Golpe no Brasil foi tramado nos EUA para toda a América Latina

05 de janeiro de 2018 às 18:23

Ribamar Fonseca
A a&ccedil;&atilde;o da Justi&ccedil;a destinada a eliminar Lula da vida p&uacute;blica, impedindo-o de voltar &agrave; Presid&ecirc;ncia da Rep&uacute;blica, n&atilde;o &eacute; um ato isolado, instrumentalizado pelo juiz Sergio Moro, mas parte de um plano muito mais amplo, concebido nos gabinetes do Departamento de Justi&ccedil;a norte-americano, abrangendo toda a Am&eacute;rica Latina e cujos sinais s&atilde;o vistos, al&eacute;m do Brasil, na Argentina, no Chile, no Peru e na Venezuela.<br /> <br /> A elei&ccedil;&atilde;o de Macri, na Argentina, e de Pi&ntilde;era, no Chile, parte desse plano, revela claramente a onda direitista que assola a Am&eacute;rica do Sul e teve o seu ponto alto no golpe que destituiu a presidenta Dilma Roussef, mas prossegue com as tentativas para derrubar Maduro, na Venezuela, e o movimento no Peru para votar o impeachment do seu presidente, Pedro Pabllo Kuczynski. O golpe do Brasil, no entanto, ainda n&atilde;o foi conclu&iacute;do, o que s&oacute; se dar&aacute; quando o ex-presidente oper&aacute;rio for considerado ineleg&iacute;vel e ficar de fora das elei&ccedil;&otilde;es presidenciais deste ano, pois esse &eacute; o objetivo para o qual foi minuciosamente planejado ap&oacute;s as elei&ccedil;&otilde;es de 2014.<br /> <br /> O golpe, na verdade, foi o plano B dos seus promotores, pois eles imaginavam vencer aquele pleito com A&eacute;cio Neves, o plano A que os eleitores brasileiros frustraram. O mesmo aconteceria na Argentina se Macri n&atilde;o tivesse sido eleito, ou seja, l&aacute;, em terras portenhas, o plano A deu certo, mas j&aacute; enfrenta grandes problemas de sustenta&ccedil;&atilde;o. Aqui no Brasil a derrubada de Dilma era fundamental para chegar-se ao alvo principal, Lula, mas desta vez n&atilde;o havia clima para um golpe militar, o que levou os seus respons&aacute;veis a procurar emprestar uma cara de legalidade ao movimento golpista, usando o impeachment, previsto na Constitui&ccedil;&atilde;o, com a cumplicidade do vice-presidente , do PMDB, do PSDB, de parte do Legislativo e do Judici&aacute;rio, al&eacute;m de empres&aacute;rios e da m&iacute;dia. Todos estavam conscientes da inexist&ecirc;ncia de crime de responsabilidade que justificasse o afastamento da Presidenta, mas todos deram a sua contribui&ccedil;&atilde;o para oferecer um verniz de legalidade &agrave; conspira&ccedil;&atilde;o, de modo a convencer o resto do mundo, em especial os pa&iacute;ses que mant&eacute;m rela&ccedil;&otilde;es diplom&aacute;ticas com o Brasil, sobre um suposto acerto da decis&atilde;o.<br /> <br /> A espionagem da presidenta Dilma Roussef e da Petrobr&aacute;s, pela Ag&ecirc;ncia de Seguran&ccedil;a dos Estados Unidos, cuja descoberta provocou ligeiro estremecimento nas rela&ccedil;&otilde;es com os americanos, foi de vital import&acirc;ncia para a montagem do plano de assalto ao Pal&aacute;cio do Planalto. N&atilde;o foi por acaso, portanto, que a Petrobr&aacute;s foi o ponto de partida para as investiga&ccedil;&otilde;es que j&aacute; estavam programadas para chegar de qualquer maneira at&eacute; Lula. N&atilde;o houve acaso, tamb&eacute;m, na escolha do juiz Sergio Moro para comandar a Opera&ccedil;&atilde;o Lava-Jato, considerando suas liga&ccedil;&otilde;es com os respons&aacute;veis naquele pa&iacute;s pelo planejamento do golpe. Ele viaja com frequ&ecirc;ncia a Washington para, oficialmente, proferir palestras, mas na verdade sua finalidade seria receber instru&ccedil;&otilde;es, conforme suspeitam observadores. A escolha de Pedro Parente para presidir a empresa estatal, por indica&ccedil;&atilde;o dos tucanos, igualmente n&atilde;o foi casual. Ele &eacute; tido como um dos brasileiros integrantes da equipe de governo de FHC que s&oacute; nasceram no Brasil, mas escolheram os Estados Unidos como sua p&aacute;tria de cora&ccedil;&atilde;o. E vem cumprindo fielmente a miss&atilde;o para a qual foi colocado na Petrobr&aacute;s: entregar nosso petr&oacute;leo para as empresas estrangeiras e promover a privatiza&ccedil;&atilde;o da empresa petrol&iacute;fera nacional, dando sequ&ecirc;ncia &agrave; quebra do monop&oacute;lio do Petr&oacute;leo, realizada por FHC, e a abertura do pr&eacute;-sal para o capital internacional, projeto de outro tucano, o senador Jos&eacute; Serra.