Quatro trâmites burocráticos que as pessoas enfrentam em algum momento da vida

26 de setembro de 2018 às 18:06

João Paulo Magalh&atild
Na era da conectividade, queremos resolver os problemas rapidamente e, se poss&iacute;vel, com poucos cliques. Contudo, na vida real, nem sempre &eacute; assim que funciona. H&aacute; situa&ccedil;&otilde;es em que os cidad&atilde;os precisam encarar uma s&eacute;rie de processos, com idas e vindas de pap&eacute;is e documentos, e que chegam a levar meses e at&eacute; anos para sua resolu&ccedil;&atilde;o. &Eacute; a conhecida burocracia, praticamente um sin&ocirc;nimo para inefici&ecirc;ncia. Pesquisa realizada pela Federa&ccedil;&atilde;o das Ind&uacute;strias do Estado de S&atilde;o Paulo (Fiesp) mostra que 84% dos brasileiros consideram o pa&iacute;s burocr&aacute;tico e 75% acreditam que o excesso de burocracia &eacute; est&iacute;mulo &agrave; corrup&ccedil;&atilde;o. Em nossa rotina, somos confrontadas com esses tr&acirc;mites v&aacute;rias vezes. Confira quatro situa&ccedil;&otilde;es pr&aacute;ticas:<br /> <br /> <b>Casamentos: </b>o grande momento da vida das pessoas tamb&eacute;m precisa sobreviver &agrave; burocracia. Para oficializar a uni&atilde;o civil, os noivos devem levar v&aacute;rios documentos ao cart&oacute;rio, fazer o pedido de habilita&ccedil;&atilde;o (ou seja, informar a vontade de casar), aguardar 15 dias da publica&ccedil;&atilde;o do edital, fazer o agendamento das datas e, por fim, comparecer &agrave; uni&atilde;o com duas testemunhas. Sem falar, evidentemente, no pagamento das taxas, que costumam ficar mais caras quando o casal resolve fazer a cerim&ocirc;nia em um espa&ccedil;o diferente do cart&oacute;rio.<br /> <br /> <b>Div&oacute;rcios:</b> nem todos os casamentos s&atilde;o para sempre e os pedidos de div&oacute;rcio v&ecirc;m crescendo nas &uacute;ltimas d&eacute;cadas &ndash; e, como os casamentos, envolvem um longo processo burocr&aacute;tico. Quando o casal decide que n&atilde;o d&aacute; mais para levar a vida a dois adiante, &eacute; preciso entrar com um pedido de div&oacute;rcio no cart&oacute;rio, novamente com v&aacute;rios documentos em m&atilde;os, como certid&atilde;o de casamento, RG, CPF, comprovantes de bens, etc. Se a rela&ccedil;&atilde;o n&atilde;o tiver gerado filhos e a separa&ccedil;&atilde;o for amig&aacute;vel, tudo fica pronto no mesmo dia. Caso contr&aacute;rio, a disputa pela guarda da crian&ccedil;a pode fazer a situa&ccedil;&atilde;o se estender por anos.<br /> <br /> <b>Abertura de empresa:</b> o empreendedorismo se tornou uma op&ccedil;&atilde;o vi&aacute;vel para grande parte das pessoas, mas abrir uma microempresa no Brasil testa a paci&ecirc;ncia dos interessados. De um modo simples, o cidad&atilde;o precisa registrar o neg&oacute;cio na Junta Comercial do seu estado ou no Cart&oacute;rio de Registro de Pessoa Jur&iacute;dica com o Contrato Social (que traz o interesse e objetivo da empresa). Depois dessa etapa, &eacute; necess&aacute;rio obter o CNPJ no site da Receita Federal. Ele ainda precisa obter a Inscri&ccedil;&atilde;o Estadual na Secretaria da Fazenda (se vender mercadorias ou produzir bens) e o Registro Municipal (se for prestador de servi&ccedil;o). Por fim, antes de come&ccedil;ar a funcionar, &eacute; obrigat&oacute;rio que a nova empresa tenha Alvar&aacute; de Funcionamento, emitido pela Prefeitura, e do Corpo de Bombeiros, e fazer a inscri&ccedil;&atilde;o na Previd&ecirc;ncia Social.<br /> <br /> <b>Luto</b>: at&eacute; mesmo na morte de um ente querido, &eacute; preciso lidar com uma s&eacute;rie de questionamentos burocr&aacute;ticos. O primeiro passo &eacute; obter a declara&ccedil;&atilde;o de &oacute;bito, que depende das circunst&acirc;ncias e o local da morte (em casa ou via p&uacute;blica, por causas naturais ou violentas). Depois, &eacute; preciso decidir sobre a doa&ccedil;&atilde;o, ou n&atilde;o, de &oacute;rg&atilde;os. Em seguida, &eacute; necess&aacute;rio contatar a funer&aacute;ria para realizar o vel&oacute;rio e saber quais servi&ccedil;os ser&atilde;o inclusos no enterro (ou crema&ccedil;&atilde;o). Se a fam&iacute;lia tiver um jazigo pr&oacute;prio, &eacute; necess&aacute;rio mostrar a guia de sepultamento. No caso de crema&ccedil;&atilde;o, o processo &eacute; complexo, pois a pessoa precisa deixar expressa essa vontade, ainda em vida, no cart&oacute;rio. Cinco dias depois da cerim&ocirc;nia, deve-se voltar ao cart&oacute;rio para retirar a Certid&atilde;o de &Oacute;bito. Por fim, deve ser iniciado o processo de invent&aacute;rio para a partilha de bens.<br /> <br /> <b><i>Jo&atilde;o Paulo Magalh&atilde;es</i></b> &eacute; diretor comercial do Cemit&eacute;rio Colina dos Ip&ecirc;s, localizado na cidade de Suzano (SP).