O desafio da Esfinge
22 de maio de 2018 às 15:16
João Guilherme Vargas N
A situação é desoladora, a economia não deslancha, o Brasil retrocede vinte anos com quase 30 milhões de brasileiros subutilizados no mercado de trabalho e a histeria dos rentistas fica cada vez mais forte.<br />
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A maioria dos trabalhadores empregados vai sobrevivendo como pode; os que têm Carteira assinada são acossados pela lei trabalhista celerada, os que são informais sofrem todas as maldades do mercado – baixos salários, jornadas exorbitantes e nenhum direito. O colchão social se esgarça e os indigentes formam uma legião aterradora.<br />
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Mas os rentistas – que ganham bilhões às custas do Estado brasileiro – insistem em aprofundar as deformas que os beneficiam. Para eles sua própria atividade especulativa (basta ver o que aconteceu na última semana com as ações da Petrobras ou com o dólar) tem justificativa na falta das deformas ou em sua incompletude.<br />
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A resistência do povo trabalhador e sua capacidade de sobrevivência digna são emocionantes. Vivemos uma época em que qualquer resistência, mesmo passiva, deve ser valorizada e qualquer vitória, por menor que seja, deve ser trombeteada.<br />
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É hora, portanto, de registrar a greve dos metalúrgicos da Mercedes Benz, a reunião do Brasil Metalúrgico em Caxias do Sul, a greve que se amplia dos trabalhadores da construção civil de São Paulo, as vitórias dos metroviários de São Paulo, a disposição de luta dos professores das redes privadas de São Paulo (que terão uma quarta-feira cheia de manifestações), a greve de zelo dos auditores da Receita Federal e a mobilização dos caminhoneiros contra as permanentes altas do combustível. Os petroleiros têm sido firmes e coerentes em sua resistência ao desmanche da Petrobras como empresa estatal produtiva e poderosa.<br />
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Esta contradição entre o desarranjo do quadro econômico, que poderia levar ao desalento, e as demonstrações de resistência e as vitórias devem reforçar o empenho unitário do movimento sindical levando-o a intensificar suas ações, preocupando-se também com a escolha de candidatos nas próximas eleições, que sejam favoráveis à plataforma do movimento e capazes de vencer no pleito eleitoral.<br />
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Com todas as dificuldades reais e mais algumas, o movimento sindical enfrenta o desafio da Esfinge que, se bem resolvido, garantirá sua relevância social.<br />
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<b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_joao-guilherme-vargas-neto_consultor-entidades-sindicais_membro-diap.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br />
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João Guilherme Vargas Neto </i></b>é consultor sindical e membro do Diap (Departamento Intersindical<br />
de Assessoria Parlamentar). E-mail: joguvane@uol.com.br