Eleições 2018: o Brasil dos altos preços e da baixa qualidade

06 de outubro de 2018 às 10:30

Alexandre Pierro
No pr&oacute;ximo domingo, o pa&iacute;s inteiro vai para a urna eletr&ocirc;nica eleger os representantes pol&iacute;ticos que ir&atilde;o governar o Brasil pelos pr&oacute;ximos quatro anos. Apesar do per&iacute;odo eleitoral ser o momento crucial para debater ideias e planos, muito se fala sobre o hist&oacute;rico de corrup&ccedil;&atilde;o e da vida pessoal dos candidatos e, pouco se v&ecirc; sobre o plano estrat&eacute;gico de cada candidato para construirmos um Brasil melhor.<br /> <br /> Essa falta de planejamento para executar um plano de governo n&atilde;o &eacute; de hoje. Infelizmente, ela &eacute; sist&ecirc;mica e faz parte da nossa hist&oacute;ria desde o Brasil Imp&eacute;rio. Nos primeiros s&eacute;culos, logo ap&oacute;s o descobrimento e quando ainda &eacute;ramos col&ocirc;nia de Portugal, vivemos um momento nomeado como O Quinto. O Quinto era um imposto cobrado pelo governo. Recebeu esse nome porque correspondia a 20%, um quinto, do metal extra&iacute;do que era registrado pelas casas de fundi&ccedil;&atilde;o. Era um tributo alt&iacute;ssimo e os brasileiros o odiavam tanto que acabaram o apelidando de &ldquo;O Quinto dos Infernos&rdquo;.<br /> <br /> Se voc&ecirc; concorda que no s&eacute;culo XVII essa tributa&ccedil;&atilde;o era absurda, porque n&atilde;o estamos revoltados com o fato de hoje em dia pagarmos cerca de dois quintos de impostos em tudo o que produzimos e consumimos? A alta carga tribut&aacute;ria &eacute; uma das principais vil&atilde;s que impedem o desenvolvimento de pequenas empresas. Os empres&aacute;rios precisam trabalhar quatro meses por ano s&oacute; para pagar impostos e, preocupados em fechar a conta no azul, n&atilde;o investem em melhoria de processo e qualidade, maquin&aacute;rio, capacita&ccedil;&atilde;o de pessoas e etc, mantendo a empresa longe da inova&ccedil;&atilde;o e do crescimento.<br /> <br /> Se n&atilde;o bastasse a alta tributa&ccedil;&atilde;o, as burocracias legislativas tamb&eacute;m tomam tempo e recursos das empresas. Um levantamento feito pelo Ciesp - Centro das Ind&uacute;strias do Estado de S&atilde;o Paulo, aponta que uma empresa leva em m&eacute;dia duas mil e seiscentas horas (2.600h) por ano para cumprir todas as pr&aacute;ticas estaduais e federais. Se compararmos com a Inglaterra, o n&uacute;mero se torna ainda mais preocupante j&aacute; que por l&aacute; a m&eacute;dia &eacute; de cento e dezoito horas (118/h) por ano.<br /> <br /> O maior problema que vemos hoje no Brasil &eacute; a falta de planejamento a longo prazo. De olho em vender o almo&ccedil;o para pagar a janta, o empres&aacute;rio fica mais preocupado em apagar inc&ecirc;ndios. Uma vez que n&atilde;o h&aacute; planejamento e gest&atilde;o de qualidade perde-se muito tempo, dinheiro, m&atilde;o de obra, recursos, insumos e espa&ccedil;o em processos obsoletos. A dificuldade de libera&ccedil;&atilde;o de cr&eacute;dito para as PMEs investirem tamb&eacute;m &eacute; outra barreira que impede o desenvolvimento.<br /> <br /> Estamos em um momento decisivo, e tenho certeza que, independente da polariza&ccedil;&atilde;o que vemos no discurso e nas redes sociais, todos querem um pa&iacute;s mais justo, com emprego e liberdade competitiva. Mais importante do que assumir um lado nessa &ldquo;guerra&rdquo;, temos que aproveitar as diferen&ccedil;as para debatermos sobre que pa&iacute;s queremos ser nos pr&oacute;ximos anos e, principalmente, como iremos transformar o sistema e participar da mudan&ccedil;a daqui para frente. <br /> <br /> <b><i><img src="/uploads/image/artigos_alexandre-pierro_engenheiro-mecanico.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Alexandre Pierro</i></b> &eacute; engenheiro mec&acirc;nico, bacharel em f&iacute;sica aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gest&atilde;o da qualidade. <br />