O ÓDIO NA POLÍTICA É UM SINAL DE DECADÊNCIA DO PROCESSO CIVILIZATÓRIO

09 de setembro de 2018 às 10:14

Ivandilson Miranda Silva
A pol&iacute;tica para Hannah Arendt (2006) tem como perspectiva a ideia de pluralidade e a preocupa&ccedil;&atilde;o com o conv&iacute;vio das diferen&ccedil;as. Dessa maneira a pol&iacute;tica garante a liberdade de pensamento e o respeito &agrave;s m&uacute;ltiplas concep&ccedil;&otilde;es de mundo. Nesse sentido, o di&aacute;logo &eacute; a possibilidade de comunica&ccedil;&atilde;o saud&aacute;vel e democr&aacute;tica entre as pessoas que acreditam numa exist&ecirc;ncia pacifica e &eacute;tica, mesmo pensando de formas opostas.<br /> <br /> N&atilde;o se pode conceber a exist&ecirc;ncia humana nas sociedades contempor&acirc;neas de outra maneira. A democracia iniciada na Gr&eacute;cia e aperfei&ccedil;oada ao longo da hist&oacute;ria com a participa&ccedil;&atilde;o da mulher, dos povos originais (vulgarmente chamados de ind&iacute;genas), dos afrodescendentes, dos direitos LGBTQ+ (l&eacute;sbicas, gays, l&eacute;sbicas, bissexuais, pansexuais, polisexuais, assexuais, pessoas n&atilde;o-bin&aacute;rias, transg&ecirc;neras ou transexuais), das pessoas com defici&ecirc;ncia, dos religiosos e n&atilde;o religiosos, dos idosos, daqueles que tem ideologias e daqueles que n&atilde;o tem, enfim, da diversidade social que &eacute; importante que exista. &nbsp;<br /> <br /> A democracia &eacute; garantia das liberdades, das identidades e da multiplicidade da vida. A pol&iacute;tica s&oacute; pode acontecer de forma integral e segura num ambiente dessa natureza, pois ela autoriza o di&aacute;logo e o debate humanit&aacute;rio entre os contr&aacute;rios. Para Arendt (2006) a aus&ecirc;ncia da pol&iacute;tica potencializa as rela&ccedil;&otilde;es de viol&ecirc;ncia, as manifesta&ccedil;&otilde;es de &oacute;dio contra o outro ou contra ideias divergentes. <br /> <br /> O &oacute;dio nega a pol&iacute;tica e suas consequ&ecirc;ncias s&atilde;o tr&aacute;gicas, pois quem planta viol&ecirc;ncia, acaba colhendo viol&ecirc;ncia. Se agrido mulheres com xingamentos e coment&aacute;rios machistas, odiarei as mulheres e serei odiado por elas, se agrido negros, gays, l&eacute;sbicas e trans, odiarei esse p&uacute;blico e serei odiado por eles, O efeito &eacute; bumerangue mesmo, vai e volta, criando uma corrente de sentimentos negativos. <br /> <br /> Infelizmente, nos &uacute;ltimos anos no Brasil, o tom das rela&ccedil;&otilde;es entre as pessoas tem sido pautado por ofensas, agress&otilde;es e viol&ecirc;ncia, muita viol&ecirc;ncia. Parece que a pol&iacute;tica perde terreno a cada dia para a viol&ecirc;ncia. Tais pr&aacute;ticas n&atilde;o contribuem para o fortalecimento da nossa sociedade que inicia seu processo de redemocratiza&ccedil;&atilde;o em meados da d&eacute;cada de 1980, do s&eacute;culo XX. A Ditadura Militar (1964-1985) foi marcada pela viola&ccedil;&atilde;o dos direitos humanos com mortes e torturas de pessoas que n&atilde;o aceitavam um regime antidemocr&aacute;tico. A ditadura n&atilde;o dialogava, torturava e matava e isso foi extremamente ruim para o nosso pa&iacute;s e para o nosso processo civilizat&oacute;rio.<br /> <br /> N&atilde;o podemos retroceder, o Brasil &eacute; de todos n&oacute;s. &Eacute; preciso entender que o &oacute;dio &eacute; um sentimento de destrui&ccedil;&atilde;o e o amor que acolhe e respeita o outro &eacute; um sentimento de paz. Finalizo com as palavras/poemas de Renato Teixeira e Almir Sater que nos diz: &ldquo;&eacute; preciso amor pra poder pulsar, &eacute; preciso paz pra poder sorrir. Vamos deixar esse &oacute;dio e esse preconceito ir embora, pois precisamos &ldquo;TOCAR EM FRENTE&rdquo; esse pa&iacute;s. O amor vencer&aacute; o &oacute;dio e todas as suas artimanhas e manipula&ccedil;&otilde;es. <br /> <br /> <b><i>Ivandilson Miranda Silva</i></b>. Algu&eacute;m que quer cultivar a paz e o Bem Viver. Professor de Humanidades da Unime Salvador e Doutorando em Educa&ccedil;&atilde;o e Contemporaneidade pela Universidade do Estado da Bahia. <br /> <br /> REFER&Ecirc;NCIAS<br /> ARENDT, Hannah. O Que &eacute; Pol&iacute;tica? Trad. Reinaldo Guarany. 6.ed. Rio de Janeiro: Bertrand, Brasil, 2006. <br />