O Judiciário no olho do furacão

09 de julho de 2018 às 14:30

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A emocionalidade e a vitimiza&ccedil;&atilde;o criadas ao redor da condena&ccedil;&atilde;o e pris&atilde;o do ex-presidente Lula j&aacute; foram longe demais. &Eacute; irracional acreditar que, mesmo depois de perder mais de 70 recursos impetrados em todos os n&iacute;veis da Justi&ccedil;a, o r&eacute;u ainda se encontre condenado e recolhido sem provas, como seus correligion&aacute;rios insistem fazer crer o povo brasileiro e a opini&atilde;o p&uacute;blica internacional. &Eacute; verdade que o paciente e seus defensores t&ecirc;m o direito de peticionar em todas as vertentes onde possam enxergar alguma possibilidade de sucesso. Mas o Poder Judici&aacute;rio tem o dever de temperan&ccedil;a e isen&ccedil;&atilde;o para que se cumpra a sua finalidade de garantir as leis e com isso promover a arbitragem das diferen&ccedil;as e servir &agrave; sociedade. Um juiz como o plantonista que tentou libertar o ex-presidente em rito sum&aacute;rio, pela sua longa milit&acirc;ncia petista anterior ao vestir da toga, deveria ter-se dado por suspeito em vez de, na fugacidade de sua tarefa sazonal, tentar mudar a decis&atilde;o do colegiado sobre o seu ex-l&iacute;der. O titular de um plant&atilde;o &eacute;, como o oficial de dia de um quartel, apenas aquele que mant&eacute;m a porta da reparti&ccedil;&atilde;o aberta para cuidar de eventualidades, e n&atilde;o t&ecirc;m poder de comando nem de mudar coisas j&aacute; decididas pela institui&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Mais do que manter preso ou libertar o condenado vip, o que preocupa &eacute; a inger&ecirc;ncia pol&iacute;tica, partid&aacute;ria ou ideol&oacute;gica no Judici&aacute;rio que, para ser &uacute;til &agrave; comunidade, tem de ser isento e guardi&atilde;o da Constitui&ccedil;&atilde;o, das leis e da hierarquia. O ocorrido em Porto Alegre n&atilde;o &eacute; inova&ccedil;&atilde;o, pois tem antecedentes recentes no Supremo Tribunal Federal, onde decis&otilde;es monocr&aacute;ticas ou de turma t&ecirc;m ignorado a colegialidade. Isso lan&ccedil;a o Judici&aacute;rio no olho do fura&ccedil;&atilde;o do descr&eacute;dito popular j&aacute; reinante sobre Executivo e Legislativo. Agora, a corte suprema tem o dever de promover a pacifica&ccedil;&atilde;o jur&iacute;dica e dissecar as d&uacute;vidas lan&ccedil;adas. N&atilde;o o fazendo, poder&atilde;o prosperar as temer&aacute;rias propostas de reforma judici&aacute;ria j&aacute; existentes no Congresso Nacional. Precisamos de julgadores isentos e, mais que isso, de defensores, guardi&otilde;es das institui&ccedil;&otilde;es em que operam e capazes de recha&ccedil;ar atitudes que possam apequenar a sua nobre tarefa. &Eacute; da&iacute; que vem a seguran&ccedil;a jur&iacute;dica e a certeza aos cidad&atilde;os sobre o l&iacute;cito e o il&iacute;cito.<br /> <br /> Frustrada a tentativa de liberta&ccedil;&atilde;o do condenado, seus aliados, usando o tom moralista e vitimizante que serviu ao Partido dos Trabalhadores e seus sat&eacute;lites, durante toda sua trajet&oacute;ria ao poder, tentam agora mobilizar a milit&acirc;ncia. Alguns verbalizam ofensas contra o Judici&aacute;rio, Pol&iacute;cia Federal e autoridades, algo que v&ecirc;m cometendo desde o impeachment de Dilma Rousseff, impropriamente classificado como &ldquo;golpe&rdquo;. J&aacute; passou da hora dos ofendidos reagirem institucional e juridicamente para evitar que, atrav&eacute;s de sofismas, continuem tentando incendiar o pa&iacute;s. Estamos a menos de tr&ecirc;s meses das elei&ccedil;&otilde;es que renovar&atilde;o os governos federal e estaduais e o Legislativo. Sua inviabiliza&ccedil;&atilde;o ou a cria&ccedil;&atilde;o de um ambiente de inseguran&ccedil;a seria um golpe contra o futuro do pa&iacute;s.<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br <br />