Eleições: economia em alerta

24 de janeiro de 2018 às 10:07

Carlos Sviontek
O ano de 2017 foi de estabiliza&ccedil;&atilde;o da economia, com o controle da infla&ccedil;&atilde;o e a redu&ccedil;&atilde;o significativa de juros. As equipes lideradas por Henrique Meirelles (Ministro da Fazenda) e Ilan Goldfajn (Presidente do Banco Central) iniciaram a recupera&ccedil;&atilde;o do mercado de cr&eacute;dito e o aumento dos sal&aacute;rios reais, favorecendo o aumento de investimentos e cr&eacute;dito coorporativo. Mesmo com as not&iacute;cias positivas no segundo semestre de 2017, as previs&otilde;es para o ano de 2018 ainda s&atilde;o nebulosas. <br /> &nbsp;<br /> Embora tudo indique que o crescimento do PIB brasileiro em 2018 seja de 2,5 a 3%, as elei&ccedil;&otilde;es presidenciais, que ocorrer&atilde;o em outubro (1&ordm; turno), nublam o cen&aacute;rio de m&eacute;dio e longo prazo. Em rela&ccedil;&atilde;o ao pleito, o mercado tem como maior receio a elei&ccedil;&atilde;o de um candidato de esquerda (Lula, ou como segunda op&ccedil;&atilde;o Ciro Gomes), que provavelmente implicaria em um retrocesso em todas as mudan&ccedil;as estruturais realizadas pelo atual governo (Teto de gastos, TLP e Reforma Trabalhista) e em um agravamento do cen&aacute;rio econ&ocirc;mico. No outro extremo da disputa, encontra-se o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que embora tenha tentado emplacar um discurso supostamente &lsquo;liberal&rsquo; em alguns eventos, deu v&aacute;rias demonstra&ccedil;&otilde;es de ser contr&aacute;rio as reformas e defende com frequ&ecirc;ncia a interven&ccedil;&atilde;o estatal na economia, tamb&eacute;m visto com maus olhos pelo mercado.&nbsp; <br /> &nbsp;<br /> Seguindo os dados do mercado, o cen&aacute;rio deve permanecer est&aacute;vel em rela&ccedil;&atilde;o a juros (7% a.a.) e a infla&ccedil;&atilde;o (4% a.a.), por&eacute;m deve encontrar grande volatilidade cambial durante todo o ano. O boletim Focus (Cerca de cem institui&ccedil;&otilde;es financeiras ouvidas pela Banco Central) prev&ecirc; que o d&oacute;lar americano deva finalizar o ano de 2018 cotado em R$ 3,30, por&eacute;m a oscila&ccedil;&atilde;o deve quebrar a barreira dos R$ 4 (cen&aacute;rio eleitoral negativo) ou dos R$ 3 (cen&aacute;rio eleitoral positivo). Pensando nisso, as empresas devem tomar muito cuidado na hora de captar recursos, principalmente no que se refere ao &iacute;ndice em que o empr&eacute;stimo ser&aacute; indexado. S&oacute; assim ser&aacute; poss&iacute;vel evitar surpresas no m&eacute;dio prazo com poss&iacute;veis altera&ccedil;&otilde;es do pr&oacute;ximo governo. Logo o planejamento de uma d&iacute;vida estruturada &eacute; a op&ccedil;&atilde;o mais segura para fugir dos produtos de prateleira de bancos comerciais.<br /> &nbsp;<br /> Al&eacute;m das elei&ccedil;&otilde;es, outros dois fatores complicadores podem desestabilizar o quadro: a realiza&ccedil;&atilde;o das reformas estruturais propostas pelo governo Temer e o risco associado &agrave; classifica&ccedil;&atilde;o do Brasil pelas ag&ecirc;ncias de rating. A n&atilde;o aprova&ccedil;&atilde;o da reforma da previd&ecirc;ncia, a principal em discuss&atilde;o, poderia representar a gota d&rsquo;&aacute;gua para o rebaixamento perante as ag&ecirc;ncias, que por consequ&ecirc;ncia, diminuiria a quantidade de investimentos estrangeiros no pa&iacute;s e tamb&eacute;m poderia impossibilitar o governo de emitir t&iacute;tulos no exterior, perdendo uma importante fonte de financiamento. <br /> &nbsp;<br /> Ou seja, esse cen&aacute;rio desafiador vai exigir muita maturidade e paci&ecirc;ncia de todos os empreendedores brasileiros, principalmente no segundo semestre do ano. Antes de tomar decis&otilde;es importantes, ser&aacute; fundamental analisar os mais variados cen&aacute;rios para que a poss&iacute;vel instabilidade do mercado n&atilde;o acabe gerando grandes perdas.<br /> <br /> <b><i><img src="/uploads/image/artigos_carlos-sviontek_diretor-da-legacy-partners.jpg" align="left" width="60" hspace="3" height="80" alt="" /><br /> <br /> <br /> Carlos Sviontek</i></b>, diretor da Legacy Partners (www.legacypartners.com.br), &eacute; formado em Administra&ccedil;&atilde;o pela universidade Federal do Paran&aacute;.<br />