As estatais e o Estado à espera de reforma

18 de janeiro de 2018 às 16:48

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O presidente Michel Temer afastou quatro dos 12 vice-presidentes da Caixa Econ&ocirc;mica Federal, investigados por irregularidades apuradas pela Opera&ccedil;&atilde;o Greenfield, do Minist&eacute;rio P&uacute;blico Federal. O Conselho da institui&ccedil;&atilde;o se prepara para assumir a tarefa de nomear e demitir esses dirigentes, ficando ao governo apenas a prerrogativa de designar o presidente do banco. Os atuais vice-presidentes s&atilde;o frutos de nomea&ccedil;&otilde;es pol&iacute;ticas que j&aacute; desembarcaram em esc&acirc;ndalos. O ex-ministro Geddel Vieira Lima &ndash; que foi descoberto com a mala dos R$ 51 milh&otilde;es e hoje est&aacute; preso &ndash; foi vice-presidente da Caixa e ali deixou problemas.<br /> <br /> Al&eacute;m de Geddel e dos quatro afastados agora da Caixa, temos apurados na institui&ccedil;&atilde;o os esquemas dos ex-deputados Hrnqieu Eduardo Alves e Eduardo Cunha e, em destaque, a problem&aacute;tica do ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Ademir Bendine, hoje preso na Lava Jato, acusado de exigir propinas, embora o negue. Isso demonstra a inconveni&ecirc;ncia do governo atuar como empres&aacute;rio da &aacute;rea econ&ocirc;mica. Movimentando bancos e empresas com&nbsp; grande numer&aacute;rio, o quadro estatal torna-se presa f&aacute;cil dos pol&iacute;ticos que ali nomeiam seus apadrinhados ou a si pr&oacute;prios e, muitos, n&atilde;o resistem &agrave; tenta&ccedil;&atilde;o da corrup&ccedil;&atilde;o. Isso sem falar que a administra&ccedil;&atilde;o estatal costuma ser perdul&aacute;ria e ineficiente, gerando preju&iacute;zos ao Tesouro.<br /> <br /> O estado empres&aacute;rio s&oacute; teve raz&atilde;o de existir na fase de implanta&ccedil;&atilde;o da infraestrutura (sider&uacute;rgicas, hidrel&eacute;tricas, comunica&ccedil;&otilde;es, estradas, etc), quando n&atilde;o haviam investidores da iniciativa privada com condi&ccedil;&otilde;es t&eacute;cnicas ou financeiras para implantar e operar as obras que sustentavam o desenvolvimento. Mas esse tempo j&aacute; passou e muito daqueles servi&ccedil;os j&aacute; est&atilde;o privatizados, com bons resultados operacionais. O ideal seria privatizar tudo e refor&ccedil;ar a atividade normativa e fiscalizadora do governo. O &uacute;nico banco que o governo deve possuir &eacute; o Banco Central, para controlar o mercado financeiro. Os minist&eacute;rios deveriam ser &oacute;rg&atilde;os licenceadores e fiscalizadores em vez de ter em seu bojo empresas que na maioria das vezes d&atilde;o preju&iacute;zos e ainda ensejam a corrup&ccedil;&atilde;o. E os pol&iacute;tico, por sua vez, deveriam ter como meio de vida apenas os seus subs&iacute;dios; n&atilde;o o loteamento das empresas e &oacute;rg&atilde;os do governo.<br /> <br /> N&atilde;o f&ocirc;ssemos o para&iacute;so das estatais, jamais teriam ocorrido o Mensal&atilde;o e os atos de corrup&ccedil;&atilde;o em apura&ccedil;&atilde;o pela Lava Jato e opera&ccedil;&otilde;es similares. Com certeza, tamb&eacute;m n&atilde;o haveria uma classe pol&iacute;tica com a imagem t&atilde;o emporcalhada como atualmente. Mais do que as reformas da previd&ecirc;ncia, tribut&aacute;ria e eleitoral, precisamos da reforma geral do Estado. At&eacute; porque temos na iniciativa privada todos os elementos para fazer a economia funcionar de forma competente e produtiva, sem a verminose do empreguismo que inviabiliza as estatais. O ideal &eacute; que aos governos sejam reservadas e fortalecidas as atividades oficiais e normativas. Ao Legislativo a discuss&atilde;o e vota&ccedil;&atilde;o das leis e fiscaliza&ccedil;&atilde;o independente dos atos Executivo, e ao Judici&aacute;rio a tarefa resolver as contendas.<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br<br />