Nos falta responsabilidade política

05 de abril de 2018 às 08:23

Luiz Carlos Borges da Silve
No pr&oacute;ximo m&ecirc;s de outubro, teremos novas elei&ccedil;&otilde;es no Brasil. Por&eacute;m, o resultado das &uacute;ltimas elei&ccedil;&otilde;es apresentou um aspecto que foi muito comentado na &eacute;poca: os votos brancos, nulos e absten&ccedil;&otilde;es atingiram n&uacute;meros elevad&iacute;ssimos extremamente preocupantes. Segundo dados finais e oficiais da Justi&ccedil;a Eleitoral, no primeiro turno das &uacute;ltimas elei&ccedil;&otilde;es municipais, a soma de brancos, nulos e absten&ccedil;&otilde;es superou o n&uacute;mero de votos do candidato primeiro colocado em nove capitais brasileiras. <br /> &nbsp;<br /> No segundo turno da mesma elei&ccedil;&atilde;o, a situa&ccedil;&atilde;o se repetiu em tr&ecirc;s capitais: Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. As tr&ecirc;s cidades tiveram mais votos inv&aacute;lidos que o candidato primeiro colocado. Isso aconteceu na maioria dos munic&iacute;pios brasileiros, havendo casos em que vereadores se elegeram com baix&iacute;ssimo n&uacute;mero de votos, o que quer dizer que n&atilde;o adianta repudiar pela omiss&atilde;o, algu&eacute;m ser&aacute; eleito.<br /> &nbsp;<br /> O interessante, e negativo, foi a forma de como tais n&uacute;meros foram encarados e, de certa forma, justificados. E nos cabe analisar o porqu&ecirc; do alerta. Os pol&iacute;ticos e lideran&ccedil;as da situa&ccedil;&atilde;o debitaram a avalanche de repulsa retratada pelas urnas aos malfeitos do governo anterior, associando o fato &agrave; corrup&ccedil;&atilde;o. J&aacute; as lideran&ccedil;as da oposi&ccedil;&atilde;o, que representam o governo passado, sublinharam que os brancos, os nulos e as aus&ecirc;ncias eram a posi&ccedil;&atilde;o dos eleitores contra o processo de impeachment de Dilma Rousseff, que chamam de &lsquo;golpe&rsquo;, e &agrave; posse de Temer, que qualificam de usurpa&ccedil;&atilde;o.<br /> &nbsp;<br /> Os dois posicionamentos s&atilde;o facciosos, parciais e remetem apenas ao desejo de uma justificativa perante os eleitores em particular e &agrave; popula&ccedil;&atilde;o em geral. Ambos os lados contribu&iacute;ram &ndash; e continuam contribuindo &ndash; para o descr&eacute;dito da classe pol&iacute;tica que afeta, infelizmente, a pol&iacute;tica que em origem e princ&iacute;pio &eacute; sadia, positiva e honesta, sendo os maus pol&iacute;ticos que deturpam essa ess&ecirc;ncia. A pol&iacute;tica &eacute; o grande instrumento para a boa e correta administra&ccedil;&atilde;o dos governos e da sociedade. <br /> &nbsp;<br /> Portanto, acusa&ccedil;&otilde;es ou recrimina&ccedil;&otilde;es m&uacute;tuas por parte de quem mutuamente contribui para denegrir a pol&iacute;tica nada acrescentam, a n&atilde;o ser acentuar o descr&eacute;dito. O momento &eacute; de falar aberta e sinceramente com a sociedade, para que esse ano a resposta negativa n&atilde;o venha a se repetir.<br /> &nbsp;<br /> A classe pol&iacute;tica tem obriga&ccedil;&atilde;o de convencer a popula&ccedil;&atilde;o, em particular o eleitorado, que pol&iacute;tica &eacute; ci&ecirc;ncia indispens&aacute;vel. A sociedade tem obriga&ccedil;&atilde;o c&iacute;vica de participar, de atuar, de discutir e votar. Antes se usava a alega&ccedil;&atilde;o de que no per&iacute;odo militar havia tolhimento tanto em participa&ccedil;&atilde;o e discuss&atilde;o como de oportunidade do voto. Agora, que a liberdade &eacute; assegurada, os eleitores jogam as conquistas no cesto de lixo. Se a situa&ccedil;&atilde;o e o panorama n&atilde;o s&atilde;o bons com a plenitude democr&aacute;tica, pior ser&atilde;o se as oportunidades de mudan&ccedil;a forem desprezadas.<br /> &nbsp;<br /> Os eleitores devem ser conscientizados de que votar em branco, anular o voto ou desprezar as urnas &eacute; omiss&atilde;o e irresponsabilidade. Cabe aos l&iacute;deres pol&iacute;ticos e aos formadores de opini&atilde;o transmitir essa mensagem, embora para isso devam reconquistar o respeito e a credibilidade. E, por fim, cabe aos cidad&atilde;os em geral, t&atilde;o enf&aacute;ticos em protestos, passeatas e manifesta&ccedil;&otilde;es, ter o entendimento de que n&atilde;o adianta ir para as ruas e n&atilde;o comparecer &agrave; se&ccedil;&atilde;o eleitoral. A mudan&ccedil;a se faz atrav&eacute;s da pr&aacute;tica pol&iacute;tica e do voto, s&iacute;mbolo maior da democracia.<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_luiz-carlos-borges-da-silveira.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Luiz Carlos Borges da Silveira</i></b> &eacute; empres&aacute;rio, m&eacute;dico e professor. Foi Ministro da Sa&uacute;de e Deputado Federal. <br />