Os municípios que não se sustentam

27 de agosto de 2018 às 16:48

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
Um ter&ccedil;o dos munic&iacute;pios brasileiros n&atilde;o gera receita nem para pagar os sal&aacute;rios de seus prefeitos, vereadores e secret&aacute;rios municipais. A revela&ccedil;&atilde;o &eacute; do estudo da Firjan (Federa&ccedil;&atilde;o das Ind&uacute;strias do Rio de Janeiro), que constatou serem superiores a 90% os repasses que a Uni&atilde;o e os Estados s&atilde;o obrigados a fazer para a composi&ccedil;&atilde;o do or&ccedil;amento municipais das localidades com menos de 20 mil habitantes. Essa &eacute; a prova da inviabilidade da emancipa&ccedil;&atilde;o ocorrida nas ultimas d&eacute;cadas, parte delas resultantes de facilidades criadas na Constitui&ccedil;&atilde;o de 88. Diminutos pontos urbanizados, esses locais teriam melhores condi&ccedil;&otilde;es de&nbsp; atendimento &agrave; sua popula&ccedil;&atilde;o se continuassem como distritos de seus munic&iacute;pios geradores, pois n&atilde;o teriam de pagar os agentes p&uacute;blicos que, via-de-regra, t&ecirc;m sal&aacute;rios superiores aos do funcionalismo comum.<br /> <br /> Os registros dizem que a prolifera&ccedil;&atilde;o de munic&iacute;pios vem desde os anos 30 do s&eacute;culo passado, se intensificou nos anos 50 e 60, foi restringida durante os governos militares e novamente acelerada na redemocratiza&ccedil;&atilde;o. De 1984 a 2000 foram criados 1405 munic&iacute;pios, os que equivale a um aumento de 34,4%, elevando de 4.102 para 5.507 o n&uacute;mero de localidades&nbsp; com prefeitura, c&acirc;mara, prefeito, vice-prefeito, vereadores e secret&aacute;rios municipais, que os impostos arrecadados passaram a sustentar. Com algumas varia&ccedil;&otilde;es pontuais, hoje o territ&oacute;rio brasileiro &eacute; composto por 5.570 munic&iacute;pios.<br /> <br /> As principais causas citadas para a emancipa&ccedil;&atilde;o foram em 52,2% o descaso da administra&ccedil;&atilde;o do munic&iacute;pio de origem para com o distrito; 23,6% a exist&ecirc;ncia de forte atividade econ&ocirc;mica no distrito; e 1,4%, o aumento da popula&ccedil;&atilde;o do distrito. Pouco se fala da cria&ccedil;&atilde;o de uma elite pol&iacute;tica que funciona como cabos eleitorais para parlamentares, mas ela tamb&eacute;m &eacute; real. Os candidatos de todos os n&iacute;veis &ndash; presidente, governador, senador e deputados &ndash; devem se pronunciar sobre o problema e, inclusive, esclarecer se querem resolv&ecirc;-lo ou se preferem continuar com esse monte de munic&iacute;pios paup&eacute;rrimos, de prefeitos com o pires na m&atilde;o e popula&ccedil;&atilde;o desassistida.<br /> <br /> Dentre as muitas reformas que o pa&iacute;s necessita est&aacute; a busca da sustentabilidade para os munic&iacute;pios. Os estudos demonstram que muitos deles n&atilde;o re&uacute;nem raz&otilde;es objetivas para a vida aut&ocirc;noma. Muito se fala numa reforma tribut&aacute;ria que d&ecirc; mais condi&ccedil;&otilde;es de arrecada&ccedil;&atilde;o municipal. Mas, pelo que demonstram os levantamentos, a maioria dos pequenos munic&iacute;pios mesmo assim n&atilde;o teria condi&ccedil;&atilde;o de continuar existindo. Ser&aacute; poss&iacute;vel desemancip&aacute;-los e voltar seu territ&oacute;rio ao dom&iacute;nio do munic&iacute;pio de origem?<br /> <br /> O ideal ser&aacute; o dia em que o pa&iacute;s atingir o equil&iacute;brio entre produ&ccedil;&atilde;o e gastos, sem os monstruosos d&eacute;ficits nas administra&ccedil;&otilde;es federal, estaduais e municipais, s&oacute; se mantendo os que realmente tiverem equil&iacute;brio. Mas, para isso, ser&aacute; necess&aacute;rio acabar com os conchavos pol&iacute;ticos e o clientelismo onde muitos ganham sem produzir e outros s&atilde;o obrigados a produzir mais para pagar a conta dos maus h&aacute;bitos administrativos, dos esquemas viciados e at&eacute; da corrup&ccedil;&atilde;o. Detalhe: h&aacute; em tramita&ccedil;&atilde;o no Congresso, lei que autoriza a cria&ccedil;&atilde;o de mais 400 munic&iacute;pios...<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <b><i>Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />