Presidentes, Política e Ódio Epidêmico
13 de outubro de 2018 às 10:43
Leonardo Torres
O Coliseu político brasileiro está posto. Uns cantam e mostram suas artimanhas, que vão desde gritos teológicos até racionalismos verborrágicos; e outros, sequer entraram nesse mise em scene. Contudo, um deles, em especial, possui uma estratégia de campanha singular.<br />
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Esse presidenciável não joga pelo racionalismo, não fala tanto de progresso no Brasil e, muito menos, apresenta suas propostas; julga não saber o suficiente sobre os variados aspectos do país, porém, afirma que, se eleito, colocará quem entende no lugar certo. Sua arma (às vezes, literalmente) é outra. Esse presidenciável não quer, de maneira alguma, atingir a consciência dos brasileiros. Pelo contrário, ele busca os sentimentos de indignação e de impunidade que vêm se formando na alma do brasileiro por décadas e os atiça, assim como gasolina no fogo.<br />
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Ele afeta a parte emocional de indivíduos revoltados com a violência nas ruas, nos bairros, com a falta de cuidado com os serviços públicos, com a corrupção, etc. Ele, dessa forma, afeta desde o faxineiro do prédio ao C.E.O. da empresa. Sua força é tamanha atualmente que a maioria das pesquisas presidenciais aponta sua presença no segundo turno. A estratégia do candidato pode ser resumida em uma única palavra: ódio.<br />
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E o ódio se espalha, o ódio contagia. Segundo minha recente <a href="http://divulgacao.rfcomunicacaocorporativa.com.br/mailster/3725/739e48aeb694285632a851ef29da9927/aHR0cDovL3NlZXIudWZyZ3MuYnIvaW5kZXgucGhwL2ludGV4dG8vYXJ0aWNsZS92aWV3LzczNjcxLzQzNDc0" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><i><u>pesquisa científica publicada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul</u></i></span></a>, o ser humano não somente se comunica pela fala, gestos, etc.. Mas também pelas emoções, nos afetamos uns aos outros e, assim, o contágio se dá. No caso, o ódio se espalha. Não é preciso qualquer racionalidade e nenhuma racionalidade é capaz de combater o ódio epidêmico. Esse contágio afeta a parte mais sombria e primitiva do ser humano coletivamente.<br />
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Em um país cheio de abandonos de pais, sem heróis nacionais fundadores da nação, nós vivemos uma “síndrome do órfão”, à espera do “pai herói”. Dessa vez, alguns enxergam no candidato o pai herói que combaterá os vilões da política. Mas se esquecem que ele também é político, corrupto, e que espalha o que deveria ser combatido: o ódio generalizado. Afinal, sua única proposta é munirmo-nos de armas e combater o ódio com ódio, armas com armas, violência com violência. Será mesmo essa a única solução para o Brasil? <br />
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<b><i>Leonardo Torres</i></b>, 28 anos, é doutorando e mestre em Comunicação e Cultura Midiática.