O crucial desinteresse pelo magistério

28 de junho de 2018 às 16:29

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A exist&ecirc;ncia de s&oacute; 2,4% dos estudantes com o desejo de um dia se tornarem professores, constatada pelo levantamento da OCDE (Organiza&ccedil;&atilde;o para a Coopera&ccedil;&atilde;o e Desenvolvimento Econ&ocirc;mico) constitui um grande problema. H&aacute; 10 anos, 7,5% queriam dar aulas e antes disso o percentual era muito maior. O desinteresse, segundo a pesquisa, vem dos baixos sal&aacute;rios e do pouco reconhecimento e import&acirc;ncia social &agrave; carreira. Os professores s&atilde;o hoje os primeiros a aconselharem os alunos a buscar outras profiss&otilde;es. Isso forma um quadro sombrio para as pr&oacute;ximas gera&ccedil;&otilde;es, visto que o professor &eacute; fundamental no processo de aprendizagem de um povo e de sua atividade dependem os futuros integrantes de todas as demais profiss&otilde;es.<br /> <br /> &Eacute; preciso descobrir onde se rompeu o elo entre o professor do passado, que tinha energia e motiva&ccedil;&atilde;o para ensinar, e o atual, acuado por profundo sentimento de desvaloriza&ccedil;&atilde;o, infeliz com seus sal&aacute;rios, amea&ccedil;ado por alunos cada dia mais violentos e, muitas vezes, explorado e iludido ideologicamente. N&atilde;o &eacute; o caso de ser saudosista e buscar solu&ccedil;&atilde;o no passado, mas de olhar para a frente e tentar prospectar as formas de devolver a autoestima e as condi&ccedil;&otilde;es b&aacute;sicas para o exerc&iacute;cio da nobre miss&atilde;o de ensinar. Compreender que sem professores capazes e atentos, fica mais dif&iacute;cil alcan&ccedil;ar todas as demais &aacute;reas do conhecimento.<br /> <br /> Acusa-se as sucessivas pol&iacute;ticas de massifica&ccedil;&atilde;o do ensino como respons&aacute;veis pelo atual estado de coisas. Mas &eacute; bom lembrar tamb&eacute;m que, al&eacute;m disso, tamb&eacute;m se verificou a nefasta invas&atilde;o pol&iacute;tico-ideol&oacute;gica das salas de aulas. O aluno, em vez de receber instru&ccedil;&otilde;es para o seu desenvolvimento educacional, passou a ser doutrinado em maior ou menor propor&ccedil;&atilde;o. Mais do que mat&eacute;rias do curr&iacute;culo, a clientela recebe conceitos pol&iacute;ticos e sociais, e deu no que deu. Muitos professores de hoje j&aacute; estudaram dentro desse quadro politizado que nem sempre se sustenta. E hoje vemos, inclusive, um movimento pregando a escola sem partido e grandes parcelas da comunidade escolar defendendo o contr&aacute;rio.<br /> <br /> &nbsp;Com toda certeza, os respons&aacute;veis pela politiza&ccedil;&atilde;o das escolas tinham boas inten&ccedil;&otilde;es. Mas a pr&aacute;tica aponta problemas. As autoridades governamentais, os parlamentares e os especialistas dos not&oacute;rios centros de educa&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s, despidos de suas ideologias, precisam por a m&atilde;o na consci&ecirc;ncia e partir para a busca sincera do ponto de ruptura. Precisamos ter a escola de qualidade, que qualifique o aluno para o enfrentamento da vida. Aqueles que quiserem fazer pol&iacute;tica, a&ccedil;&atilde;o sindical ou social, que o fa&ccedil;am no devido lugar, mas respeitem o sagrado territ&oacute;rio escolar, mantendo-o como campo neutro, b&aacute;sico e comum a todas as tend&ecirc;ncias. Feito isso, talvez, voltem a autoestima dos professores e o interesse dos alunos em abra&ccedil;ar a profiss&atilde;o...<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />