Para a intervenção na segurança funcionar

24 de fevereiro de 2018 às 11:17

Tenente Dirceu Cardoso Gon&
Na esteira da decreta&ccedil;&atilde;o de interven&ccedil;&atilde;o na seguran&ccedil;a p&uacute;blica do Rio de Janeiro, vemos o embate de como executar o trabalho. Membros do governo dizem que as For&ccedil;as Armadas n&atilde;o ter&atilde;o poder de pol&iacute;cia, falam em a&ccedil;&atilde;o de busca e apreens&atilde;o monitorada pelo Judici&aacute;rio e Minist&eacute;rio P&uacute;blico e, mesmo assim, ecoam pelo pa&iacute;s opini&otilde;es desencontradas sobre a interven&ccedil;&atilde;o, que chega a ser classificada como impr&oacute;pria ou ilegal. A oposi&ccedil;&atilde;o matreira se posiciona contr&aacute;ria na tentativa de transformar o tema em bandeira para as pr&oacute;ximas elei&ccedil;&otilde;es. Outros pregam para as for&ccedil;as de interven&ccedil;&atilde;o o mesmo regime de castra&ccedil;&atilde;o imposto &agrave;s pol&iacute;cias durante todos os anos da redemocratiza&ccedil;&atilde;o, que acabou por nos conduzir ao estado de guerra urbana hoje reinante.<br /> <br /> Os poetas, sonhadores e interesseiros n&atilde;o podem prevalecer pois, se assim for, a interven&ccedil;&atilde;o fracassar&aacute; da mesma forma que fracassaram as pol&iacute;cias perseguidas pelos inimigos da institui&ccedil;&atilde;o e abandonadas pelos governos demag&oacute;gicos e lenientes que, por anos, confundiram democracia com falta de autoridade. Bem diz o general Augusto Heleno, com sua experi&ecirc;ncia de comandante das tropas brasileiras na miss&atilde;o da ONU no conflagrado Haiti. Os membros das For&ccedil;as Armadas convocados para atuar na interven&ccedil;&atilde;o precisam do poder de pol&iacute;cia, mobilidade e seguran&ccedil;a jur&iacute;dica. A popula&ccedil;&atilde;o tem de ser informada de que quem portar armas ou delas estiver fazendo uso pode se transformar em alvo e at&eacute; ser eliminado sem que isso gere consequ&ecirc;ncia jur&iacute;dica para o executor da a&ccedil;&atilde;o. Trata-se do combate &agrave; guerra com os mesmos recursos do agressor.<br /> <br /> O governo, os executores e a popula&ccedil;&atilde;o n&atilde;o devem ter medo e precisam reconhecer que a interven&ccedil;&atilde;o &eacute; um ato extremo e, para funcionar, n&atilde;o pode depender de prazos burocr&aacute;ticos e nem de opini&otilde;es daqueles que n&atilde;o participam do teatro de opera&ccedil;&otilde;es. O comandante presente ao evento tem de dispor de regras e autoridade suficientes para agir pois, do contr&aacute;rio, restar&aacute; na mesma situa&ccedil;&atilde;o em que vivem as pol&iacute;cias militares, cujos integrantes s&atilde;o frequentemente acusados de viola&ccedil;&atilde;o de direitos dos bandidos, sofrem repres&aacute;lias, n&atilde;o recebem o prest&iacute;gio dos governos a quem servem e frequentemente s&atilde;o processados, presos e at&eacute; demitidos pelo fato de terem agido com rigor no combate ao crime.<br /> <br /> Em vez de pendurar a interven&ccedil;&atilde;o a priori nas barras do Judici&aacute;rio e do Minist&eacute;rio P&uacute;blico, o governo tem de prestigiar seus executores na certeza de que as institui&ccedil;&otilde;es militares e policiais sabem o que t&ecirc;m de fazer e, por suas corregedorias, s&atilde;o capazes de mitigar poss&iacute;veis excessos, podendo ainda as quest&otilde;es irem &agrave; aprecia&ccedil;&atilde;o do Judici&aacute;rio Militar e Minist&eacute;rio P&uacute;blico Militar e, em grau de recurso, chegar at&eacute; o Supremo Tribunal Federal e &agrave; Procuradora Geral da Rep&uacute;blica. Se realmente querem ver resultados, o presidente da Rep&uacute;blica e o Congresso Nacional devem estar preparados at&eacute; para a decreta&ccedil;&atilde;o do estado de s&iacute;tio em &aacute;reas onde o crime esteja mais incontrol&aacute;vel. &Eacute; uma medida constitucional, democr&aacute;tica e garantidora da efic&aacute;cia da interven&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> N&atilde;o &eacute; &agrave;toa que o presidente da Rep&uacute;blica &eacute; a mais alta autoridade do pa&iacute;s. A popula&ccedil;&atilde;o sofrida espera que ele a exer&ccedil;a com todo destemor, responsabilidade e senso do dever a cumprir. &Eacute; preciso manter a interven&ccedil;&atilde;o a salvo daqueles que, ao longo dos anos, com seu ativismo nem sempre sincero, levaram a seguran&ccedil;a p&uacute;blica ao atual estado de coisas...<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="81" align="left" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves </i></b>- dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />