A lei eleitoral como direito positivo

09 de setembro de 2018 às 10:13

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
O eleitor &eacute; hoje v&iacute;tima de uma situa&ccedil;&atilde;o que n&atilde;o criou. V&ecirc; centenas de lideres pol&iacute;ticos &ndash; homens e mulheres - com a biografia manchada por den&uacute;ncias e apura&ccedil;&otilde;es de corrup&ccedil;&atilde;o e outros crimes e, mesmo assim, recebe deles o pedido de voto. H&aacute;, inclusive o caso do ex-presidente Lula que, apesar de preso, tenta fazer valer a sua candidatura a mais um mandato presidencial, e o da ex-presidente Dilma que, pela lei do impeachment, deveria estar cumprindo 8 anos de inelegibilidade, mas &eacute; candidata ao Senado com possibilidades de ser eleita. Agora, o ex-governador Anthony Garotinho, do Rio de Janeiro, que concorre &agrave; reelei&ccedil;&atilde;o, acaba de ser condenado em segunda inst&acirc;ncia e tamb&eacute;m deve engrossar o time dos ineleg&iacute;veis que lutam para concorrer. Tudo isso num calend&aacute;rio eleitoral justo, a apenas um m&ecirc;s das elei&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> O Brasil, conhecido pela imensa gama de recursos judiciais - que durante muitos anos&nbsp; permitiu aos endinheirados, que podem pagar bons advogados, n&atilde;o ir para a cadeia - ainda sofre da s&iacute;ndrome dos muitos recursos para quest&otilde;es cristalinas. A Opera&ccedil;&atilde;o Lava Jato acabou com muito da impunidade, colocando atr&aacute;s das grades destacados pol&iacute;ticos e ricos empres&aacute;rios fraudadores e propineiros. Mas o mesmo rigor n&atilde;o ocorre na pr&aacute;tica da aplica&ccedil;&atilde;o das leis. Tanto que o ex-ministro Jos&eacute; Dirceu, condenado amais de 30 anos na Lava Jato, est&aacute; solto por ordem do Supremo Tribunal Federal, e o processo eleitoral &eacute; corro&iacute;do pela recurseira que o Partido dos Trabalhadores impetra na tentativa de inovar e transformar o direito positivo em optativo ou at&eacute; subordinado a &oacute;rg&atilde;os internacionais de car&aacute;ter ideol&oacute;gico. Isso coloca em risco o resultado das elei&ccedil;&otilde;es.<br /> <br /> Carecemos, urgentemente, da reforma de procedimentos que tornem o direito efetivamente positivo. N&atilde;o permita tergiversa&ccedil;&otilde;es que chegam ao absurdo de negar a jurisprud&ecirc;ncia e desobedecer flagrantemente as ordens judiciais. Feita pelos pol&iacute;ticos, diretos interessados na sua n&atilde;o aplica&ccedil;&atilde;o, as leis eleitorais s&atilde;o extremamente lenientes e permitem prazos e recursos infind&aacute;veis. Al&eacute;m disso, os litigantes inventam outras quest&otilde;es que a tornam ainda mais ineficiente quando se trata de punir e reparar maus procedimentos. Pelo que definiu o legislador, pol&iacute;tico condenado por um colegiado &eacute; ficha suja e n&atilde;o pode ser candidato, governante afastado por impeachment &eacute; ineleg&iacute;vel por oito anos e condenado em segunda inst&acirc;ncia tem de cumprir a pena. N&atilde;o h&aacute; mais o que discutir. Tudo o que se faz diferente disso, serve apenas para enfraquecer as institui&ccedil;&otilde;es e manchar ainda mais a imagem do pol&iacute;tico nacional perante o eleitorado. &Eacute; a decep&ccedil;&atilde;o nacional quanto &agrave; elei&ccedil;&atilde;o e aos poderes constitu&iacute;dos, que se amplia e nos conduz rumo a um futuro incerto...<br /> <b><i>&nbsp;<br /> </i></b><b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />