A intervenção no Rio e o Ministério da Segurança

19 de fevereiro de 2018 às 15:38

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A interven&ccedil;&atilde;o federal na seguran&ccedil;a p&uacute;blica do Rio de Janeiro parece medida tardia, se analisada a partir do estado de guerra vivido pelos cariocas j&aacute; h&aacute; um bom tempo. E a cria&ccedil;&atilde;o do Minist&eacute;rio da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica pode ser a medida adicional para a retomada do controle naquela e nas outras unidades da federa&ccedil;&atilde;o problem&aacute;ticas. O quadro de hoje nada mais &eacute; do que o resultado de anos de pol&iacute;tica equivocada de governos demag&oacute;gicos que deixaram de cumprir suas obriga&ccedil;&otilde;es para com os diferentes segmentos da sociedade e, de quebra, criaram dificuldades para o funcionamento da institui&ccedil;&atilde;o policial e, muitas vezes, a expuseram &agrave; execra&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica em lugar de prestigi&aacute;-la como o seu bra&ccedil;o armado e &uacute;ltimo recurso para a manuten&ccedil;&atilde;o da ordem.<br /> <br /> A pol&iacute;tica de impedir a pol&iacute;cia de patrulhar os morros e outras &aacute;reas perif&eacute;ricas e quedar-se ao exacerbado criticismo dos maliciosos defensores dos direitos humanos, somada &agrave; falta de presta&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os b&aacute;sicos de que a popula&ccedil;&atilde;o &eacute; credora, ensejou o dom&iacute;nio de vastas &aacute;reas pelo crime organizado. Contraventores, fac&ccedil;&otilde;es criminosas e mil&iacute;cias fizeram-se autoridades tanto na periferia quanto no sistema penitenci&aacute;rio e hoje confrontam o poder estatal. Ao usar o rem&eacute;dio da interven&ccedil;&atilde;o, o presidente Temer e seus auxiliares devem estar conscientes de que a solu&ccedil;&atilde;o n&atilde;o depende exclusivamente da atividade repressiva. &Eacute; preciso que o Estado cumpra com suas obriga&ccedil;&otilde;es para com a popula&ccedil;&atilde;o e, uma vez, feito isso, remova aqueles que ilegitimamente fazem o papel de Estado. <br /> <br /> Para evitar que as futuras gera&ccedil;&otilde;es caiam no crime, &eacute; preciso garantir educa&ccedil;&atilde;o, emprego e outros direitos hoje negligenciados. E, aos que j&aacute; s&atilde;o criminosos, a repress&atilde;o &eacute; o &uacute;nico caminho. Todos os que forem surpreendidos no tr&aacute;fico ou posse de drogas ou armas pesadas ou cometerem latroc&iacute;nio, t&ecirc;m de ser enquadrados no crime hediondo, com pena de 30 anos, impossibilidade de relaxar flagrante e s&oacute; poder de requerer benef&iacute;cios penais ap&oacute;s 20 anos de cumprimento (dois ter&ccedil;os). Aos l&iacute;deres e participantes de rebeli&otilde;es em estabelecimentos penais, a solit&aacute;ria por per&iacute;odos prolongados. Dessa forma, cortar-se-&atilde;o os elos das cadeias criminosas.<br /> <br /> Independente de quem seja o governante e de sua orienta&ccedil;&atilde;o politico-ideol&oacute;gica, a seguran&ccedil;a p&uacute;blica &eacute; dotada de regras p&eacute;treas, imut&aacute;veis. Toda vez que o governante abre m&atilde;o da autoridade estatal, estar&aacute; rumando para o caos. A sociedade &eacute; formada por um conjunto de normas criadas pelo homem para poder viver em seguran&ccedil;a. As tarefas de governo t&ecirc;m de ser rigorosamente cumpridas. Entre elas est&aacute; a obriga&ccedil;&atilde;o de prover a seguran&ccedil;a p&uacute;blica e encaminhar &agrave; puni&ccedil;&atilde;o todos os que transgredirem as leis, independente de quem sejam e de seu grau de influ&ecirc;ncia na sociedade. N&atilde;o pode, por conveni&ecirc;ncia pol&iacute;tica ou ideol&oacute;gica, por desinteresse ou at&eacute; por medo, deixar o crime impune pois, quando isso ocorre, ele se alastra e fica incontrol&aacute;vel, como no Rio de Janeiro de hoje. N&atilde;o basta apenas aumentar a repress&atilde;o. A Uni&atilde;o, o Estado e at&eacute; o munic&iacute;pio precisam cumprir com suas obriga&ccedil;&otilde;es para com a popula&ccedil;&atilde;o para que o povo n&atilde;o seja levado a, como &uacute;ltimo recurso, aceitar a ajudar das organiza&ccedil;&otilde;es criminosas e delas se tornar escravo...<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br<br />