“Amizade é a minha Religião”
19 de fevereiro de 2018 às 15:42
José de Paiva Netto
O sentimento de amizade verdadeira, firmada na labuta diária, é fator significativo no fortalecimento das relações, para a superação dos dissabores, não somente no âmbito familiar, também no coletivo.<br />
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No Apocalipse de Jesus, 1:9, João Evangelista revela — por causa da palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo — a sua condição de “companheiro na tribulação, no reino e na perseverança”.<br />
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Há quem, ao interpretar o Livro das Profecias Finais, restrinja a sua mensagem à época do cruel Domiciano (51-96) e de outros inconsequentes que dirigiam o Império Romano. Contudo, o Apocalipse do Cristo Ecumênico, o Estadista Celeste, é uma obra para as gerações. Nas várias oportunidades em que reencarnamos na Terra, o Divino Mestre é companheiro nosso, ajudando-nos a vencer as piores provações, até que mereçamos não mais por aqui penar.<br />
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O mal na vida é restrito, ainda que muitos pensem o contrário, porque não se atrevem a ver além do horizonte material: existe algo mais do que eles teimam em não investigar, pois foge aos parâmetros na atualidade admitidos pela ciência convencional. Serão, porém, amanhã os mesmos? É evidente que o dogmatismo científico é o pior de todos. Todavia, a amizade, a fraternidade, a concórdia não sofrem restrição alguma da parte de Deus. Portanto, esse espírito solidário, que o Apocalipse projetou sobre as eras, não pode ficar jugulado a uma jornada física. (...). O último livro da Bíblia não é o reino do pavor. Ele nos fala de companheirismo diante das tribulações causadas pelos nossos equívocos planetários. Eis a Mão Divina semeando excelente virtude, onde o ser humano prefere perder-se. Trata-se de uma norma do governo de Jesus.<br />
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A amizade é por demais importante para a sobrevivência dos povos. O notável poeta Alziro Zarur (1914-1979) retrata esse fato no seu magnífico<br />
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<b>Poema da Amizade</b><br />
<div style="margin-left: 40px;"><br />
<i>“Eu tenho, neste espírito de velho<br />
“Que não compreende a vida em solidão,<br />
“Meu particularíssimo Evangelho:<br />
“Amizade é a minha religião.<br />
“Nem só de feras se compõe o mundo,<br />
“Como proclamam todos os egoístas:<br />
“Basta verificar o amor profundo<br />
“Que transborda nas almas dos altruístas.<br />
“Que amizade se mostra é no perigo,<br />
“No luto, na ruína e no sofrer:<br />
“Porque, afinal, é fácil ser amigo<br />
“Nas horas deliciosas de prazer.<br />
“Estas não são teorias de um abstêmio,<br />
“Mas de homem que enxergou, em plena vida,<br />
“A falência do espírito boêmio<br />
“Que se compraz na vocação suicida.<br />
“Não sei se fui bem claro: o que ajuízo<br />
“É que, em geral, artistas orgulhosos –<br />
“Prosadores ou poetas geniosos –<br />
“Fazem da sociedade um falso juízo.<br />
“Na torre de marfim dos seus complexos,<br />
“Que eles supõem de superioridade,<br />
“Isolam-se de toda a Humanidade,<br />
“Evitam dos humildes os amplexos.<br />
“Quem pode ser amado sem amar?<br />
“O que esses super-homens não entendem<br />
“É que, com tanto egoísmo, eles pretendem<br />
“A toda a massa humana desprezar.<br />
“Não, talentosos luminares e astros<br />
“Da vaidade infinita, que me aterra!<br />
“Os homens podem, mesmo assim de rastros,<br />
“Tentar trazer o paraíso à terra.<br />
“Mas é preciso que haja em todos nós<br />
“Um pouco de renúncia e de modéstia,<br />
“Uma nesga, uma fímbria ou fraca réstia<br />
“De solidariedade em nossa voz.<br />
“É urgente que, da torre de marfim<br />
“Em que vivem os gênios, ora desçam<br />
“À planície e, depois, se compadeçam<br />
“Dos pobres ‘imbecis de triste fim’.<br />
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“Cultivemos, senhores, a amizade<br />
“Em suas santas manifestações,<br />
“Sentindo as agonias e aflições<br />
“Das camadas servis da sociedade!<br />
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“Por isso eu tenho − espírito de velho<br />
“Que não compreende a vida em solidão –<br />
“Meu particularíssimo Evangelho:<br />
“Amizade é a minha religião”.</i><br />
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Sem Criador e criatura, não pode haver paraíso na Terra. É essencial, senhores, que estabeleçamos uma boa cumplicidade com Deus − segundo Aristóteles (384-322 a.C.), o motor silencioso do Universo −, de maneira que possa baixar a este mundo a nova Jerusalém (Apocalipse, 21:24, 25 e 26), quando:<br />
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<div style="margin-left: 40px;"><i>“24 As nações andarão mediante a sua luz, e os reis da Terra lhe trarão a sua glória e a sua honra.<br />
“25 As suas portas nunca jamais se fecharão de dia, porque noite ali não haverá.<br />
“26 E lhe trarão a glória e a honra das nações”.</i><br />
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<b>Acreditando no Amor</b><br />
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Certa ocasião, a atriz Luciana Vendramini, ao ser entrevistada pela revista Veja acerca do que a motivou a produzir e estrelar uma versão brasileira do musical “Legalmente Loira”, sucesso na Broadway, revelou o que a atraiu no roteiro. Diz ela: “A peça fala sobre a amizade verdadeira. Hoje, ninguém mais dá valor a isso. Ninguém mais acredita no Amor”.<br />
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Gostei desse enfoque de Luciana, pois os tempos atuais requerem grande relevância no reascender dos bons sentimentos, próprios da existência humana que queira sobreviver humanamente.<br />
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<img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_paiva-neto_lbv.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br />
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<b><i>José de Paiva Netto</i></b>, jornalista, radialista e escritor.<br />
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com <br />