A solução da pobreza

18 de janeiro de 2018 às 16:51

José Pio Martins
Este ano teremos elei&ccedil;&otilde;es para presidente e governadores. Todos, sem nenhuma exce&ccedil;&atilde;o, far&atilde;o duas promessas: reduzir a pobreza e reduzir o desemprego. Esses s&atilde;o os dois maiores flagelos sociais brasileiros. Ainda que todos digam as mesmas coisas e fa&ccedil;am as mesmas promessas, n&atilde;o importam seus partidos e sua ideologia, as diverg&ecirc;ncias est&atilde;o no caminho escolhido para atingir os objetivos.<br /> <br /> Os socialistas ir&atilde;o propor mais Estado, mais impostos, maior interfer&ecirc;ncia na vida das pessoas e prometer&atilde;o tomar o que puderem do patrim&ocirc;nio dos outros, especialmente dos ricos. Falar&atilde;o em aumentar impostos sobre lucros e dividendos, tributar as grandes fortunas e aumentar o imposto sobre heran&ccedil;as. E dar&atilde;o como justificativa que assim agir&atilde;o para oferecer mais servi&ccedil;os p&uacute;blicos aos pobres. Ali&aacute;s, &eacute; isso que prop&otilde;e o badalado economista franc&ecirc;s de esquerda Thomas Piketty, em seu livro O Capital no S&eacute;culo XXI.<br /> <br /> Em nome de combater as desigualdades, Piketty sugere aumentar impostos. A fal&aacute;cia desse racioc&iacute;nio &eacute; simples: &eacute; grande ilus&atilde;o acreditar que aumento de impostos vai beneficiar os pobres. A pr&aacute;tica mostra que aumentar a tributa&ccedil;&atilde;o n&atilde;o resolve a pobreza, e a maior parte do dinheiro vai para o bolso dos pol&iacute;ticos, dos funcion&aacute;rios p&uacute;blicos e para a burocracia inchada e ineficiente. Quem diz isso &eacute; o Ipea, &oacute;rg&atilde;o do governo federal, em estudo feito no fim do governo Lula, cujo presidente era um petista.<br /> <br /> Os sociais-democratas ir&atilde;o propor amplia&ccedil;&atilde;o dos programas de transfer&ecirc;ncia de renda para os pobres (como o Bolsa Fam&iacute;lia e outros do tipo), pois eles querem se parecer com o discurso da esquerda. O tra&ccedil;o comum entre todos ser&aacute; xingar os banqueiros e defender interven&ccedil;&atilde;o no mercado via protecionismo e xenofobia. Talvez apare&ccedil;a candidato propondo o controle de pre&ccedil;os de bens e servi&ccedil;os. N&atilde;o haver&aacute; disputa de objetivos. Haver&aacute; disputa de caminhos, at&eacute; porque, qualquer pessoa minimamente s&atilde; &eacute; favor&aacute;vel a reduzir a pobreza e diminuir o desemprego.<br /> <br /> A prop&oacute;sito, vale lembrar dois prov&eacute;rbios. O primeiro vem da filosofia chinesa. &ldquo;D&ecirc; um peixe a um homem e o alimentar&aacute; por um dia. Ensine-o a pescar e o alimentar&aacute; por toda a vida&rdquo;. Esse &eacute; o problema do Bolsa Fam&iacute;lia. &Eacute; um programa sem porta de sa&iacute;da. H&aacute; d&eacute;cadas se sabe que qualquer pol&iacute;tica de ajuda aos pobres que n&atilde;o inclua a educa&ccedil;&atilde;o obrigat&oacute;ria e qualifica&ccedil;&atilde;o profissional est&aacute; fadada ao fracasso e eterniza o pobre na pobreza.<br /> <br /> O segundo &eacute; a resposta de Roberto Campos a uma pergunta no programa Roda Viva da TV Cultura. Acusado de n&atilde;o se preocupar com os pobres, ele respondeu que passou a vida dedicado a erradicar as duas maiores causas da pobreza: a infla&ccedil;&atilde;o e a baixa educa&ccedil;&atilde;o. E afirmou que a diferen&ccedil;a entre os socialistas e os liberais &eacute; que os primeiros querem resolver a pobreza dando comida e vales aos pobres (dar o peixe), enquanto ele, liberal, queria exterminar a infla&ccedil;&atilde;o e elevar a educa&ccedil;&atilde;o (ensinar a pescar). A curto prazo, os programas de combate &agrave; fome s&atilde;o necess&aacute;rios, mas n&atilde;o s&atilde;o receita para p&ocirc;r fim &agrave; pobreza.<br /> <br /> Outra diferen&ccedil;a &eacute; que os socialistas pregam mais controles, enquanto os liberais querem mais liberdade e mais mercado. Um bom exemplo &eacute; Singapura que, de pa&iacute;s pobre e sem perspectiva, passou &agrave; riqueza, com renda por habitante de US$ 81 mil/ano, contra US$ 10 mil/ano no Brasil. E qual foi a solu&ccedil;&atilde;o? Mercado! Mercado e liberdade econ&ocirc;mica. &ldquo;O respeito ao produtor de riqueza &eacute; o come&ccedil;o da solu&ccedil;&atilde;o da pobreza&rdquo; era uma frase repetida por Roberto Campos, para quem o mundo n&atilde;o ser&aacute; salvo pelos caridosos, mas pelos eficientes. Mesmo porque, se os eficientes n&atilde;o produzirem, os caridosos n&atilde;o ter&atilde;o o que distribuir.<br /> <b><i>&nbsp;<br /> </i></b><b><i><img src="/uploads/image/artigos_jose-pio-martins_ economista-reitor-up_.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Jos&eacute; Pio Martins</i></b>, economista, reitor da Universidade Positivo<br />