Dia da Mulher: como superar a desigualdade salarial no mercado de trabalho?
08 de março de 2018 às 10:51
Débora Lima da Cunha
A diferença salarial entre homens e mulheres ainda é uma triste realidade do mercado de trabalho. Mas, apesar da diferença, ano após ano estamos reduzindo essa distância e lutando pela igualdade salarial e de direitos no mercado de trabalho. Em março, o mundo todo celebra o Dia Internacional da Mulher e, nada como um dia dedicado à busca por igualdade para falarmos sobre essa questão.<br />
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Um levantamento feito pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - aponta que o salário das mulheres equivale a 76% do dos homens, o que representa 24% menos. Se levarmos em consideração os salários em middle e top management (média e alta gerência), as mulheres chegam a receber 32% a menos. Em outro estudo, dessa vez realizado em 2016, pelo Fórum Econômico Mundial, analisando a paridade de sexos no mundo, o Brasil ocupa a 79º posição entre 144 países.<br />
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A Islândia lidera a classificação de países com maior igualdade salarial. Lá os homens ganham cerca de 13% a mais do que as mulheres. A fim de reduzir de vez essa disparidade, em janeiro desse ano, o país nórdico tornou obrigatória a igualdade salarial. A nova lei exige que todas as empresas e instituições com mais de 25 funcionários obtenham certificado de pagamento igualitário.<br />
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No Brasil, ainda temos um longo caminho a ser percorrido. Existe um fato que agrava as diferenças salariais e, de certa forma, ajuda a explicá-la. As mulheres, quando recebem uma proposta profissional, não costumam negociar o salário. Elas tendem a ser muito passivas e pouco incisivas durante a negociação. Normalmente, elas buscam maiores vantagens dentro dos benefícios e, quando estão argumentando pela remuneração, assumem um tom de pedido e não imposição. Enquanto isso, os homens demonstram mais confiança e são mais “agressivos” na hora de negociar. Eles recusam as propostas quando não concordam com os salários e pedem para negociar diretamente com quem está contratando.<br />
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Acho extremamente importante olharmos para essa diferença e empoderarmos as mulheres para negociarem melhor suas posições, cargos e salários. Eu percebo que a falta de confiança e a posição de passividade foi imposta ao longo de muitos anos sobre as mulheres e, essa característica tem afetado - e muito - a folha de pagamento das mesmas.<br />
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Existem várias ações possíveis para reduzirmos essa diferença. A primeira, mais difícil e importante, é lutarmos contra a essa difícil questão social institucionalizada, conhecida como machismo. Buscar por igualdade em todos os âmbitos sociais irá, consequentemente, trazer essa equidade para dentro das empresas. <br />
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Falando especificamente sobre as relações de trabalho, acho importante lutarmos por medidas e políticas empresarias mais inclusivas para a mulher. A formação de equipes com maior diversidade de gênero não só contribui para oxigenação das ideias como também insere a mulher em mercados onde ainda vemos poucas profissionais. <br />
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É claro que politicas empresariais no papel não irão mudar o mundo, mas são a porta de entrada para uma mudança de mindset. Uma política importante de ser modificada é a licença paternidade com o mesmo período da licença maternidade. Muitas mulheres acabam sendo prejudicadas quando decidem engravidar, por saberem que a responsabilidade sobre o filho irá recair muito mais sobre os ombros delas. Equipararmos as responsabilidades e o período de licença é um grande passo rumo ao mesmos direitos no mercado de trabalho. <br />
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Apesar de serem ações importantes, o que realmente fará a diferença é o empoderamento feminino. As mulheres precisam acreditar no seu potencial, valorizar mais suas qualidades e verdadeiramente lutarem pelos seus direitos. Elas precisam aprender a negociar com mais entusiasmo e confiança, seja na hora de pedirem maiores salários, defenderem suas ideias e ou se posicionarem enquanto profissionais. Certamente, ainda temos um longo caminho pela frente, mas a boa notícia é que, com uma boa dose de confiança, reduziremos gradativamente essa diferença.<br />
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<b><i>Débora Lima da Cunha</i></b> é formada em administração de empresas pela PUC-SP e headhunter na Trend Recruitment, boutique de recrutamento e seleção para Vendas & Marketing.