As reformas e a dignidade dos parlamentares

14 de fevereiro de 2018 às 16:51

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Vivemos o Carnaval com a grande d&uacute;vida sobre a aprova&ccedil;&atilde;o ou n&atilde;o da reforma da Previd&ecirc;ncia Social, cuja vota&ccedil;&atilde;o era prevista para o dia 19 e agora &eacute; esperada para ocorrer no dia 28. Os contr&aacute;rios dizem que o governo n&atilde;o conseguir&aacute; reunir 308 deputados favor&aacute;veis que necessita e o governo, embora o presidente tenha dito que j&aacute; fez tudo o que podia, ainda se diz confiante. Mas al&eacute;m de reformar o sistema de aposentadorias e pens&otilde;es, o pa&iacute;s carece de muitos ajustes. Vide a quest&atilde;o do aux&iacute;lio-aluguel superior a R$ 4 mil aplicado compulsoriamente aos magistrados e distribu&iacute;do tamb&eacute;m a procuradores e outros altos servidores dos tr&ecirc;s poderes. Nesse particular, h&aacute; a esperan&ccedil;a de que o Supremo Tribunal Federal discipline a concess&atilde;o e corrija as distor&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> A Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato e suas paralelas acabaram com boa parte da corrup&ccedil;&atilde;o no formato de saque ao cofre estatal mediante licita&ccedil;&otilde;es fraudulentas e propinas pagas aos pol&iacute;ticos. Dificilmente, a partir de agora, empres&aacute;rios oferecer&atilde;o ou pol&iacute;ticos pedir&atilde;o propina. Por&eacute;m, fechada essa v&aacute;lvula, os corruptos logo encontraram outra para continuar metendo a m&atilde;o nos cofres p&uacute;blicos. Agora, como se fosse um direito adquirido, exigem dinheiro e vantagens (cargos, emendas, etc) para votar as reformas, que nem chegam a ser interesse do governo, mas do pa&iacute;s. Prevalece o achaque nos votos congressuais. Causa n&aacute;usea a movimenta&ccedil;&atilde;o do governo e seus &aacute;ulicos para o convencimento dos parlamentares a votarem os projetos apresentados pelo Executivo &agrave; C&acirc;mara dos Deputados e ao Senado Federal. Sente-se que o mesmo esquema de barganha escancarado quando a C&acirc;mara votou (e rejeitou) as duas den&uacute;ncias de Rodrigo Janot contra o presidente da Rep&uacute;blica, que movimento milh&otilde;es de reais em diversos formatos, tamb&eacute;m &eacute; acionado na reforma da Previd&ecirc;ncia e em tudo o que de mais importante tem de ser decidido pelo Congresso Nacional. Isso &eacute; uma indignidade.<br /> <br /> Os parlamentares s&atilde;o eleitos para legislar e fiscalizar os atos do Executivo. Na medida em que recebem benesses para votar com o governo, est&atilde;o traindo o eleitor e perdendo a liberdade de exercer a atividade fiscalizadora, g&ecirc;nese da vida parlamentar. O Minist&eacute;rio P&uacute;blico, o Judici&aacute;rio e a sociedade precisam, de alguma forma, reagir e impedir que esse nefasto mercado continue funcionando. O senador ou deputado j&aacute; &eacute; devidamente remunerado para exercer a sua atividade. Qualquer import&acirc;ncia ou benesse que receba para executar a sua tarefa de of&iacute;cio &eacute; indevida. Pode ser at&eacute; criminosa. Tem de cessar imediatamente.<br /> <br /> Precisamos recuperar a boa imagem e a dignidade da classe pol&iacute;tica. Os atuais envolvidos em esc&acirc;ndalos financeiros e pol&iacute;ticos t&ecirc;m de ser devidamente julgados. Conforme a senten&ccedil;a e sua gravidade, alguns poder&atilde;o sobreviver. Mas os envolvidos em altas falcatruas t&ecirc;m de ser exemplarmente varridos do meio e dar lugar a indiv&iacute;duos que se disponham a fazer o certo e pensem mais na p&aacute;tria do que no pr&oacute;prio bolso.<br /> <br /> Quanto &agrave; reforma da Previd&ecirc;ncia, espera-se que cada parlamentar vote &ndash; a favor ou contra &ndash; conforme sua convic&ccedil;&atilde;o e, com o dever cumprido, possa se reencontrar com o eleitorado sem constrangimento. Seu voto &eacute; mais importante do que qualquer import&acirc;ncia ou vantagem que venha a receber para mud&aacute;-lo. Nele est&atilde;o contidas sua dignidade, carreira e honorabilidade e, de certa forma, at&eacute; a vida do seu eleitor. N&atilde;o devemos esquecer que o eleitor &eacute; o leg&iacute;timo patr&atilde;o do eleito...<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" align="left" width="60" hspace="3" height="81" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />