O indulto sob crítica e suspeita

28 de dezembro de 2017 às 17:54

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A nova pol&ecirc;mica nacional est&aacute; calcada no decreto de indulto natalino assinado pelo presidente Michel Temer. O procurador Deltan Dallagnol, da for&ccedil;a-tarefa da Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato, bate de frente e diz que a medida enfraquece as investiga&ccedil;&otilde;es dos casos de corrup&ccedil;&atilde;o na medida em que reduz automaticamente as penas 20%. Com isso, os r&eacute;us deixar&atilde;o de fazer dela&ccedil;&otilde;es premiadas, onde revelam os crimes e seus comparsas, pois o pr&ecirc;mio j&aacute; foi recebido diretamente do indulto presidencial sem nenhuma contrapartida. Deltan &eacute; &aacute;cido quando afirma Temer talvez tenha providenciado uma sa&iacute;da para si mesmo quando, depois de sair do governo tiver de responder pelas den&uacute;ncias barradas na C&acirc;mara dos Deputados.<br /> <br /> Justificada ou n&atilde;o, a quest&atilde;o colocada pelo procurador intranquiliza e banaliza o instituto humanit&aacute;rio de que disp&otilde;e o chefe da Na&ccedil;&atilde;o para aplicar uma vez ao ano aos apenados de bom comportamento e que tenham agido sem viol&ecirc;ncia. O questionamento &eacute; n&atilde;o ter exclu&iacute;do dos benef&iacute;cios os condenados por corrup&ccedil;&atilde;o e nem os com mais de 12 anos de pena, casos t&iacute;picos da maioria dos pol&iacute;ticos, doleiros e executivos alcan&ccedil;ados pelos tac&otilde;es da Lava Jato. A pol&ecirc;mica &eacute; preocupante na medida em que coloca em rota de colis&atilde;o duas importantes institui&ccedil;&otilde;es da Rep&uacute;blica.<br /> <br /> O presidente, ao decretar o indulto de 2017, usou sua prerrogativa e, em princ&iacute;pio, n&atilde;o h&aacute; o que contestar. Deve t&ecirc;-lo feito dentro do que determina a lei, j&aacute; que o procedimento &eacute; resultado de gest&otilde;es de diversos &oacute;rg&atilde;os, inclusive o Minist&eacute;rio P&uacute;blico. Considere-se, ainda, que o benef&iacute;cio n&atilde;o &eacute; autoaplic&aacute;vel. Todo r&eacute;u que o pleitear passar&aacute; pelo crivo do seu juiz de execu&ccedil;&atilde;o, que examinar&aacute; o caso especificamente e o seu enquadramento legal.<br /> <br /> A Lava Jato e demais opera&ccedil;&otilde;es anti-corrup&ccedil;&atilde;o s&atilde;o important&iacute;ssimas. Foi atrav&eacute;s de sua for&ccedil;a que se descobriu os esquemas que durante anos sangraram a Petrobras e outros &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos em benef&iacute;cio de pol&iacute;ticos, empreiteiras e seus conviventes. Preserv&aacute;-las &eacute; do absoluto interesse nacional. Mas os tent&aacute;culos n&atilde;o devem se alongar al&eacute;m da sua &aacute;rea espec&iacute;fica de atua&ccedil;&atilde;o, pois isto poder&aacute; levar &agrave; crise institucional, que n&atilde;o interessa a ningu&eacute;m.<br /> <br /> O pronunciamento do procurador sugere, agora, a tomada de posi&ccedil;&atilde;o de sua chefe, a procuradora geral, Raquel Dodge que, se assim tamb&eacute;m entender, tem representatividade para questionar junto ao Supremo Tribunal Federal a legalidade e constitucionalidade do indulto presidencial nas condi&ccedil;&otilde;es em que foi editado. &Eacute; uma incomoda pend&ecirc;ncia que agora, depois das cr&iacute;ticas, ter&aacute; de ser enfrentada e dirimida...<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" align="left" width="60" hspace="3" height="81" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />