Jesus, a medicina preventiva

17 de outubro de 2018 às 16:36

José de Paiva Netto
A falta de informa&ccedil;&atilde;o e de exames preventivos leva a maioria das pessoas a procurar aux&iacute;lio apenas quando a doen&ccedil;a se encontra em est&aacute;gio avan&ccedil;ado.<br /> <br /> Ainda hoje, em pleno terceiro mil&ecirc;nio, ouve-se nos consult&oacute;rios m&eacute;dicos que a falta de informa&ccedil;&atilde;o e de exames preventivos leva a maioria das pessoas a procurar aux&iacute;lio apenas quando a doen&ccedil;a se encontra em est&aacute;gio avan&ccedil;ado.<br /> <br /> Diante dessa realidade, vi-me no dever de utilizar este espa&ccedil;o para tamb&eacute;m trazer &agrave; popula&ccedil;&atilde;o esclarecimentos de especialistas das mais variadas &aacute;reas de sa&uacute;de.<br /> <br /> Assisti, no programa Viver &eacute; Melhor, na Boa Vontade TV (Oi TV &mdash; canal 212 &mdash; e Net Brasil/Claro TV &mdash; canais 196 e 696), ao valioso bate-papo da jornalista Ang&eacute;lica Beck com o dr. Jorge Mitre, oftalmologista e diretor do Hospital de Olhos de S&atilde;o Paulo.<br /> <br /> Destaco, a seguir, <b>alguns trechos dessa entrevista:</b><br /> <br /> Boa Vontade TV: <b><i>&ldquo;A quest&atilde;o da sa&uacute;de dos olhos &eacute; algo que as pessoas costumam deixar para cuidar s&oacute; quando algo incomoda mais seriamente?&rdquo;</i></b><br /> <br /> <b>Dr. Mitre:</b> &ldquo;S&oacute; vamos tratar de nossa sa&uacute;de quando j&aacute; estamos com algum problema. Isso &eacute; um erro grave. O olho &eacute; o &oacute;rg&atilde;o que mais fornece, por toda a vida, informa&ccedil;&otilde;es para o ser humano. A crian&ccedil;a, por exemplo, n&atilde;o sabe dizer se est&aacute; enxergando bem ou n&atilde;o. Portanto, quando come&ccedil;ar a frequentar a escola, necessitar&aacute; fazer uma avalia&ccedil;&atilde;o dos olhos. Talvez ela tenha uma vista boa e a outra ruim e a m&atilde;e n&atilde;o saiba. E se tiver doen&ccedil;as pr&eacute;vias na fam&iacute;lia? Da&iacute; a crian&ccedil;a j&aacute; ter&aacute; de ser monitorada para se avaliar se ela est&aacute; com boa vis&atilde;o&rdquo;.<br /> <br /> Boa Vontade TV:<b> &ldquo;A partir de que idade a crian&ccedil;a deve ser examinada?&rdquo;</b><br /> <br /> <b>Dr. Mitre:</b> &ldquo;Aos 4 ou 5 anos j&aacute; &eacute; uma boa idade, &eacute; &oacute;bvio, se ela n&atilde;o apresentar nenhum dist&uacute;rbio antes disso. Por exemplo, um estrabismo, um olho com a pupila branca ou altera&ccedil;&atilde;o que a m&atilde;e ou o pai notem, deve-se procurar imediatamente um oftalmologista&rdquo;.<br /> <br /> Boa Vontade TV:<b><i> &ldquo;Um beb&ecirc; pode desenvolver j&aacute; nos primeiros meses de vida uma patologia?&rdquo;</i></b><br /> <br /> <b>Dr. Mitre:</b> &ldquo;Algumas doen&ccedil;as s&atilde;o pr&oacute;prias da inf&acirc;ncia. Por exemplo, o globo ocular vai se formar totalmente por volta do sexto m&ecirc;s de vida intrauterina. Uma crian&ccedil;a que nas&ccedil;a com 6 meses tem grande possibilidade de t&ecirc;-las extremamente graves na retina, porque o sistema vascular do olho n&atilde;o foi totalmente completado. Ent&atilde;o, ao sair do &uacute;tero materno, a colocamos numa incubadora sob alta concentra&ccedil;&atilde;o de oxig&ecirc;nio. A retina sente esse oxig&ecirc;nio muito alto e pode descolar. Com isso, a crian&ccedil;a corre o risco de perder a vis&atilde;o. Portanto, ela tem de ser examinada dentro da incubadora pelo oftalmologista e tratada antes que saia, sen&atilde;o ser&aacute; tarde demais&rdquo;.<br /> <br /> Boa Vontade TV: <b><i>&ldquo;Os olhos tamb&eacute;m podem refletir outras altera&ccedil;&otilde;es no organismo apontando o surgimento de alguma patologia?&rdquo;</i></b><br /> <b><br /> Dr. Mitre:</b> &ldquo;O olho &eacute; o &uacute;nico &oacute;rg&atilde;o em que voc&ecirc; consegue ver as art&eacute;rias e as veias ao vivo. As do c&eacute;rebro, do est&ocirc;mago, do f&iacute;gado, do pulm&atilde;o, voc&ecirc; n&atilde;o as v&ecirc;. Vamos supor que a pessoa tenha press&atilde;o arterial alta. O organismo disp&otilde;e de mecanismos de defesa para diminuir a press&atilde;o sangu&iacute;nea. Os vasos se contraem e se fecham para diminuir o fluxo de sangue, a fim de proteger o cora&ccedil;&atilde;o que est&aacute; bombeando muito forte. Ao realizar o exame de fundo de olho, podemos perceber esse problema. Outro exemplo &eacute; a artrite reumatoide que, tamb&eacute;m, d&aacute; reflexo na vis&atilde;o. O diabetes &eacute; outra doen&ccedil;a extremamente trai&ccedil;oeira, que atinge demais as vistas. Depois da catarata, da degenera&ccedil;&atilde;o de m&aacute;cula, o diabetes, na popula&ccedil;&atilde;o ativa dos 20 aos 50 anos, &eacute; o que mais leva &agrave; cegueira nos pa&iacute;ses desenvolvidos. Todo mundo tem um parente ou um amigo diab&eacute;tico cego. H&aacute; muita gente perdendo a vis&atilde;o e n&atilde;o est&aacute; fazendo nada contra isso. (...) Tenho obriga&ccedil;&atilde;o de alertar o povo do perigo do diabetes. Voc&ecirc; que come a&ccedil;&uacute;car, tem excesso de peso e acha que n&atilde;o est&aacute; acontecendo nada com seu organismo, saiba que est&aacute; aos poucos perdendo a vis&atilde;o. Na hora em que procurar o oftalmologista, j&aacute; ser&aacute; tarde demais. Para ilustrar, imagine um cano d&rsquo;&aacute;gua que passa dentro das paredes da sua casa, se ele tiver um furinho vai provocar umidade, pois &eacute; uma &aacute;rea de vazamento. &Eacute; isso que o diabetes produz dentro do olho. Ele vai produzindo furos nos vasos. O sangue, no lugar de caminhar dentro de um tubo, come&ccedil;a a sair antes da hora, criando micro-hemorragias que podemos identificar no exame de fundo do olho. Depois de algum tempo, isso leva &agrave; cegueira. O tratamento exige raio laser ou aplica&ccedil;&atilde;o de drogas dentro do olho para tentar preserv&aacute;-lo (...)&rdquo;.<br /> <br /> Boa Vontade TV:<b><i> &ldquo;&Eacute;, portanto, fundamental controlar a glicose...&rdquo;.</i></b><br /> <br /> <b>Dr. Mitre:</b> &ldquo;O controle &eacute; importante, contudo, mesmo assim, o diab&eacute;tico n&atilde;o est&aacute; totalmente imune de perder a vis&atilde;o. Depois de oito a dez anos j&aacute; come&ccedil;a a apresentar les&otilde;es, mesmo que haja controle. Se n&atilde;o cuidar, em tr&ecirc;s, quatro anos, poder&aacute; estar cego, principalmente com o diabetes do tipo 1, que &eacute; o de jovem, aquele que tem 18, 19 anos. Voc&ecirc; que &eacute; garoto se cuide, sua glicemia tem de estar 90, 100 todo dia&rdquo;.<br /> <br /> Eis a&iacute; a nossa contribui&ccedil;&atilde;o para que tenhamos um cuidado maior com a sa&uacute;de do corpo.<br /> <br /> <i><b><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_paiva-neto_lbv.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Jos&eacute; de Paiva Netto</b></i>, jornalista, radialista e escritor.<br /> paivanetto@lbv.org.br &mdash; www.boavontade.com