O equilíbrio da palavra dita e ouvida

06 de março de 2018 às 15:37

Ziza Fernandes
<div style="margin-left: 40px;">&ldquo;<b><i>Tende em v&oacute;s os mesmos sentimentos de Cristo Jesus</i></b>&rdquo; (Fl 2,5)&nbsp;</div> <div style="margin-left: 40px;">&nbsp;</div> <div>J&aacute; ouvi vozes adocicadas, plenas de mel e de exagerada ternura, e que provocaram aquela revirada de olhos, semelhante a quando experimentamos um doce melado de a&ccedil;&uacute;car: n&atilde;o cai bem. A rejei&ccedil;&atilde;o &eacute; imediata, ainda que sejamos bem treinados nessa cultura do politicamente correto, a disfar&ccedil;ar nossos sentimentos. Doce demais n&atilde;o se ajusta nem com pimenta nem com lim&atilde;o: est&aacute; doce e pronto.</div> <div style="margin-left: 40px;">&nbsp;</div> <div>Tamb&eacute;m j&aacute; ouvi vozes inflamadas de &oacute;dio, almas aos &ldquo;berros&rdquo;, feito trov&otilde;es descontrolados,&nbsp; e os sentimentos lan&ccedil;ados sobre os demais: por falta de controle de si, exige-se o controle do outro &agrave; for&ccedil;a bruta e vociferada. Essas pessoas causam medo e realmente expressam &ldquo;sangue nos olhos&rdquo;. Delas corremos!</div> <div><br /> Entre uma e outra, n&atilde;o saberia dizer o que &eacute; melhor; mas sim que ambas s&atilde;o formas ruins para se conviver e se buscar paz nas rela&ccedil;&otilde;es. O que eu prefiro: a braveza exposta do que a bondade falsa, &eacute; claro. Mas nada justifica a primeira, muito menos a segunda; pois a viol&ecirc;ncia na palavra e a agress&atilde;o verbal nem sempre v&ecirc;m vestidas de express&atilde;o agressiva. A palavra s&oacute;rdida e elaborada na maldade tamb&eacute;m pode ser dita banhada de mel e ainda assim causar um estrago psicol&oacute;gico imenso.</div> <div><br /> O modelo m&aacute;ximo e &uacute;nico de equil&iacute;brio com a palavra, mesmo em circunst&acirc;ncias de m&aacute;xima viol&ecirc;ncia, agress&atilde;o e perigo de morte, &eacute; o Cristo. Por isso, essa passagem b&iacute;blica que me convida a buscar os mesmos sentimentos dos quais Ele esteve movido n&atilde;o &eacute; um convite para ser uma pessoa &ldquo;bobinha&rdquo; ou &ldquo;boazinha&rdquo;; ao contr&aacute;rio, para ter em mim uma firmeza fincada na caridade, ao ponto de ponderar minhas palavras e escolh&ecirc;-las bem; refrear minhas rea&ccedil;&otilde;es e domar meu temperamento, tendo como base e refer&ecirc;ncia, o temperamento de Cristo. Sua forma de falar com as pessoas n&atilde;o carecia nem de sal e nem de a&ccedil;&uacute;car: era na medida. Sua firmeza n&atilde;o era disfar&ccedil;ada e seu amor era sempre assumido, revestido de verdade e respeito.</div> <div><br /> Que o mel que h&aacute; em mim se equilibre; que o animal que me habita se acalme; que nenhuma viol&ecirc;ncia saia de meus l&aacute;bios e que eu nunca perca a firmeza que me leva a viver na verdade.</div> <div><br /> Eis o equil&iacute;brio da palavra dita e ouvida: viver com verdade, dizer a verdade e ouvir na verdade; pois o que ainda em mim &eacute; sombra, vir&aacute; &agrave; luz pela gra&ccedil;a de Deus!</div> <div><b><i><br /> </i></b><b><i><img src="/uploads/image/img_ziza-fernandes_musicoterapeuta-cantora-compositora-autora.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> Ziza Fernandes</i></b> &eacute; musicoterapeuta, cantora, compositora e autora. Autora dos livros &ldquo;Gotas de Sentido&rdquo; e &ldquo;Leveza Feminina&rdquo; pela Editora Can&ccedil;&atilde;o Nova, dos CD e DVD &ldquo;Segredos&rdquo; e dos EPs &ldquo;Leve e &ldquo;Segredos&rdquo; pela Gravadora Can&ccedil;&atilde;o Nova</div>