigos_altamiro-borges_jornalista-presidente-cema-barao-de-itarare.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Altamiro Borges</b></i> &eacute; jornalista e presidente do Centro de Estudos da M&iacute;dia Alternativa Bar&atilde;o de Itarar&eacute;. E-mail: aaborges1@uol.com.br - Fonte: http://www.agenciasindical.com.br/