Como diferenciar intolerância e alergia alimentar, dois problemas de saúde sérios que requerem acompanhamento e cuidados especiais

13 de dezembro de 2017 às 16:45

Dra. Ully Alla
&Eacute; cada vez mais comum vermos pessoas comentando que se sentem mal ao ingerir determinados alimentos. Geralmente, esse mal-estar tem liga&ccedil;&atilde;o com um quadro de intoler&acirc;ncia ou alergia alimentar, duas condi&ccedil;&otilde;es de sa&uacute;de bastante s&eacute;rias e que, se n&atilde;o diagnosticadas corretamente, podem levar &agrave; morte.<br /> <br /> A alergia configura-se como uma rea&ccedil;&atilde;o modulada pelo sistema imunol&oacute;gico do organismo contra prote&iacute;nas presentes em determinado alimento, reconhecidas pelo corpo como &ldquo;inimigas&rdquo;.<br /> <br /> J&aacute; a intoler&acirc;ncia alimentar, caracteriza-se uma rea&ccedil;&atilde;o decorrente de uma defici&ecirc;ncia nas enzimas respons&aacute;veis pela digest&atilde;o, dificultando este processo. Diversos alimentos, de grupos variados, podem causar quadros de intoler&acirc;ncia, como: latic&iacute;nios, cereais, carnes, frutas, ervas e especiarias, frutos secos, vegetais, peixes e frutos do mar.<br /> <br /> Ainda que as crian&ccedil;as sejam o grupo mais afetado, alergias ou intoler&acirc;ncias alimentares podem se manifestar em qualquer est&aacute;gio da vida. Segundo a Associa&ccedil;&atilde;o Brasileira de Alergia e Imunologia, a condi&ccedil;&atilde;o al&eacute;rgica atinge cerca de 5% da popula&ccedil;&atilde;o adulta e perto de 8% das crian&ccedil;as.<br /> <br /> A tend&ecirc;ncia &agrave; alergia alimentar &eacute; uma condi&ccedil;&atilde;o heredit&aacute;ria, mas o &ldquo;gatilho&rdquo; vem do ambiente ao qual a pessoa est&aacute; exposta. O grupo mais propenso a desenvolv&ecirc;-la s&atilde;o os beb&ecirc;s. Por este motivo, &eacute; importante o aleitamento materno exclusivo at&eacute; os 6 meses de idade. Na impossibilidade, a substitui&ccedil;&atilde;o deve ser por f&oacute;rmulas l&aacute;cteas. De acordo com recomenda&ccedil;&otilde;es da OMS &ndash; Organiza&ccedil;&atilde;o Mundial da Sa&uacute;de, outros alimentos devem ser introduzidos na dieta somente ap&oacute;s os 6 meses.<br /> <br /> No Brasil, observamos que entre os principais alimentos desencadeadores de alergias, destacam-se: leite, ovo, soja, trigo, amendoim, castanhas, crust&aacute;ceos e peixes. Devido &agrave;s caracter&iacute;sticas da popula&ccedil;&atilde;o e recentes mudan&ccedil;as dos h&aacute;bitos alimentares, kiwi e gergelim tamb&eacute;m t&ecirc;m apresentado um aumento da preval&ecirc;ncia de rea&ccedil;&otilde;es al&eacute;rgicas. Enquanto cacau, corantes e a carne do porco acabaram se revelando menos alerg&ecirc;nicos do que se acreditava.<br /> <br /> Existe a cren&ccedil;a de que as alergias alimentares s&atilde;o uma condi&ccedil;&atilde;o para toda a vida, por&eacute;m &eacute; poss&iacute;vel reverter alguns quadros. Isso depende da caracter&iacute;stica do al&eacute;rgeno, sendo assim, a dura&ccedil;&atilde;o da alergia varia de acordo com o alimento em quest&atilde;o. As alergias que se iniciam, mais comumente, na inf&acirc;ncia (leite, ovo, soja, trigo) apresentam maior probabilidade de se resolver at&eacute; a adolesc&ecirc;ncia, com uma toler&acirc;ncia oral. J&aacute; outros alimentos, como amendoim, castanhas, peixes e frutos do mar, s&atilde;o tipicamente persistentes.