A reproclamação da República

12 de maio de 2018 às 10:45

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O avan&ccedil;o da Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato, que j&aacute; levou ao c&aacute;rcere um ex-presidente, ex-governadores, ex-ministros, parlamentares, grandes empres&aacute;rios e outros figur&otilde;es at&eacute; ent&atilde;o inating&iacute;veis, somada &agrave; extin&ccedil;&atilde;o do foro privilegiado e aos esquemas que se elabora para o aperto &agrave; fiscaliza&ccedil;&atilde;o fazend&aacute;ria de agentes p&uacute;blicos, podem representar a proclama&ccedil;&atilde;o de uma nova rep&uacute;blica. Principalmente quando vem acompanhada da nova legisla&ccedil;&atilde;o trabalhista&nbsp;&nbsp; tendente a acabar com os sindicatos pelegos e politiqueiros, que em vez de servir &agrave;s classes que representam, atuam como aparelhos pol&iacute;tico-ideol&oacute;gicos. Outro ponto que poderia ajudar &eacute; a privatiza&ccedil;&atilde;o das mais de 150 empresas estatais que, em vez de servir ao pa&iacute;s e &agrave; sociedade, t&ecirc;m sido usadas como cabides de emprego para a acomoda&ccedil;&atilde;o de cabos eleitorais e at&eacute; para a pr&aacute;tica da corrup&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> A rep&uacute;blica que pode surgir da grave crise que vivemos, onde est&aacute; dif&iacute;cil at&eacute; encontrar verdadeiras lideran&ccedil;as para concorrer &agrave; presid&ecirc;ncia, tem de ser a verdadeira representa&ccedil;&atilde;o daquilo que sonharam os precursores dessa forma de governo. Diferente do que ocorre atualmente no pa&iacute;s, seus titulares n&atilde;o podem deter foro especial e nem direitos que os tornem diferentes do cidad&atilde;o a quem, quando se candidatam, se prop&otilde;em a representar. &Eacute; inadmiss&iacute;vel que quase 60 mil ocupantes de cargos e fun&ccedil;&otilde;es sejam isentos de responder judicialmente pelos atos cometidos. O m&aacute;ximo que se pode admitir de imunidade &eacute; para os cargos e n&atilde;o para seus ocupantes enquanto cidad&atilde;os.<br /> <br /> A pessoa f&iacute;sica do presidente da Rep&uacute;blica, do governador estadual, senador, deputado, prefeito e vereador, assim como a dos magistrados e ocupantes de fun&ccedil;&otilde;es p&uacute;blicas de todas as esp&eacute;cies n&atilde;o pode ser blindada pelas garantias do cargo que exerce. Se um deles bateu na mulher, sonegou imposto ou cometeu ato de corrup&ccedil;&atilde;o, tem de ser processado e apenado, pois esses atos n&atilde;o fazem parte da liturgia de sua fun&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica ou oficial.<br /> <br /> O Estado, por seu turno, n&atilde;o tem de ser empres&aacute;rio. Seu papel deve ser normativo e licenciador. Foi-se o tempo em que o Brasil era um pa&iacute;s distante e atrasado que n&atilde;o interessava aos investidores e, por isso, o Estado era obrigado a atuar no ramo da infraestrutura e do fomento. Hoje, em vez de manter estatais inchadas e sujeitas &agrave; corrup&ccedil;&atilde;o, temos de transferi-las &agrave; iniciativa privada, que produz melhor e mais barato, e fiscalizar para que seus operadores atuem dentro da legisla&ccedil;&atilde;o, paguem seus tributos e cumpram suas obriga&ccedil;&otilde;es sociais conforme as necessidades e interesses nacionais. &Eacute; interessante, tamb&eacute;m, a id&eacute;ia que surge de, em vez de manter estatais o transporte e a merenda escolar, onde ultimamente se apura focos de corrup&ccedil;&atilde;o, distribuir os recursos diretamente aos alunos ou suas fam&iacute;lias, para que adquiram os servi&ccedil;os de prestadores particulares.<br /> <br /> A nova rep&uacute;blica que pode estar se desenhando como resultado da crise, precisa refor&ccedil;ar a igualdade entre os cidad&atilde;os, acabar com os feudos e oligarquias, fortalecer o poder fiscalizador do Estado e potencializar a iniciativa privada. Temos tudo para ser uma das pot&ecirc;ncias mundiais. Basta eliminar os v&iacute;cios que sempre nos impuseram o atraso...<br /> &nbsp;<br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp; <br />