Igualdade entre mulheres e homens: um sonho a mais
09 de março de 2018 às 14:57
Clemente Ganz Lúcio
A construção das condições, oportunidades e situações de igualdade entre mulheres e homens continua sendo um enorme desafio para a sociedade brasileira. Um problemão que precisa ser relembrado e enfrentado cotidianamente.<br />
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Neste dia 08 de março duas importantes divulgações relembram esse desafio. O IBGE (www.ibge.gov.br) com “Estatísticas de gênero” e o DIEESE/Fundação Seade (www.dieese.org.br ou www.seade.gov.br) publicam “Mulheres no mercado de trabalho metropolitano de São Paulo 2018”.<br />
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Os estudo mais uma vez confirmam que as mulheres trabalham mais na soma da jornada no emprego, nos cuidados da casa e da família; que as mulheres estudam mais e tem escolaridade mais elevada; que o cuidado dos filhos, dos doentes e dos idosos é de sua responsabilidade. Tudo isso é mais que os homens, mas elas ganham menos! Os estudos esmiúçam dados que, ano após ano, repetem que o problema é muito grave.<br />
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Não desanimemos porque a situação já foi muito pior e vem mudando lentamente. As mulheres lutam e vem acelerando as mudanças, mas encontram múltiplas resistências. Começando pela casa, seria fundamental que houvesse equilíbrio entre homens e mulheres nos afazeres domésticos e nas responsabilidades com a educação dos filhos, com o cuidado das crianças, adolescentes, velhos e doentes. Isso ajudaria os homens a viverem e a aprenderem com as alegrias e as tristezas da vida.<br />
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No mercado de trabalho a mulher ampliou sua participação nas últimas décadas, mas esse crescimento estagnou nos anos recentes. A jornada em tempo parcial é maior entre as mulheres, uma forma de dar conta de todas as demais responsabilidades familiares. As mulheres trabalham predominantemente no setor de serviços e são a maioria absoluta no emprego doméstico. A taxa de desemprego entre as mulheres é maior e a remuneração é menor que a dos homens. Para as mulheres negras a situação piora em todos os aspectos.<br />
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Para a mulher entrar em condições de igualdade no mercado de trabalho, a oferta de creche, educação infantil e educação básica em tempo integral é fundamental.<br />
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A luta contra a desigualdade entre homens e mulheres é longa e difícil. Por exemplo: de cada 10 parlamentares, somente 1 é mulher, sendo que as mulheres são mais da metade da população que vota! São homens quem fazem as Leis e definem as regras do jogo social. Como mudar?<br />
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Os homens são safos na arte de dominar e garantir a desigualdade a seu favor. Conseguem, por exemplo, transformar aquilo que a natureza delegou à mulher na divisão da reprodução, em algo de menor importância. Mas o que é fantástico mesmo, é que a maternidade, o cuidado dos filhos e também dos velhos e doentes, é um depreciador, intencionalmente naturalizado, do valor monetário da remuneração do trabalho feminino assalariado, uma forma elegante de dizer: a mulher se ferra no mercado de trabalho.<br />
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Governantes e parlamentares – homens! – tem a cara de pau de afirmar: a mulher deve se aposentar com a mesma idade dos homens. Irônicos, não deixam de tirar uma lasquinha: elas não querem a igualdade?<br />
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Sem ilusões: os preconceitos também estão arraigados entre os trabalhadores e perpassam a estrutura e organização sindical. Observe uma reunião, uma assembleia ou a composição de uma diretoria sindical. Quem fala, quem manda e quem obedece. A mulher também é menos no meio sindical.<br />
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Com certeza absoluta, a luta pela igualdade entre homens e mulheres é uma afirmação politica central no processo civilizatório. Essa luta começa e recomeça todos os dias, desde o instante que acordamos e deve constituir os nossos sonhos, aqueles que temos quando dormimos, e aqueles pelos quais lutamos, acordados.<br />
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<b><i>Clemente Ganz Lúcio</i></b> é Sociólogo, diretor técnico do DIEESE, membro do CDES – Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e do Grupo Reindustrialização <br />