Quer trabalhar na roça? Precisa estudar

21 de novembro de 2017 às 10:33

Edson Bolfe
At&eacute; pouco tempo, jovens filhos de agricultores e pecuaristas ouviam de seus pais que se n&atilde;o estudassem, teriam que trabalhar na ro&ccedil;a. Hoje, aqueles que efetivamente desejam atuar no meio rural, necessitam estudar, e muito.<br /> <br /> A agricultura do Brasil j&aacute; testemunhou centenas de inova&ccedil;&otilde;es que geraram solu&ccedil;&otilde;es para o desafio de cultivar os solos tropicais, transformando-a em exemplo mundial de produ&ccedil;&atilde;o, produtividade e diversidade. Diariamente, outras dezenas de ideias inovadoras germinam nos institutos de pesquisa, universidades, escolas t&eacute;cnicas, empresas, startups e nas propriedades rurais.<br /> <br /> Imagens de sat&eacute;lite e de ve&iacute;culos a&eacute;reos n&atilde;o tripulados (Vants), GPS, georreferenciamento, cadastro ambiental rural e zoneamento de risco clim&aacute;tico s&atilde;o termos frequentes no vocabul&aacute;rio dos produtores rurais. A agricultura de precis&atilde;o tem sido amplificada para o uso de insumos conforme a variabilidade do solo e &aacute;gua de s&iacute;tios, fazendas e est&acirc;ncias. Sistemas integrados e mais biodiversos, como o ILPF (lavoura-pecu&aacute;ria-floresta), formam novos mosaicos de uso da terra em todo o Brasil. A agroindustrializa&ccedil;&atilde;o, servi&ccedil;os ambientais e o turismo rural ampliam a renda de milhares de fam&iacute;lias. Conceitos de certifica&ccedil;&atilde;o ambiental, indica&ccedil;&atilde;o de proced&ecirc;ncia, bem-estar animal e georrastreabilidade t&ecirc;m se cristalizado no meio rural. Aplicativos de gerenciamento t&eacute;cnico-financeiro da produ&ccedil;&atilde;o de hortali&ccedil;as, frutas, gr&atilde;os, carnes, leite, ovos, fibras e madeira tornam-se fundamentais para a sustentabilidade do neg&oacute;cio rural.<br /> <br /> A moderniza&ccedil;&atilde;o da agricultura tem aumentado substancialmente sua efici&ecirc;ncia produtiva. Em an&aacute;lise feita pela Embrapa, a tecnologia foi identificada como o fator mais importante no aumento da produ&ccedil;&atilde;o nas &uacute;ltimas quatro d&eacute;cadas no Brasil. Contribuiu com aproximadamente 60% do valor bruto da produ&ccedil;&atilde;o agropecu&aacute;ria, e o somat&oacute;rio dos demais fatores (terra, m&atilde;o de obra e recursos financeiros) respondeu por 40%. Por&eacute;m, o aumento do consumo de alimentos, fibras e energia, diante do crescimento da popula&ccedil;&atilde;o, da expectativa de vida, e da renda tem impulsionado os mercados consumidores, tornando-os mais exigentes em alimentos de qualidade e com menor uso de recursos naturais.<br /> <br /> Essas condi&ccedil;&otilde;es incentivam a demanda por atividades cada vez mais complexas no meio rural. Produtores e profissionais do campo necessitam de constantes atualiza&ccedil;&otilde;es e de intensificar o trabalho interdisciplinar a fim de gerar novas solu&ccedil;&otilde;es no dia a dia nas propriedades rurais. A transforma&ccedil;&atilde;o digital eleva as possibilidades para ampliar o conhecimento e intera&ccedil;&atilde;o entre todos os elos das cadeias produtivas. O desafio est&aacute; em dar maior dinamismo e obter maior integra&ccedil;&atilde;o entre pesquisa, ensino, ind&uacute;stria, com&eacute;rcio, assist&ecirc;ncia t&eacute;cnica e extens&atilde;o rural.<br /> <br /> Um perfil de inovador, empreendedor, multiplicador e comunicador &eacute; requisito imprescind&iacute;vel a todos que buscam no meio rural seu ambiente de trabalho e desejam o cont&iacute;nuo desenvolvimento da agricultura brasileira.<br /> <br /> <i><b>Edson Bolfe</b></i> &eacute; pesquisador,&nbsp; coordenador do Sistema Agropensa - Embrapa<br /> edson.bolfe@embrapa.br