O foro, os doleiros e os exploradores

06 de maio de 2018 às 10:54

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O notici&aacute;rio dos &uacute;ltimos dias conduz &agrave; triste conclus&atilde;o de que, apesar do desenvolvimento tecnol&oacute;gico e econ&ocirc;mico, o Brasil ainda &eacute; um pa&iacute;s prim&aacute;rio, onde tudo est&aacute; por fazer e organizar. A nova fase da Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato, deflagrada na quinta-feira, teve por objetivo desmontar a nata do mercado paralelo de moedas estrangeiras, de que se servem os pol&iacute;ticos, os sonegadores e criminosos em geral para esconder seus capitais legais. Foi revelada publicamente a exist&ecirc;ncia daquilo que se pode chamar de Banco Central dos Doleiros. De outro lado, escancarou-se que os pobres utilizados politicamente nas invas&otilde;es de pr&eacute;dios das grandes cidades (S&atilde;o Paulo principalmente) tamb&eacute;m s&atilde;o explorados com a cobran&ccedil;a de &ldquo;aluguel&rdquo; por seus supostos protetores e que ainda podem estar na condi&ccedil;&atilde;o de ref&eacute;ns do PCC (Primeiro Comando da Capital), a fac&ccedil;&atilde;o que domina os pres&iacute;dios e de dentro do sistema prisional comanda o tr&aacute;fico de drogas e o crime nas ruas e at&eacute; fora do pa&iacute;s. <br /> <br /> Ao mesmo tempo, viu-se os ministros do Supremo Tribunal Federal reduzindo as imunidades de foro privilegiado dos 594 parlamentares federais (senadores e deputados) mas mantendo &iacute;ntegras as de outros 58 mil ocupantes de cargos de destaque na administra&ccedil;&atilde;o dos tr&ecirc;s poderes, inclusive eles pr&oacute;prios. Mant&eacute;m-se, dessa forma, o Brasil dos privilegiados, que tanta discuss&atilde;o tem causado e chega at&eacute; a contrariar o princ&iacute;pio constitucional p&eacute;treo de que &ldquo;todos s&atilde;o iguais perante a lei&rdquo;.<br /> <br /> Apenas esses tr&ecirc;s assuntos, destacados num s&oacute; dia, exp&otilde;em a raz&atilde;o desse pa&iacute;s n&atilde;o se sustentar e viver de crise em crise. &Eacute; preciso fechar com toda urg&ecirc;ncia o canal que permite a evas&atilde;o de capitais e principalmente a lavagem dos dinheiros havidos criminosamente. N&atilde;o se pode permitir que os desvalidos continuem vitimados pelos espertalh&otilde;es que se travestem de seus defensores mas os exploram e escravizam no mais expl&iacute;cito procedimento criminoso. N&atilde;o h&aacute; raz&atilde;o para que ocupantes de cargos e fun&ccedil;&otilde;es relevantes tenham status judicial diferente dos demais brasileiros, a n&atilde;o ser por quest&otilde;es intimamente relativas &agrave;s fun&ccedil;&otilde;es que desenvolvem em nome do Estado. Quanto &agrave; vida pessoal, t&ecirc;m de ser iguais a todos os cidad&atilde;os, passiveis de responder judicialmente pelos seus atos. <br /> <br /> H&aacute; que se acabar com o foro privilegiado e, se algo dele restar, deve ser relacionado ao cargo e n&atilde;o ao ocupante do cargo. Quanto aos doleiros lavadores de dinheiro criminoso e aos cobradores de alugu&eacute;is dos miser&aacute;veis, t&ecirc;m de ser exemplarmente cassados, processados e punidos. Finalmente, com rela&ccedil;&atilde;o ao Judici&aacute;rio, em vez de tratar de foro especial e de quest&otilde;es policiais dos detentores de foro, o Supremo Tribunal Federal faria melhor se buscasse a normatiza&ccedil;&atilde;o do trabalho judicial, evitando que cada juiz continuasse recebendo mais processos do que sua capacidade f&iacute;sica e temporal de decidir. No dia em que esse limite for estabelecido, n&atilde;o haver&aacute; mais raz&atilde;o para o atraso nas decis&otilde;es e, para dar vaz&atilde;o aos processos, a administra&ccedil;&atilde;o do Poder Judici&aacute;rio ter&aacute; de contratar mais ju&iacute;zes e instalar mais varas... <br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp; <br />