A alegria segundo Francisco

09 de julho de 2018 às 14:42

João Baptista Herkenhof
O maior anseio das pessoas, individualmente, e dos povos, coletivamente, &eacute; encontrar, nesta vida transit&oacute;ria, a felicidade e a alegria.<br /> <br /> No mundo capitalista, onde tudo se transforma em mercadoria, pretende-se fazer da felicidade um objeto de consumo e, por consequ&ecirc;ncia, submetido a opera&ccedil;&otilde;es de compra e venda.<br /> <br /> Na contram&atilde;o do pensamento circulante, marcado pelos desvalores, o Papa Francisco come&ccedil;a sua enc&iacute;clica &ldquo;Evangelii Gaudium&rdquo; (A Alegria do Evangelho) denunciando a falsa alegria:<br /> <br /> &ldquo;O grande risco do mundo atual, com sua m&uacute;ltipla e avassaladora oferta de consumo, &eacute; uma tristeza individualista que brota do cora&ccedil;&atilde;o comodista e mesquinho.&rdquo;<br /> <br /> Em oposi&ccedil;&atilde;o &agrave; enganosa proposta de felicidade fundada no egocentrismo, Francisco aponta uma outra rota para conduzir nossas vidas: &ldquo;Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para al&eacute;m de n&oacute;s mesmos a fim de alcan&ccedil;armos o nosso ser mais verdadeiro.&rdquo;<br /> <br /> As exorta&ccedil;&otilde;es do Papa n&atilde;o devem merecer ausculta apenas dos crentes e dos crist&atilde;os, e muito menos receber a restrita aten&ccedil;&atilde;o dos cat&oacute;licos.<br /> <br /> O texto &eacute; ecum&ecirc;nico, aberto aos m&uacute;ltiplos pensares contempor&acirc;neos. N&atilde;o pretende, de modo algum, converter quem quer que seja ao redil confessional de Roma.<br /> <br /> Numa &eacute;poca em que se faz da mulher um objeto, de forma expl&iacute;cita ou sub-rept&iacute;cia, Bergoglio exalta a dignidade do feminino e n&atilde;o utiliza meias palavras para profligar o machismo e a viol&ecirc;ncia dom&eacute;stica.<br /> <br /> Segundo prognostico, durante a perman&ecirc;ncia de Francisco no Vaticano a mulher ser&aacute; admitida ao sacerd&oacute;cio cat&oacute;lico, com lament&aacute;vel atraso, pois em outras igrejas evang&eacute;licas j&aacute; temos mulheres exercendo, em plenitude, o pastoreio e ocupando as sedes episcopais.<br /> <br /> Em recente Missa do Galo, disse o Papa que o mundo precisa de ternura. Papas anteriores doutrinaram que o mundo precisa de Justi&ccedil;a, Solidariedade, melhor distribui&ccedil;&atilde;o dos bens, conviv&ecirc;ncia harm&ocirc;nica entre as na&ccedil;&otilde;es. Nunca tinha ouvido um Papa dizer que o mundo precisa de ternura.<br /> <br /> O que &eacute; essa ternura que o Papa argentino deseja que habite o cora&ccedil;&atilde;o da Humanidade? Essa ternura n&atilde;o resume todos os valores, todas as metas, todos os sonhos?<br /> <br /> Parece que, naquele momento, S&atilde;o Francisco de Assis habitou o esp&iacute;rito do seu hom&ocirc;nimo: &rdquo;Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz.&rdquo;<br /> <br /> A ternura n&atilde;o tem r&oacute;tulo de um credo religioso, nem est&aacute; enclausurada nos dom&iacute;nios da F&eacute;. Foi resumida, n&atilde;o por um fil&oacute;sofo, na academia, mas por um cantor argentino, num cabar&eacute;: &ldquo;Tenemos que abrirnos, no hay otro rem&eacute;dio.&rdquo; (Carlos Cardel).<br /> <br /> <i><b>Jo&atilde;o Baptista Herkenhoff</b> &eacute; </i>juiz ce Direito aposentado (ES), palestrante e escritor<br /> E-mail &ndash; <a href="http://mailto:jbpherkenhoff@gmail.com" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><u><i>jbpherkenhoff@gmail.com</i></u></span></a><br /> Homepage &ndash; <a href="http://www.palestrantededireito.com.br/" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><u><i>www.palestrantededireito.com.br</i></u></span></a><br />