O julgamento de Lula e a ordem jurídica

08 de janeiro de 2018 às 17:39

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
De repente, o rotineiro ato jur&iacute;dico de um tribunal de segunda inst&acirc;ncia julgar um processo &eacute; pautado como acontecimento nacional e at&eacute; pass&iacute;vel causar instabilidade. O prefeito de Porto Alegre pediu ajuda federal para controlar a &ldquo;invas&atilde;o&rdquo; da cidade, dia 24 pr&oacute;ximo, no julgamento do ex-presidente Lula. O governo federal diz ser desnecess&aacute;rio, o r&eacute;u insiste em ser ouvido pelos desembargadores e seus seguidores aproveitam o clima para pregar a desobedi&ecirc;ncia civil. Embora enfraquecidos depois do impeachment de Dilma, os ditos movimentos sociais &ndash; que Lula j&aacute; chamou de &ldquo;ex&eacute;rcitos&rdquo; - amea&ccedil;am comparecer em massa, mas ningu&eacute;m &eacute; capaz de antever o que isso pode representar quantitativamente. Alguns exagerados garantem que, mesmo condenado em segunda inst&acirc;ncia, o ex-presidente &ldquo;ser&aacute; candidato&rdquo;.<br /> <br /> &Eacute; preciso muito ju&iacute;zo nesta hora. Politizar o julgamento certamente &eacute; estrat&eacute;gia do r&eacute;u. Mas n&atilde;o pode exagerar a ponto de promover o caos e nem enveredar para o descumprimento da legisla&ccedil;&atilde;o vigente. O que os ju&iacute;zes do TFR-4 vierem a decidir no processo &eacute; o que dever&aacute; ser cumprido. E os insatisfeitos poder&atilde;o recorrer ao STJ e talvez at&eacute; ao STF, tudo dentro do ordenamento jur&iacute;dico. Al&iacute; se decidir&aacute; exclusivamente se o tribunal referenda ou n&atilde;o a senten&ccedil;a do juiz S&eacute;rgio Moro, que condena o ex-presidente em rela&ccedil;&atilde;o ao apartamento triplex do Guaruj&aacute;.<br /> <br /> Embora o direito &agrave; livre manifesta&ccedil;&atilde;o seja constitucional, n&atilde;o h&aacute; raz&atilde;o para chamar a milit&acirc;ncia para a porta do tribunal e nem para insufl&aacute;-la a cometer exageros. Da mesma forma, n&atilde;o interessa a ningu&eacute;m promover &ldquo;na marra&rdquo; a candidatura de Lula ou de quem quer que seja. Se a senten&ccedil;a for confirmada, estar&aacute; configurada sua condi&ccedil;&atilde;o de ficha suja e a legisla&ccedil;&atilde;o impede candidatura de eleitores nesta condi&ccedil;&atilde;o. E assim dever&aacute; ser feito, a n&atilde;o se que se promova a quebra institucional.<br /> <br /> O momento &eacute; delicado. Temos o presidente da Rep&uacute;blica denunciado, ministros sob investiga&ccedil;&atilde;o, muitos parlamentares investigados, processados e alguns apeados do poder j&aacute; presos. A nomeada ministra do Trabalho enfrenta a rebeli&atilde;o contra sua posse e os diferentes partidos discutem candidaturas para as elei&ccedil;&otilde;es de outubro. Espera-se que todos os atores do nosso grande teatro pol&iacute;tico tenham bom senso para que as elei&ccedil;&otilde;es transcorram em ordem e dela surjam as bases da concilia&ccedil;&atilde;o nacional. Embora tenha a responsabilidade intr&iacute;nseca do voto, o eleitor n&atilde;o merece o trauma que a classe pol&iacute;tica o est&aacute; fazendo suportar...<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo). aspomilpm@terra.com.br