Os prédios públicos abandonados

30 de novembro de 2017 às 15:50

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Na maioria dos munic&iacute;pios brasileiros, existem pr&eacute;dios p&uacute;blicos desocupados e, paradoxalmente, as prefeituras, os estados e at&eacute; o governo federal pagam alugu&eacute;is para instalar suas reparti&ccedil;&otilde;es. A mudan&ccedil;a do perfil tecnol&oacute;gico permitiu que os servi&ccedil;os sejam executados em espa&ccedil;o menor que antes e, assim, sobraram os im&oacute;veis. Tarefas antes executadas por m&aacute;quinas pesadas migraram para dentro do computador e os arquivos de papel foram absorvidos pela microfilmagem e escaneamento que colocam dentro de uma simples gaveta o conte&uacute;do de muitas prateleiras e pastas dos arquivos convencionais. Nas localidades servidas por estrada de ferro, a desativa&ccedil;&atilde;o do trem de passageiros e o arrendamento dos cargueiros para empresas de log&iacute;stica jogaram na ociosidade esta&ccedil;&otilde;es, armaz&eacute;ns e grandes oficinas. A maioria desse patrim&ocirc;nio est&aacute;, hoje, abandonada.<br /> <br /> Levando-se em considera&ccedil;&atilde;o que a m&aacute;quina p&uacute;blica &ndash; federal, estadual e municipal &ndash; opera com dificuldades financeiras, seria importante dar uma destina&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica para esse vasto rol de propriedades. No tocante &agrave; ferrovia, em parte dos munic&iacute;pios, as esta&ccedil;&otilde;es foram cedidas &agrave; Prefeitura e o mesmo ocorreu com alguns armaz&eacute;ns e barrac&otilde;es. Mas ainda existem muitos pr&eacute;dios bem localizados que, pelo abandono, tornaram-se locais de prostitui&ccedil;&atilde;o e consumo de drogas. Tamb&eacute;m existem pr&eacute;dios do INSS e de dezenas de outros &oacute;rg&atilde;os que, com a moderniza&ccedil;&atilde;o do processo, deixaram de ocupar grandes espa&ccedil;os.<br /> <br /> Quando um im&oacute;vel p&uacute;blico deixa de ser ocupado para a finalidade que foi constru&iacute;do ou adaptado, ele come&ccedil;a a gerar despesas de manuten&ccedil;&atilde;o sem produzir nada em troca. E, quando &eacute; abandonado, o preju&iacute;zo &eacute; ainda maior porque &eacute; vandalizado e tem furtadas suas pe&ccedil;as hidr&aacute;ulicas e el&eacute;tricas. Ao mesmo tempo que milhares de metros quadrados est&atilde;o na ociosidade, reparti&ccedil;&otilde;es pagam aluguel, muitas vezes em condi&ccedil;&otilde;es que colocam os contratos sob suspeita.<br /> <br /> Os governos federal e estaduais deveriam ter em efetivo funcionamento um &oacute;rg&atilde;o para administrar a desocupa&ccedil;&atilde;o dos im&oacute;veis sob sua jurisdi&ccedil;&atilde;o, com autonomia para destin&aacute;-los a outras finalidades. Muitos munic&iacute;pios carecem de instala&ccedil;&otilde;es para o funcionamento de creches e escolas e at&eacute; mesmo para abrigar suas reparti&ccedil;&otilde;es. Ficaria menos oneroso que, em vez de construir ou alugar, fizessem apenas as adapta&ccedil;&otilde;es dos pr&eacute;dios j&aacute; existentes. &Eacute; preciso dar uma finalidade ao vasto patrim&ocirc;nio p&uacute;blico que, infelizmente, tem sido encarado como &ldquo;propriedade de ningu&eacute;m&rdquo;. O dinheiro que se gasta com alugu&eacute;is ou constru&ccedil;&atilde;o de novas instala&ccedil;&otilde;es sobraria para atender a outras necessidades. E ainda mais: acabariam os antros do crime que hoje ocupam esses im&oacute;veis abandonados e perturbam a popula&ccedil;&atilde;o.<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" align="left" width="60" hspace="3" height="81" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br