<br /> <br /> O pr&eacute;-sal, na realidade, foi um dos motivos do golpe, diante do interesse americano em abocanha-lo, pois a principal causa mesmo foi a aproxima&ccedil;&atilde;o do Brasil, promovida por Lula, com a Russia e a China. A cria&ccedil;&atilde;o do BRICS foi a gota d&aacute;gua que disparou o gatilho para a execu&ccedil;&atilde;o do plano, gerado nas terras do Tio Sam, que destituiu Dilma e pretende impedir Lula de voltar ao Pal&aacute;cio do Planalto. Os americanos ficaram preocupados com o afastamento do Brasil da sua esfera de influ&ecirc;ncia e sua consequente aproxima&ccedil;&atilde;o com os seus principais rivais, pois isso fatalmente levaria os demais pa&iacute;ses da Am&eacute;rica do Sul a trilharem o mesmo caminho. Ent&atilde;o, elaboraram um plano que inclu&iacute;sse, al&eacute;m do Brasil, tamb&eacute;m todo o continente americano, de modo a reconduzir as na&ccedil;&otilde;es deste continente de volta ao seu aprisco. Conseguiram chegar ao poder atrav&eacute;s de elei&ccedil;&otilde;es na Argentina e no Chile, com Macri e Pi&ntilde;era, respectivamente, mas n&atilde;o obtiveram &ecirc;xito na Venezuela, onde partiram para o golpe armado, frustrado pela m&atilde;o firme de Nicolas Maduro. N&atilde;o vai demorar muito, por&eacute;m, para que consigam derrubar o presidente do Peru, utilizando o mesmo m&eacute;todo empregado no Brasil, o que s&oacute; ainda n&atilde;o aconteceu porque Kuczynski fez um acordo com Fujimori, obtendo maioria no Parlamento.<br /> <br /> A participa&ccedil;&atilde;o dos Estados Unidos no golpe do Brasil e na persegui&ccedil;&atilde;o a Lula foi confirmada pelo subprocurador geral daquele pa&iacute;s, Kenneth A. Blanco, que dirigia a Divis&atilde;o Penal do Departamento de Justi&ccedil;a, durante palestra em julho passado, sobre o tema &quot;Li&ccedil;&otilde;es do Brasil: Crise, corrup&ccedil;&atilde;o e coopera&ccedil;&atilde;o global&quot;, realizado em evento denominado Di&aacute;logo Interamericano. Na oportunidade, ele deu as boas vindas a seu amigo Rodrigo Janot, ex-Procurador Geral da Rep&uacute;blica do Brasil e um dos seus principais colaboradores. A informa&ccedil;&atilde;o foi publicada pelo jornal &quot;El Clarin&quot;, do Chile, acrescentando que Blanco se felicitou pelos &quot;resultados extraordin&aacute;rios&quot; alcan&ccedil;ados gra&ccedil;as &agrave; colabora&ccedil;&atilde;o do Departamento de Justi&ccedil;a com a opera&ccedil;&atilde;o Lava-Jato. &quot;A coopera&ccedil;&atilde;o entre o Departamento de Justi&ccedil;a e o Minist&eacute;rio P&uacute;blico brasileiro &ndash; disse Blanco &ndash; levou a resultados extraordin&aacute;rios. S&oacute; em 2016, por exemplo, o FBI e a Lava-Jato estiveram cooperando e se coordenaram nas resolu&ccedil;&otilde;es de quatro casos ligados &agrave; Embraer, Rolls Royce, Braskem e Odebrecht.&quot;<br /> <br /> Em sua palestra Kenneth A. Blanco afirmou, tamb&eacute;m, que &quot;&eacute; dif&iacute;cil imaginar, na hist&oacute;ria recente, uma melhor rela&ccedil;&atilde;o de coopera&ccedil;&atilde;o do que esta entre o Departamento de Justi&ccedil;a dos Estados Unidos e os procuradores brasileiros. Esta coopera&ccedil;&atilde;o nos ajudou de forma substancial com uma s&eacute;rie de temas p&uacute;blicos que agora est&atilde;o resolvidos e continuamos juntos em uma s&eacute;rie de investiga&ccedil;&otilde;es&quot;. E acrescentou, em tom de comemora&ccedil;&atilde;o, que &quot;os procuradores brasileiros conseguiram um veredito condenat&oacute;rio contra o ex-presidente Lula da Silva, acusado de receber subornos da empreiteira OAS em troca de contratos com a Petrobr&aacute;s&quot;. A agenda norte-americana continua sendo cumprida com a anunciada venda da Embraer para a Boeing, a entrega da base espacial de Alc&acirc;ntara e a transforma&ccedil;&atilde;o de nossas For&ccedil;as Armadas em pol&iacute;cia, um velho projeto do Tio Sam para deixar a seguran&ccedil;a do continente com o seu ex&eacute;rcito. Os traidores da P&aacute;tria, entre eles Temer, FHC, Serra, Parente e Moro, est&atilde;o concluindo, como marionetes manipulados de Washington, a tarefa iniciada no governo tucano: a entrega do Brasil aos Estados Unidos. Ser&aacute; que ainda existe alguma d&uacute;vida sobre a participa&ccedil;&atilde;o dos norte-americanos no golpe que derrubou Dilma Roussef, colocou Michel Temer no poder e quer impedir Lula de voltar ao Pal&aacute;cio do Planalto?<br /> <br /> <img src="/uploads/image/artigos_ribamar-fonseca_jornalista-e-escritor.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> <b><i>Ribamar Fonseca</i></b>, jornalista e escritor