Violência contra professores não pode ser vista como algo normal

13 de agosto de 2018 às 16:40

David Marcelo P. Berto
A viol&ecirc;ncia contra professores no Brasil &eacute; chocante. Recentemente a m&iacute;dia noticiou que s&oacute; no estado de S&atilde;o Paulo os casos de agress&atilde;o a docentes aumentaram 189%. Infelizmente, essa &eacute; a realidade em todo o pa&iacute;s, em escolas p&uacute;blicas e privadas. &Eacute; uma prova cabal de que o pa&iacute;s est&aacute; muito abaixo do n&iacute;vel civilizat&oacute;rio que deveria estar. Dados mais recentes da Organiza&ccedil;&atilde;o para a Coopera&ccedil;&atilde;o e Desenvolvimento Econ&ocirc;mico (OCDE) mostram que o Brasil tem o pior &iacute;ndice no mundo quando o assunto &eacute; viol&ecirc;ncia contra professores. Se fizermos uma pesquisa boca a boca nas escolas, constataremos que a grande maioria dos docentes j&aacute; sofreu algum tipo de agress&atilde;o, seja ela verbal ou f&iacute;sica. Tal fato j&aacute; &eacute; tratado como algo t&atilde;o banal que a grande maioria dos profissionais agredidos n&atilde;o presta queixa, preferindo relevar o desrespeito. E, para piorar a situa&ccedil;&atilde;o, a dire&ccedil;&atilde;o pedag&oacute;gica de muitas escolas tamb&eacute;m n&atilde;o toma as provid&ecirc;ncias cab&iacute;veis. Assombroso, n&atilde;o &eacute; mesmo? Em raz&atilde;o desta e de outras quest&otilde;es, n&atilde;o &eacute; de se espantar que mais de 49% dos professores entrevistados em pesquisa recente n&atilde;o recomendam sua pr&oacute;pria profiss&atilde;o.&nbsp; &nbsp;<br /> <br /> Parece &oacute;bvio dizer que &eacute; responsabilidade da fam&iacute;lia transmitir valores &eacute;ticos e morais a uma crian&ccedil;a. Mas, atualmente, esse dever est&aacute; sendo um tanto descuidado. Muitos pais n&atilde;o apenas se eximem de dar limites aos seus filhos como tamb&eacute;m consideram inadmiss&iacute;vel que um educador repreenda um aluno por algum comportamento conden&aacute;vel. Esses pais tamb&eacute;m n&atilde;o admitem que seus filhos sejam mal avaliados quando o desempenho deles deixa a desejar. Essa condescend&ecirc;ncia dos pais com a indisciplina dos filhos &eacute; um dos fatores que contribuem para o aumento da falta de respeito para com o professor em sala de aula, o que muitas vezes redunda em agress&otilde;es.&nbsp; &nbsp;<br /> <br /> Essa viol&ecirc;ncia contra os professores n&atilde;o pode ser vista como algo normal. Um professor levar uma cadeirada na cabe&ccedil;a porque chamou a aten&ccedil;&atilde;o de um aluno por ele ter chegado atrasado; uma professora ser &lsquo;pega na sa&iacute;da&rsquo; por dois alunos que foram repreendidos por estarem brincando no celular em sala de aula; um professor ser chamado &agrave; dire&ccedil;&atilde;o para mudar a nota de um aluno desinteressado porque o pai dele reclamou da nota baixa. Esses epis&oacute;dios n&atilde;o podem ser considerados normais. O educador merece ser respeitado.<br /> <br /> E porque essas atitudes acontecem com tanta frequ&ecirc;ncia? Faltam limites &agrave;s nossas crian&ccedil;as, jovens e mesmo adultos. Faltam no&ccedil;&otilde;es de respeito e hierarquia. Falta desenvolvimento emocional e social. Focar nas causas da viol&ecirc;ncia e a perspectiva na qual a mesma deve ser enquadrada s&atilde;o a chave para alcan&ccedil;armos uma solu&ccedil;&atilde;o. Prevenir, e n&atilde;o apenas remediar, passa pela capacidade dos professores de provocar em seus alunos as tais habilidades socioemocionais. A fam&iacute;lia tem um papel primordial na constru&ccedil;&atilde;o dessas habilidades, mas a escola tamb&eacute;m se v&ecirc; diante da necessidade de refor&ccedil;ar as atitudes de respeito, gentileza e sociabilidade &ndash; atitudes indispens&aacute;veis para o pleno desenvolvimento do ser humano. Por&eacute;m, falta metodologia para transformar as inten&ccedil;&otilde;es em a&ccedil;&otilde;es pr&aacute;ticas. Sem isso, pouco se pode esperar em termos de transforma&ccedil;&atilde;o da realidade. &Eacute; preciso que haja m&eacute;todos eficazes, que garantam uma ado&ccedil;&atilde;o suave dos processos, a fim de assegurar a pr&aacute;xis educativa de bons resultados. Um processo adequado, aliado a conte&uacute;dos de qualidade, facilita a prepara&ccedil;&atilde;o dos professores para enfrentar os desafios que hoje se imp&otilde;em no ambiente escolar.<br /> <br /> Objeto de estudo e desenvolvimento de metodologias para enfrentar tais quest&otilde;es, os centros internacionais de excel&ecirc;ncia em Forma&ccedil;&atilde;o de Professores t&ecirc;m disseminado t&eacute;cnicas para o desenvolvimento das habilidades socioemocionais entre os docentes. <br /> &nbsp;<br /> <i><b>David Marcelo P. Berto</b></i> &eacute; coordenador do Programa L&iacute;nguas Estrangeiras da Planneta Educa&ccedil;&atilde;o, empresa do grupo Vitae Brasil. Graduado em Letras pela Faculdade Anhanguera de Taubat&eacute;/SP; tradutor-int&eacute;rprete de Libras pela IMOESC &ndash; Ca&ccedil;apava/SP; professor de l&iacute;ngua inglesa; formador internacional do m&eacute;todo Kagan Cooperative Learning (San Diego University - California/USA); palestrante da plataforma YouTube Edu sobre habilidades socioemocionais na educa&ccedil;&atilde;o; al&eacute;m de especialista em constru&ccedil;&atilde;o de identidade da sala de aula, identidade do grupo e aprendizagem baseada no c&eacute;rebro. <br />