O Tribunal de Justiça da Bahia na era Gesivaldo Britto

08 de junho de 2018 às 15:27

Baltazar Miranda Saraiva
A Justi&ccedil;a no Brasil come&ccedil;ou a ser instalada em 1530, quando Martin Afonso de Souza recebeu amplos poderes de D. Jo&atilde;o III, Rei de Portugal, para, inclusive, sentenciar &agrave; morte autores de delitos ent&atilde;o considerados graves. O t&iacute;tulo de Desembargador, tamb&eacute;m usado no Imp&eacute;rio e na Col&ocirc;nia, confirmado na legisla&ccedil;&atilde;o republicana, tem origem remota, provinda dos tempos dos reis de Portugal, significando a pessoa que julga e retira os embargos. Ao julgar quaisquer feitos, sejam agravos, apela&ccedil;&otilde;es ou embargos, o Desembargador os desembarga.<br /> <br /> O problema &eacute; que para desembargar faz-se necess&aacute;rio ter um n&uacute;mero razo&aacute;vel de desembargadores, o que n&atilde;o acontece, por exemplo, com o Tribunal de Justi&ccedil;a da Bahia. Apesar dos avan&ccedil;os verificados nos &uacute;ltimos anos, o Judici&aacute;rio baiano ainda encontra-se defasado em determinados pontos, se comparado com o de outros estados brasileiros.<br /> <br /> No que se refere ao n&uacute;mero de Ju&iacute;zes e Desembargadores, estamos muito atr&aacute;s de alguns entes federativos, muitos deles com menor express&atilde;o populacional. No ano de 1949, centen&aacute;rio do nascimento de Ruy Barbosa, quando a cidade do Salvador comemorava 400 anos, segundo registra a Lei n&ordm; 175, de 02 de julho de 1949, existiam em Salvador apenas 17 Ju&iacute;zes de Direito e 15 desembargadores. Naquela ocasi&atilde;o o Tribunal de Justi&ccedil;a era dividido em tr&ecirc;s C&acirc;maras, sendo duas C&iacute;veis e uma Criminal, composta cada qual de cinco membros.<br /> <br /> Atualmente temos 237 ju&iacute;zes atuando na capital e 305 nas 236 comarcas do interior, totalizando 542 magistrados, com a responsabilidade de julgar, mais ou menos, tr&ecirc;s milh&otilde;es de processos que tramitam em nosso estado.<br /> <br /> Quanto ao n&uacute;mero de desembargadores, o TJ/BA possui atualmente 61 para 15,344 milh&otilde;es de habitantes (censo de 2017), ou seja, um desembargador para mais ou menos 251.000 habitantes. Em compara&ccedil;&atilde;o com os outros estados, estamos defasados.<br /> <br /> O Tribunal de Justi&ccedil;a do Rio Grande do Sul, por exemplo, possui 170 desembargadores para uma popula&ccedil;&atilde;o de 11,32 milh&otilde;es (censo de 2017), ou seja, um desembargador para cada 66.600 habitantes, enquanto o Paran&aacute;, com praticamente a mesma popula&ccedil;&atilde;o (censo de 2017), possui 145 desembargadores, o que d&aacute; uma media de 70.000 habitantes para cada desembargador. <br /> <br /> Em Bas&iacute;lia (DF), com apenas 3,03 milh&otilde;es de habitantes (censo de 2017), o seu tribunal de justi&ccedil;a possui 49 desembargadores. J&aacute; S&atilde;o Paulo, que tem 45,09 milh&otilde;es de habitantes - ou seja tr&ecirc;s vezes a popula&ccedil;&atilde;o da Bahia-, possui 360 desembargadores, o que significa, em termos de atendimento &agrave; popula&ccedil;&atilde;o, um desembargador para cada 125.000 habitantes, em termos proporcionais, para chegarmos ao patamar do tribunal paulista ter&iacute;amos que ter 120 desembargadores.<br /> <br /> Em Minas Gerais, com uma popula&ccedil;&atilde;o de 21,11 milh&otilde;es de habitantes (censo 2017), seu tribunal de justi&ccedil;a possui 140 desembargadores, o que significa que, para cada desembargador, s&atilde;o distribu&iacute;dos 150 mil habitantes. Na Bahia, volto a lembrar, &eacute; um Desembargador para cada 251.000 mil habitantes. Com o aumento para 70 desembargadores, ter&iacute;amos um magistrado de segundo grau para mais ou menos 217 mil habitantes. Dessa forma, o aumento de nove desembargadores em sua composi&ccedil;&atilde;o &eacute; uma necessidade, mesmo que n&atilde;o se atenda o que realmente o TJBA precisa. <br /> <br /> A moderniza&ccedil;&atilde;o que a popula&ccedil;&atilde;o espera da Justi&ccedil;a com certeza foi atendida com a proposta do ilustre presidente deste colegiado, Desembargador Gesivaldo Britto, que tamb&eacute;m assim procedeu em rela&ccedil;&atilde;o ao primeiro grau, cumprindo promessa feita por ocasi&atilde;o de sua posse, com a determina&ccedil;&atilde;o de abertura de concurso para magistrado de primeiro grau, o que acarretar&aacute;, consequentemente, o aumento na demanda.<br /> <br /> Muitos outros tribunais possuem maior n&uacute;mero de desembargadores, mas o pequeno aumento agora aprovado pelo Pleno demonstra a conscientiza&ccedil;&atilde;o do TJ/BA para levar ao Legislativo essa proposta, ponto de partida para tornar nossa justi&ccedil;a mais &aacute;gil e efetiva, proporcionando ao povo baiano o exerc&iacute;cio pleno da cidadania.<br /> <br /> Com toda certeza, quando essa proposi&ccedil;&atilde;o for submetida ao Conselho Nacional de Justi&ccedil;a - CNJ, este &oacute;rg&atilde;o, ao comparar o indicador da &ldquo;Justi&ccedil;a em N&uacute;meros&rdquo;, certamente dar&aacute; o mais amplo apoio e aprova&ccedil;&atilde;o &agrave; medida tomada em beneficio de todos os jurisdicionados da Bahia, compromisso n&uacute;mero um de Gesivaldo Britto.<br /> <br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_baltazar-miranda-saraiva_desembargdor-tjba.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> Baltazar Miranda Saraiva</i></b> &eacute; Desembargador, Presidente da 5&ordf; C&acirc;mara C&iacute;vel, membro da Comiss&atilde;o de Igualdade do Tribunal de Justi&ccedil;a do Estado da Bahia, do Conselho da Magistratura (TJ/BA), da Associa&ccedil;&atilde;o Bahiana de Imprensa-ABI, da Sociedade Amigos da Marinha-SOAMAR e Vice-Presidente Social, Cultural e Esportivo da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional dos Magistrados Estaduais (ANAMAGES).