Brasil e as eleições – Os desafios do próximo governante

02 de outubro de 2018 às 16:31

João Eloi Olenike
A elei&ccedil;&atilde;o presidencial est&aacute; pr&oacute;xima e com ela ainda temos muitas incertezas. Quem ser&aacute; eleito? O que ser&aacute; feito e quais medidas para o futuro do pa&iacute;s? Mas, independente de quem for eleito, muito trabalho h&aacute; pela frente.<br /> <br /> Nosso sistema tribut&aacute;rio nacional, o mais complexo, confuso e altamente burocratizado do mundo, em que at&eacute; mesmo o regime simplificado chamado de Simples Nacional, tem os seus intrincados anexos, &eacute; um entrave ao crescimento, seja o econ&ocirc;mico, seja o social, pois um pa&iacute;s que n&atilde;o investe e que n&atilde;o gera renda, n&atilde;o cresce, nem mesmo se resgata de recess&atilde;o.<br /> <br /> Esse sistema, que hoje cobra tanto dos menos afortunados, paga a maior carga tribut&aacute;ria do mundo quando comparado ao retorno quase inexistente, com tributos incidindo principalmente sobre o consumo final, fen&ocirc;meno esse causado pela &acirc;nsia em gerar uma arrecada&ccedil;&atilde;o cada vez maior, em prol de uma m&aacute;quina estatal que j&aacute; n&atilde;o cumpre o seu papel. Arrecada&ccedil;&atilde;o que em nada serve ao povo que se v&ecirc; tributado em duplicidade em muito do que paga, pois precisa arcar com a maioria dos servi&ccedil;os que deveriam ser providos pelo Estado, tendo como exemplos a nossa Educa&ccedil;&atilde;o (ensino particular), Transporte (ped&aacute;gios), Seguran&ccedil;a (cercas el&eacute;tricas e contrata&ccedil;&atilde;o de guardas particulares) e o mais importante: a Sa&uacute;de (pagamentos de planos de sa&uacute;de).<br /> <br /> Pagam-se muitos tributos, situa&ccedil;&atilde;o essa emanada principalmente de nossa magna Constitui&ccedil;&atilde;o Federal de 1988, em que, vislumbrada uma liberdade estatal, uma liberalidade atribu&iacute;da &agrave;s compet&ecirc;ncias federal, estadual e municipal, formaram-se esses verdadeiros emaranhados de leis, normas e tributos, que contribu&iacute;ram para que nossa carga tribut&aacute;ria passasse de 22% do PIB em 1986 para quase 35% hoje.<br /> <br /> Foram gastos desordenados e sem lastro, aumentando as d&iacute;vidas p&uacute;blicas, internas e externas, aplica&ccedil;&otilde;es duvidosas que deixaram rombos enormes &agrave;s contas p&uacute;blicas, com o incha&ccedil;o da m&aacute;quina somado &agrave; crescente contrata&ccedil;&atilde;o de servidores e cargos comissionados, uma verdadeira sele&ccedil;&atilde;o de mordomias &agrave;s expensas das receitas p&uacute;blicas e uma previd&ecirc;ncia social sem qualquer garantia de funcionamento futuro, corrup&ccedil;&atilde;o desenfreada, que levaram o pa&iacute;s ao momento atual.<br /> <br /> Sem uma reforma verdadeira, uma simplifica&ccedil;&atilde;o do sistema que existe hoje, a diminui&ccedil;&atilde;o do custo de conformidade (obriga&ccedil;&otilde;es acess&oacute;rias), mudan&ccedil;as que realmente reduzam a carga tribut&aacute;ria sobre a produ&ccedil;&atilde;o transferindo-a para renda, patrim&ocirc;nio e lucro e sem uma tributa&ccedil;&atilde;o progressiva, focada na capacidade contributiva da popula&ccedil;&atilde;o, no sentido de cobrar mais daqueles que possam pagar mais, o Brasil n&atilde;o tem jeito e a d&iacute;vida interna somente crescer&aacute;, havendo um aumento da carga tribut&aacute;ria. A retra&ccedil;&atilde;o da economia vir&aacute;, junto com todos os problemas que s&atilde;o relacionados a isso.<br /> <br /> A &uacute;nica quest&atilde;o que fica &eacute; a seguinte: Um novo governante conseguiria fazer tal reforma? E a resposta &eacute; simples: &Eacute; plenamente poss&iacute;vel se houver vontade pol&iacute;tica. Mas sozinho ningu&eacute;m faz nada! Dessa forma, seria mister o incondicional apoio de todos os governadores eleitos, pois com certeza haveria mudan&ccedil;as na arrecada&ccedil;&atilde;o de todos os entes federativos, al&eacute;m da necessidade do apoio do Congresso Nacional, para aprovar as medidas a serem colocadas em vota&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> No aspecto tribut&aacute;rio, com certeza, ser&aacute; preciso muita for&ccedil;a, determina&ccedil;&atilde;o e coragem. Com essas qualidades e com as mudan&ccedil;as necess&aacute;rias, qualquer um dos governantes, se eleito, ter&aacute; um caminho pr&oacute;spero para a coloca&ccedil;&atilde;o o Brasil nos trilhos do crescimento, definitivamente.<br /> <br /> <b><i>Jo&atilde;o Eloi Olenike</i></b> &eacute; Contador, bacharel em Direito, p&oacute;s-graduado em Administra&ccedil;&atilde;o Financeira, presidente executivo do IBPT. Membro da Academia Paranaense de Ci&ecirc;ncias Cont&aacute;beis, Perito judicial, consultor, auditor, empres&aacute;rio na &aacute;rea tribut&aacute;ria e professor de cursos de p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o.