<br /> <br /> As alergias e intoler&acirc;ncias geralmente s&atilde;o percebidas pela apresenta&ccedil;&atilde;o de sintomas sempre quando h&aacute; ingest&atilde;o ou contato com um determinado alimento e o diagn&oacute;stico depende de avalia&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica, testes e exames laboratoriais espec&iacute;ficos.<br /> <br /> No caso da intoler&acirc;ncia alimentar, observa-se que os sintomas se manifestam com menor intensidade e n&atilde;o parecem estar diretamente relacionados &agrave; ingest&atilde;o dos alimentos.<br /> <br /> A detec&ccedil;&atilde;o de alergias alimentares &eacute; importante para evitar que os sintomas evoluam. As rea&ccedil;&otilde;es mais comuns s&atilde;o urtic&aacute;rias, manchas avermelhadas, incha&ccedil;o de olhos e boca, sintomas nasais, broncoespasmo abrupto, diarreia e/ou v&ocirc;mitos imediatos. O quadro mais grave envolve a anafilaxia, que pode levar &agrave; morte se n&atilde;o houver socorro imediato.<br /> <br /> Os tratamentos para alergia e intoler&acirc;ncia alimentares s&atilde;o completamente diferentes. Para combater a alergia &eacute; necess&aacute;rio eliminar o contato, inala&ccedil;&atilde;o ou consumo do alimento envolvido. Alguns pacientes com diagn&oacute;stico de alergia desenvolvem toler&acirc;ncia ao alimento envolvido, que volta a ser consumido sem manifesta&ccedil;&otilde;es al&eacute;rgicas. Mas vale ressaltar que esse processo s&oacute; deve ser feito com o acompanhamento de um especialista, pois pode desencadear rea&ccedil;&otilde;es graves.<br /> <br /> J&aacute; em casos de intoler&acirc;ncia, o paciente pode tolerar certas doses do alimento, sendo isso bem individual e a pr&oacute;pria pessoa acaba por distinguir essa dose conforme os sintomas.<br /> <br /> Em caso de falha do tratamento cl&iacute;nico de medidas de controle ambiental e in&iacute;cio de uma rea&ccedil;&atilde;o al&eacute;rgica, o tratamento geralmente se d&aacute; pelo uso de antihistam&iacute;nicos e/ou cortic&oacute;ides. No caso de anafilaxia, alguns pacientes orientados podem utilizar a caneta para autoinje&ccedil;&atilde;o de epinefrina, mas na indisponibilidade dela devem procurar um hospital.<br /> <br /> &Eacute; importante salientar que o aux&iacute;lio m&eacute;dico &eacute; fundamental para identificar se os sintomas s&atilde;o fruto de alergia ou intoler&acirc;ncia alimentar e qual o tratamento mais adequado para a condi&ccedil;&atilde;o apresentada.<br /> <br /> <img src="/uploads/image/artigos_dra-ully-alla_especialista-em-endocrinologia-e-metabologia.jpg" align="left" width="60" hspace="3" height="80" alt="" /><i><b>Dra. Ully Alla</b></i> &eacute; especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Real e Benem&eacute;rita Associa&ccedil;&atilde;o Portuguesa de Benefic&ecirc;ncia de S&atilde;o Paulo; em Nutrologia pela Faculdade de Ci&ecirc;ncias M&eacute;dicas da Santa Casa de S&atilde;o Paulo; e em Cl&iacute;nica M&eacute;dica pela Universidade Federal de S&atilde;o Paulo &ndash; UNIFESP/EPM. Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia &ndash; SBEM. Graduada em Medicina pela Universidade Nove de Julho e em Farm&aacute;cia e Bioqu&iacute;mica pela Universidade Federal de Goi&aacute;s.