O fim das estatais

24 de janeiro de 2018 às 09:45

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O advogado Ariel Ren&eacute; Dotti, contratado pela Petrobras como assistente de acusa&ccedil;&atilde;o no julgamento do ex-presidente Lula, em Porto Alegre, defender&aacute; o fim da nomea&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica dos diretores de empresas estatais, entre elas a petrol&iacute;fera vitimada pelos esquemas criminosos apurados na Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato. Dir&aacute; que as nomea&ccedil;&otilde;es ocorridas&nbsp; atrav&eacute;s do loteamento e em barganha a votos no Congresso Nacional constituem uma porta aberta aos cabides de emprego para a presta&ccedil;&atilde;o de servi&ccedil;os estranhos &agrave;s empresas e at&eacute; para o cometimento de il&iacute;citos e, por isso, t&ecirc;m de acabar.<br /> <br /> A prega&ccedil;&atilde;o traz no seu bojo o absoluto interesse p&uacute;blico e a necessidade de reforma do Estado Brasileiro. Mas n&atilde;o deve ficar apenas na proibi&ccedil;&atilde;o de nomear pol&iacute;ticos ou seus indicados aos cargos nas estatais. O ideal seria acabar com as estatais, transferindo-as a pre&ccedil;o de mercado para a iniciativa privada, que costuma ser mais competente na administra&ccedil;&atilde;o e, principalmente, n&atilde;o &eacute; leniente &agrave;s inger&ecirc;ncias pol&iacute;ticas e, quando d&atilde;o preju&iacute;zo, pode ir &agrave; fal&ecirc;ncia. J&aacute; as estatais, mesmo deficit&aacute;rias, continuam operando e t&ecirc;m seus rombos cobertos pelo Tesouro Nacional e convertidos em d&iacute;vida p&uacute;blica. <br /> <br /> No p&oacute;s-guerra &ndash; anos 40/50 do s&eacute;culo passado &ndash; quando se desenhava uma nova ordem econ&ocirc;mica mundial, era v&aacute;lido os pa&iacute;ses em desenvolvimento, como o Brasil, criarem empresas p&uacute;blicas para cuidar da infraestrutura. Assim foi com a siderurgia, a gera&ccedil;&atilde;o de eletricidade, a explora&ccedil;&atilde;o do petr&oacute;leo, as comunica&ccedil;&otilde;es e as rodovias. Mas, depois de implantadas e desenvolvidas, tais empresas e seus servi&ccedil;os devem ser privatizados e o governo ficar apenas com as atividades de normatiza&ccedil;&atilde;o, licenciamento e fiscaliza&ccedil;&atilde;o. As privatiza&ccedil;&otilde;es j&aacute; acontecidas na telefonia, rodovias, empresas el&eacute;tricas e outras s&atilde;o provas de que a f&oacute;rmula funciona e enseja ao governo exercer competentemente a regula&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Temos nas ferrovias o p&eacute;ssimo exemplo da inconveni&ecirc;ncia da estatiza&ccedil;&atilde;o. Enquanto foram privadas, funcionaram bem. Estatizadas nos anos 40, 50 e 60, foram mal geridas e levadas &agrave; insolv&ecirc;ncia em que hoje se encontram. Nem a reprivatiza&ccedil;&atilde;o foi capaz de compensar os males praticados na &eacute;poca estatal. A Petrobras, v&iacute;tima das falcatruas descobertas na Lava Jato, apesar de seu gigantismo, passa por maus momentos decorrentes da roubalheira a que foi exposta. Al&eacute;m dela, outras estatais n&atilde;o aproveitam todo o potencial para que foram licenciadas ou, por m&aacute; administra&ccedil;&atilde;o, s&atilde;o po&ccedil;os de preju&iacute;zos.<br /> <br /> Precisamos acabar com todos os cabides de empregos que acomodam os milhares de cabos eleitorais, parentes e amantes de pol&iacute;ticos e lideran&ccedil;as. Esse perdul&aacute;rio mercado &eacute; pesado ao pa&iacute;s, que s&oacute; se desenvolver&aacute; verdadeiramente quando tiver eliminado todas as formas de favorecimento e de renda sem trabalho.&nbsp;&nbsp; <br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" align="left" width="60" hspace="3" height="81" alt="" /><br /> <br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />