A ingratidão é filha do diabo

21 de agosto de 2018 às 11:26

Genaldo de Melo
Um amigo encaminhou-me uma mensagem pedindo minha opini&atilde;o sobre porque muita gente se esquece do passado e trai descaradamente no mundo pol&iacute;tico. Por que ser&aacute; que as pessoas que estendemos as m&atilde;os s&atilde;o exatamente as pessoas que cometem os maiores desatinos pol&iacute;ticos em nome de seus interesses pessoais?<br /> <br /> Esse amigo perdeu a elei&ccedil;&atilde;o no ultimo pleito municipal, devido a ingratid&atilde;o de antigos inimigos que se tornaram companheiros pol&iacute;ticos de momento. Por que tanta gente e mesmo grupos, que da situa&ccedil;&atilde;o de protegidos, na escalada do sucesso, cortam os punhos daqueles que tanto lhe ajudaram a subir? Penso que na pol&iacute;tica assim como na guerra voc&ecirc; n&atilde;o pode estender as m&atilde;os, e fazer favores a inimigos pol&iacute;ticos ou a mercen&aacute;rios com carapu&ccedil;as de anjo. Mas para exemplificar tal principio contarei pequena hist&oacute;ria real.<br /> <br /> Um dos maiores exemplos da hist&oacute;ria poucas pessoas conhecem da ingratid&atilde;o da sorte. Em 28 de setembro de 1918, em plena Primeira Guerra Mundial, o soldado da infantaria brit&acirc;nica de Wellington, Henry Tendey, cometeu esse grave erro de n&atilde;o atender ao principio de que inimigo &eacute; sempre inimigo, e pronto! Naquele dia os brit&acirc;nicos ganharam o dia e avan&ccedil;aram cautelosamente contra as trincheiras alem&atilde;s, perto da aldeia francesa de Marcoing.<br /> <br /> Num determinado momento o soldado Tendey avistou pr&oacute;ximo um soldado inimigo, um cabo ca&iacute;do no ch&atilde;o ensang&uuml;entado. Teria sido f&aacute;cil para Tendey eliminar esse inimigo, como j&aacute; matara tantos naquele dia fat&iacute;dico. Mas n&atilde;o eliminou o inimigo, desempenhando um papel her&oacute;ico na batalha, tanto que depois foi condecorado com a Victoria Cross, a mais alta medalha dos tempos de guerra, por sua grande sensibilidade humana. Ele sentiu que jamais poderia disparar contra um homem desarmado, ferido e cansado da guerra.<br /> <br /> Pois bem! 22 anos depois j&aacute; na Segunda Guerra Mundial, enquanto avi&otilde;es nazistas bombardeavam a cidade de Coventry, onde justamente o ex-soldado Tendey trabalhava como seguran&ccedil;a na fabrica de autom&oacute;veis Triumph, justamente ele rangia os dentes e se lamentava pelo erro que cometera no passado. O cabo que ele n&atilde;o matara era o criminoso Adolf Hitler. O gesto humano de Tendey acabou levando a morte milh&otilde;es de pessoas, e numa amarga ironia do destino militar, colocou sua pr&oacute;pria vida a merc&ecirc; do monstro, cuja vida ele poderia ter tirado em 1918.<br /> <br /> Nos dias de hoje est&aacute; a acontecer exatamente na pol&iacute;tica casos parecidos. Mesmos que muitos dos leitores dos meus textos n&atilde;o concordem com minhas opini&otilde;es, mesmo assim a conjuntura pol&iacute;tica na Bahia mudou muito nos &uacute;ltimos tempos e para melhor. Mas os atores desse processo de mudan&ccedil;a, n&atilde;o podem cometer esses erros fatais, estendendo as m&atilde;os aos inimigos, pensando na elei&ccedil;&atilde;o pr&oacute;xima. Os exemplos recentes mostram a capacidade de alguns para a trai&ccedil;&atilde;o. A Bahia nos &uacute;ltimos anos foi um celeiro para aquela prima chamada ingratid&atilde;o.<br /> <br /> Tomara que n&atilde;o seja elevado aos postos de poder grupos que representam o passado e a tradi&ccedil;&atilde;o da trai&ccedil;&atilde;o. Pois a historia como &eacute; a prova dos nove, ensina que n&atilde;o devemos entregar aos inimigos declarados a chave de nossa casa. E caso tenhamos que emprestar a chave, que no inicio da noite troquemos os cadeados, porque a ingratid&atilde;o &eacute; filha do diabo e sempre aparece no dia seguinte.<br /> <br /> <img src="/uploads/image/artigos_genaldo-de-melo_analista-politico.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Por <b><i>Genaldo de Melo</i></b><br /> Fonte: genaldo40.blogspot.com