O sindicato e o respeito aos associados

24 de abril de 2018 às 08:46

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Os sindicatos brasileiros, mantidos na sua maioria pela contribui&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria de todos os trabalhadores e, talvez por isso, muitos deles, desviados de sua finalidade de defesa classista para a luta ideol&oacute;gica e a pol&iacute;tica partid&aacute;ria, tentam na Justi&ccedil;a a sua &uacute;ltima cartada para continuarem a vida divorciada dos interesses da classe trabalhadora. Cento e vinte e tr&ecirc;s deles conseguiram ordem judicial para obrigar os empregadores continuarem descontando um dia de trabalho de todos os empregados, sindicalizados ou n&atilde;o. Com isso, tornam in&oacute;cua a lei da reforma trabalhista (Lei n&ordm; 13.467, de 13/07/2017). Parte dessas decis&otilde;es j&aacute; foi revogada em segunda e terceira inst&acirc;ncias. Mas, se qualquer empresa, ao final, for obrigada a promover o desconto compuls&oacute;rio, de nada ter&aacute; adiantado o projeto proposto pelo governo e todo o esfor&ccedil;o de aprova&ccedil;&atilde;o no Congresso Nacional. Ficar&aacute; caracterizado o choque do Poder Judici&aacute;rio em rela&ccedil;&atilde;o ao Executivo e ao Legislativo, o que &eacute; p&eacute;ssimo para o regime democr&aacute;tico, al&eacute;m de atentar contra o princ&iacute;pio da livre associa&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> N&atilde;o h&aacute; raz&atilde;o para a exist&ecirc;ncia de sindicatos, associa&ccedil;&otilde;es ou quaisquer outras entidades capazes de sobreviver sem ter de prestar servi&ccedil;os aos seus associados. Muitos sindicatos, federa&ccedil;&otilde;es e confedera&ccedil;&otilde;es, por viverem da contribui&ccedil;&atilde;o compuls&oacute;ria, pouco se importam com os associados. Deixam-nos em segundo plano e funcionam como escrit&oacute;rios pol&iacute;ticos de seus dirigentes candidatos a cargos eletivos ou, pior, como aparelhos ideol&oacute;gicos. Sem a contribui&ccedil;&atilde;o garantida, ter&atilde;o de servir aos trabalhadores ou empreendedores cujos estatutos determinam representar e mant&ecirc;-los satisfeitos para que, dessa forma, paguem suas mensalidades ou anuidades. N&atilde;o sobrar&aacute; tempo nem dinheiro para a milit&acirc;ncia pol&iacute;tica ou ideol&oacute;gica. &Eacute; evidente que nada impedir&aacute; que, depois de cumprida as finalidades sindicais, seus dirigentes ou associados de participem da vida pol&iacute;tica e at&eacute; se lancem candidatos como representantes da classe. Mas antes h&aacute; de se servir aos associados.<br /> <br /> Embora o Judici&aacute;rio seja o poder competente para decidir as contendas, &eacute; estranho que se posicione em massa contra a reforma trabalhista rec&eacute;m discutida e aprovada no Congresso. Por mais impacto que a nova lei provoque no setor, tudo j&aacute; foi discutido durante a sua tramita&ccedil;&atilde;o. Eliminar seus efeitos &eacute; abrir precedente e caminho para desabilitar tudo o mais que vier a ser modificado. &Eacute; condenar ao imobilismo o pa&iacute;s que, todos sabemos, carece de muitas reformas...<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves </i></b>- dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br<br />