Suas excelências sob suspeita

17 de novembro de 2017 às 16:30

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
&Eacute; chocante e dif&iacute;cil de ver ou tolerar sem se indignar, a imagem do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e de outros parlamentares indo para a cadeia. N&atilde;o menos constrangedor &eacute; saber que existe, na C&acirc;mara Federal, um parlamentar que s&oacute; sai da pris&atilde;o para comparecer &agrave;s sess&otilde;es, mas n&atilde;o tem liberdade para visitar as bases e ter o salutar contato com o seu eleitorado. Tamb&eacute;m soa ruim a imagem das viaturas e agentes da Pol&iacute;cia Federal vasculhando gabinetes e resid&ecirc;ncias de parlamentares e outras figuras gradas da Rep&uacute;blica que, para representarem as&nbsp; nossas esperan&ccedil;as e o bem do pa&iacute;s, deveriam ser todos indiv&iacute;duos acima de qualquer suspeita.<br /> <br /> Infelizmente, chegamos a esse ponto de degrada&ccedil;&atilde;o. O epis&oacute;dio que envolveu o senador A&eacute;cio Neves &eacute; deplor&aacute;vel. Primeiro foi divulgada a sua conversa com os delatores da Lava Jato &ndash; os mesmos que gravaram o presidente da Rep&uacute;blica e hoje est&atilde;o presos -, em seguida o Supremo Tribunal Federal o afastou das fun&ccedil;&otilde;es por duas vezes e ele, valendo-se do poder institucional do Senado, sobreviveu &agrave; tormenta e continua exercitando o seu mandato. Agora, no Rio de Janeiro, possivelmente aconte&ccedil;a o mesmo pois, mesmo tendo se entregado &agrave; pol&iacute;cia, o presidente da Assembleia, Jorge Picciani, e os outros dois outros deputados presos, dever&atilde;o sair da cadeia pela porta da frente e retomar suas atividades. Isso porque a Constitui&ccedil;&atilde;o prev&ecirc; que a pris&atilde;o ou afastamento do parlamentar depende da anu&ecirc;ncia da casa legislativa onde ele exerce o seu mandato.<br /> <br /> &Eacute; estarrecedora a quantidade de processos abertos para a apura&ccedil;&atilde;o de financiamento irregular de campanhas eleitorais&nbsp; e enriquecimento il&iacute;cito de parlamentares, ministros e outras figuras importantes da Rep&uacute;blica. O Minist&eacute;rio P&uacute;blico e a Justi&ccedil;a t&ecirc;m aplicado penas severas, mas a tramita&ccedil;&atilde;o dos processos &eacute; lenta, levando muitos do povo a duvidarem que esses not&aacute;veis um dia venham a ser punidos. H&aacute; o caso emblem&aacute;tico do ex-presidente Lula que, mesmo condenado em primeira inst&acirc;ncia e respondendo a v&aacute;rios processos, percorre o pa&iacute;s como se estivesse em campanha eleitoral e ningu&eacute;m o impede de promover com&iacute;cios antecipadamente.<br /> <br /> O pa&iacute;s necessita de instrumentos mais precisos para o custeio de campanhas e de rito mais c&eacute;lere para o julgamento de crimes de corrup&ccedil;&atilde;o. &Eacute; prejudicial a manuten&ccedil;&atilde;o de uma gama t&atilde;o grande de pol&iacute;ticos &ldquo;na marca do p&ecirc;nalti&rdquo;. Des&aacute;gua em momentos como o atual, onde cada um procura salvar a pr&oacute;pria pele e as verdadeiras fun&ccedil;&otilde;es de Estado ficam relegadas a segundo plano. Carecemos de uma nova Constitui&ccedil;&atilde;o e de instrumentos mais contempor&acirc;neos para a apura&ccedil;&atilde;o e aplica&ccedil;&atilde;o das penas aos faltosos. Sem isso, continuaremos patinando indefinidamente...<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" align="left" width="60" hspace="3" height="81" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp; <br />