Lava Jato, desobediência civil e eleições

28 de março de 2018 às 15:03

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O ministro Edson Facchin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, informa ter sofrido amea&ccedil;as junto com sua fam&iacute;lia.&nbsp; Ministros do Executivo t&ecirc;m seus telefones clonados, o ex-presidente Lula, depois de enfrentar protestos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tem &ocirc;nibus de sua caravana baleados no Paran&aacute;. &Eacute; um mau come&ccedil;o do ano eleitoral em que a popula&ccedil;&atilde;o escolher&aacute; presidente da Rep&uacute;blica, governadores, senadores e deputados. As autoridades hoje constitu&iacute;das t&ecirc;m o dever de atuar para evitar a instabilidade. Magistrados n&atilde;o podem sofrer amea&ccedil;as, ministros t&ecirc;m de dispor da estrutura m&iacute;nima e seguran&ccedil;a para exercerem suas fun&ccedil;&otilde;es sem interfer&ecirc;ncias nem vazamentos, e as correntes pol&iacute;ticas t&ecirc;m de se colocar em seu lugar, evitando a atos de intoler&acirc;ncia e desobedi&ecirc;ncia civil.<br /> <br /> &Eacute; normal o trauma posterior a um processo de impeachment. Especialmente quando seus executores descumpriram a Constitui&ccedil;&atilde;o e permitiram que a governante afastada, em vez da inelegibilidade de 8 anos, saisse do pal&aacute;cio em condi&ccedil;&otilde;es de fazer proselitismo contr&aacute;rio ao governo que a sucedeu e de colocar-se na situa&ccedil;&atilde;o de v&iacute;tima. Da mesma forma, &eacute; temer&aacute;rio permitir que o ex-presidente, hoje condenado em segunda inst&acirc;ncia, al&eacute;m de defender-se nos foros onde &eacute; processado, realize caravanas cujo objetivo &eacute; contestar a Justi&ccedil;a e realizar campanha antecipada de uma candidatura que, salvo melhor ju&iacute;zo, &eacute; natimorta. <br /> <br /> &Eacute; preciso garantir a integridade f&iacute;sica Edson Facchin e de todos os julgadores e suas fam&iacute;lias e manter condi&ccedil;&otilde;es do governo e das institui&ccedil;&otilde;es funcionarem conforme suas finalidades. H&aacute; que se evitar que for&ccedil;as pol&iacute;ticas atuem fora de suas fun&ccedil;&otilde;es ou de forma a inflamar a popula&ccedil;&atilde;o, j&aacute; bombardeada por tanta not&iacute;cia ruim e, especialmente, por informa&ccedil;&otilde;es de malfeitos cometidos por pol&iacute;ticos, empres&aacute;rios e altos executivos at&eacute; pouco tempo vistos como figuras acima de qualquer suspeita. <br /> <br /> Agora, que os incidentes j&aacute; ocorreram, &eacute; preciso descobrir e punir quem amea&ccedil;a Facchin, os autores das clonagens dos telefones de ministros do governo e os respons&aacute;veis pelos tiros nos &ocirc;nibus da caravana de Lula. S&atilde;o casos de pol&iacute;cia que exigem deslinde e provid&ecirc;ncias para que n&atilde;o se repitam. As autoridades, pelo visto, devem ser mais guardadas e n&atilde;o se pode tolerar que pol&iacute;ticos &ndash; independente de sua tend&ecirc;ncia ideol&oacute;gica &ndash; realizem campanhas antecipadas, principalmente aquelas que possam irritar a comunidade e fragilizar a ordem p&uacute;blica. Lula n&atilde;o teria sido alvo de chuvas de ovos e pedras e nem dos tiros dados nos ve&iacute;culos de sua caravana se tivesse restringido sua defesa aos tribunais, j&aacute; que a rua n&atilde;o &eacute; foro de decis&atilde;o judicial.<br /> <br /> O ministro da Seguran&ccedil;a P&uacute;blica, Raul Jungmann, acerta quando reprova e promete investigar os ataques. Mas, al&eacute;m dele, os membros de outros &oacute;rg&atilde;os de governo, do Judici&aacute;rio e at&eacute; do Legislativo n&atilde;o podem se omitir na tarefa de garantir a estabilidade e a manuten&ccedil;&atilde;o da ordem. Se n&atilde;o o fizerem, 2018 ser&aacute; um ano muito dif&iacute;cil...<br /> &nbsp;<br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br<br />