Sempre tem um herói

09 de janeiro de 2018 às 09:34

Coriolano Xavier
Sucesso em nosso meio rural e refer&ecirc;ncia de efici&ecirc;ncia no exterior, o Sistema Campo Limpo de log&iacute;stica reversa mudou o paradigma de responsabilidade com as embalagens de agroqu&iacute;micos, p&oacute;s-consumo, na agricultura brasileira.<br /> <br /> Hoje, essa iniciativa &eacute; uma reserva brasileira de conhecimento em recolhimento e descarte ambientalmente correto de embalagens, inclusive com potencial de contribui&ccedil;&atilde;o para outros programas que surjam no Brasil, sob o guarda-chuva da Pol&iacute;tica Nacional de Res&iacute;duos S&oacute;lidos (de 2010), que imp&otilde;e &agrave;s cadeias produtivas da economia a responsabilidade de dar destina&ccedil;&atilde;o adequada aos res&iacute;duos s&oacute;lidos produzidos.<br /> &nbsp;<br /> Desde 2002, quando come&ccedil;ou a funcionar, o Sistema Campo Limpo j&aacute; evitou o descarte indevido de mais de 360 mil toneladas de embalagens e, hoje, encaminha para reciclagem ou incinera&ccedil;&atilde;o 94% das embalagens devolvidas pelos agricultores. Enquanto isso, pa&iacute;ses como Fran&ccedil;a, Canad&aacute;, Espanha e Alemanha est&atilde;o com recolhimento na casa dos 70%-80%, Jap&atilde;o com 50% e os Estados Unidos bem mais atr&aacute;s, na faixa de 35%.<br /> <br /> Sob uma perspectiva hist&oacute;rica, &eacute; poss&iacute;vel creditar o sucesso desse programa, em primeiro lugar, &agrave; legisla&ccedil;&atilde;o que instaurou a determina&ccedil;&atilde;o de se devolver e recolher as embalagens dos defensivos agr&iacute;colas adquiridos pelos produtores rurais (Lei 9.974/2000). A subsequente conscientiza&ccedil;&atilde;o dos produtores tamb&eacute;m foi decisiva, assim como a lideran&ccedil;a da ind&uacute;stria em todo o processo e o suporte essencial dos canais de comercializa&ccedil;&atilde;o de insumos, no campo.<br /> <br /> O Sistema Campo Limpo re&uacute;ne cerca de uma centena de empresas fabricantes de defensivos, cinco mil distribuidores e cooperativas em todo o Brasil, 12 recicladores e tr&ecirc;s incineradores. Estrutura que &eacute; alimentada por uma malha de mais de 400 unidades de recebimento de embalagens, distribu&iacute;das em 25 Estados e no Distrito Federal. Esta rede retira do campo embalagens usadas em aproximadamente 55 milh&otilde;es de hectares cultivados.<br /> <br /> A gest&atilde;o operacional desse complexo aparato de log&iacute;stica reversa est&aacute; a cargo do InpEV &ndash; Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias, representante das ind&uacute;strias de&nbsp; agroqu&iacute;micos.&nbsp; Uma opera&ccedil;&atilde;o cuja for&ccedil;a est&aacute; no fato de integrar efetivamente os elos da cadeia comercial de defensivos agr&iacute;colas, da f&aacute;brica ao produtor rural &ndash; e tamb&eacute;m o poder p&uacute;blico, que fiscaliza o sistema de destina&ccedil;&atilde;o, emite licen&ccedil;as para as unidades de recebimento e apoia os esfor&ccedil;os de conscientiza&ccedil;&atilde;o do agricultor.<br /> <br /> Costuma-se dizer que em cadeias produtivas n&atilde;o existem her&oacute;is. No caso do Sistema Campo Limpo isso &eacute; concreto, pois os segmentos da cadeia de produ&ccedil;&atilde;o agr&iacute;cola, no antes e no dentro da porteira, mergulharam no desafio de fazer a log&iacute;stica reversa dos defensivos em um pa&iacute;s continental e dar um passo &agrave; frente para a sustentabilidade no campo. E deu certo, muito certo. Mas nesta hist&oacute;ria, na verdade, tem sim um her&oacute;i: o agroneg&oacute;cio. <br /> <br /> Por <b><i>Coriolano Xavier</i></b>, Vice-Presidente de Comunica&ccedil;&atilde;o do Conselho Cient&iacute;fico Agro Sustent&aacute;vel (CCAS), Professor do N&uacute;cleo de Estudos do Agroneg&oacute;cio da ESPM. <br />