O que podemos aprender com a China?

24 de fevereiro de 2018 às 11:29

Acedriana Vicente Sandi
Quando me perguntam se &eacute; poss&iacute;vel aplicar na educa&ccedil;&atilde;o brasileira pr&aacute;ticas bem-sucedidas de pa&iacute;ses com melhores resultados educacionais que o Brasil, costumo responder - para surpresa do interlocutor - com uma afirma&ccedil;&atilde;o e uma negativa. Essa conjun&ccedil;&atilde;o de &lsquo;sim e n&atilde;o&rsquo; &eacute; a resposta mais honesta porque, em primeiro lugar, &eacute; preciso entender que a cultura de alguns pa&iacute;ses que lideram o ranking do Pisa - o teste de qualidade educacional mais relevante da atualidade em todo o mundo - &eacute; muito diferente da nossa. E a educa&ccedil;&atilde;o de um pa&iacute;s &eacute; reflexo de sua cultura, sua hist&oacute;ria e, principalmente, suas expectativas quanto ao futuro. Quando avan&ccedil;amos um pouco mais nessa reflex&atilde;o, vemos que os pa&iacute;ses asi&aacute;ticos est&atilde;o entre as principais na&ccedil;&otilde;es quando se trata de resultados nessa &aacute;rea. Apesar disso, mesmo n&atilde;o sendo poss&iacute;vel copiar o modelo educacional, podemos sim, adaptar algumas pr&aacute;ticas, testar em pequena escala e, se bem-sucedidas, implantar de maneira mais ampla.<br /> <br /> Eu tive a oportunidade de conhecer alguns dos sistemas de ensino de pa&iacute;ses com resultados acima da m&eacute;dia mundial. E por tudo o que vi, acredito que a China vai dominar o mundo. Por qu&ecirc;? Basicamente, porque eles conseguem ser felizes na escola, al&eacute;m de estudar. Se n&atilde;o bastasse, veem sentido no estudo para a melhoria do seu pa&iacute;s: querem aprender para, uma vez aprendido, fazer melhor. E isso &eacute; algo que a China est&aacute; sabendo colocar em pr&aacute;tica muito bem: aprender com os demais para, depois, assumir a lideran&ccedil;a. Os chineses olharam para fora, aprenderam, e hoje est&atilde;o fazendo melhor muitas coisas. A China n&atilde;o se constrange por copiar para melhorar o que deu certo fora de suas fronteiras.<br /> <br /> Essa atitude de se colocar como aprendiz &eacute; algo que a China executa com excel&ecirc;ncia. Basta ver a determina&ccedil;&atilde;o com que os jovens chineses enfrentam a maratona de estudos pr&eacute;-universit&aacute;rios. Jovens de 15 e 16 anos, em sua grande maioria, priorizam nessa etapa da vida: se preparar para o tem&iacute;vel Gao Kao, o exame que define o acesso &agrave;s melhores faculdades. Essa expectativa &eacute; compartilhada por toda a fam&iacute;lia e levada t&atilde;o a s&eacute;rio que &eacute; muito comum ver pais e av&oacute;s trabalhando arduamente para oferecer a filhos e netos as melhores condi&ccedil;&otilde;es de estudo poss&iacute;veis. Esse &eacute; considerado o momento mais importante da vida de um chin&ecirc;s. N&atilde;o &eacute; &agrave; toa que as principais universidades americanas - como Stanford e Massachusetts Institute of Technology - estabelecem limite de vagas para os chineses, sob pena de comprometer as vagas dos americanos.<br /> <br /> O esp&iacute;rito c&iacute;vico na China tamb&eacute;m merece destaque. Percebe-se no povo, de forma muito acentuada, uma sensa&ccedil;&atilde;o de pertencimento ao seu pa&iacute;s, uma vontade de ajudar a mudar e melhorar a sua p&aacute;tria. Vemos pelo mundo a fora &ndash; inclusive no Brasil - que os estudantes que v&atilde;o para outros pa&iacute;ses nem sempre voltam ao t&eacute;rmino dos estudos. A maior parte dos estudantes chineses v&atilde;o, aprendem, e voltam, para converter esse aprendizado em favor do seu pa&iacute;s. Se queremos aprender algo com a China, podemos come&ccedil;ar por a&iacute;: desenvolver um gosto pelo Brasil que nos fa&ccedil;a sentir respons&aacute;veis pelas solu&ccedil;&otilde;es dos principais desafios do nosso pa&iacute;s que habilitam a retomada do crescimento sustent&aacute;vel e da dignidade do seu povo.<br /> &nbsp;<br /> <img src="/uploads/image/img_acedriana-vicente-sandi_diretora-pedagogica-editora-positivo.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> <br /> <b><i>Acedriana Vicente Sandi</i></b> &eacute; diretora pedag&oacute;gica da Editora Positivo.