As trapalhadas do CNT

21 de março de 2018 às 15:06

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Mais uma vez o motorista &eacute; surpreendido por uma medida estapaf&uacute;rdia e extempor&acirc;nea capaz de tumultuar seu dia-a-dia. A resolu&ccedil;&atilde;o n&ordm; 726 do Conselho Nacional de Tr&acirc;nsito, editada para vigorar a partir de 5 de junho, exige curso de reciclagem na renova&ccedil;&atilde;o da carteira de motorista, entre outras coisas. A rea&ccedil;&atilde;o contr&aacute;ria foi imediata e levou o ministro das Cidades a determinar a imediata revoga&ccedil;&atilde;o das nova&ccedil;&otilde;es que os burocratas, a portas fechadas, tornaram obriga&ccedil;&otilde;es a todos os brasileiros sem antes se certificarem da disponibilidade de estrutura para sua execu&ccedil;&atilde;o. O que era novidade foi para a lata do lixo, da mesma forma que ocorreu com a exig&ecirc;ncia de extintor em 2015 e os kits de primeiros socorros em 1999. <br /> <br /> Recorde-se que tr&ecirc;s anos atr&aacute;s exigiu-se que os propriet&aacute;rios de ve&iacute;culos trocassem os extintores antigos por um mais moderno (e caro) e logo em seguida deixou-se de exigir o equipamento nos autom&oacute;veis. Os kits de primeiros socorros do &uacute;ltimo ano do s&eacute;culo passado foram fiasco maior ainda, pois ningu&eacute;m sabia como utiliz&aacute;-los e, se o fizesse ap&oacute;s um acidente, poderia agravar a sa&uacute;de do acidentado, cuja orienta&ccedil;&atilde;o m&eacute;dica &eacute; manter imobilizado at&eacute; a chegada do socorro. <br /> <br /> Medidas como essas colocam em d&uacute;vida a utilidade do CNT como &oacute;rg&atilde;o normativo. Principalmente quando vemos que o ministro, numa simples penada, tem autoridade para revogar suas resolu&ccedil;&otilde;es. Poderia se manter o &oacute;rg&atilde;o apenas com finalidade consultiva para o aconselhamento do governo e das autoridades com atribui&ccedil;&atilde;o de decidir sobre o tr&acirc;nsito e suas diferentes nuances. Da forma que t&ecirc;m agido, os conselheiros parecem totalmente divorciados da realidade nacional e, como tal, n&atilde;o deveriam continuar existindo.&nbsp; <br /> <br /> N&atilde;o h&aacute; d&uacute;vida de que o tr&acirc;nsito brasileiro carece de muitos melhoramentos. Mas n&atilde;o de medidas burocr&aacute;ticas e de aplica&ccedil;&atilde;o duvidosa ou imposs&iacute;vel. O maior problema vivido nas rodovias e vias urbanas &eacute; a falta de educa&ccedil;&atilde;o e cidadania, decorrente da impunidade e do clima de direitos sem deveres instaurado no Brasil democr&aacute;tico. O quadro certamente mudar&aacute; no dia em que, independente da forma que tiver obtido sua carteira, o condutor tiver a certeza de que pagar&aacute; pelos crimes que vier a cometer ao volante. Ele pr&oacute;prio vai se interessar em aprender conduzir bem o ve&iacute;culo e, quando necess&aacute;rio, se reciclar na dire&ccedil;&atilde;o sem que isso lhe seja exigido.<br /> <br /> Quanto ao Conselho Nacional de Tr&acirc;nsito, o mais &uacute;til e at&eacute; econ&ocirc;mico, seria revogar a Lei n&ordm; 2108 de 21 de setembro de 1966, que o criou. N&atilde;o vai fazer falta alguma, e os democratas de hoje ainda poderiam justificar que, com a atitude, removem mais um entulho da ditadura... <br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />