As Forças Armadas protegendo os nordestinos

31 de outubro de 2018 às 16:32

Baltazar Miranda Saraiva
Existem nas For&ccedil;as Armadas quadros de profissionais militares que se dedicam a prestar assist&ecirc;ncia social aos mais carentes, ocupando um espa&ccedil;o que apresenta particularidades que v&atilde;o desde a legisla&ccedil;&atilde;o pr&oacute;pria, at&eacute; a&ccedil;&otilde;es, servi&ccedil;os e programas espec&iacute;ficos para o atendimento dos necessitados. Nossos bravos soldados atuam de acordo com o que determina nossa Lei Maior.<br /> <br /> Como se sabe, em se tratando de profissionais militares, a Constitui&ccedil;&atilde;o de 1988 lhes dedica um cap&iacute;tulo espec&iacute;fico, proibindo sua sindicaliza&ccedil;&atilde;o, fazer greve, filia&ccedil;&atilde;o partid&aacute;ria e atua&ccedil;&atilde;o politica sob qualquer forma, exceto por ocasi&atilde;o do exerc&iacute;cio da cidadania, ou seja, o voto. N&atilde;o t&ecirc;m, sequer, o direito ao habeas corpus em rela&ccedil;&atilde;o a puni&ccedil;&otilde;es disciplinares. Apenas possuem uma justi&ccedil;a especializada e dotada de um Tribunal pr&oacute;prio para executar a Justi&ccedil;a Militar, composta por ju&iacute;zes nos tribunais e por procuradores no Minist&eacute;rio P&uacute;blico Militar, sujeitos a uma legisla&ccedil;&atilde;o espec&iacute;fica (Estatuto dos Militares (Lei n&ordm; 6.880/98), instrumento regulador dos seus direitos e deveres.<br /> <br /> Outras peculiaridades da carreira militar s&atilde;o o risco de morte em defesa da p&aacute;tria e de suas institui&ccedil;&otilde;es, al&eacute;m da dedica&ccedil;&atilde;o integral e exclusiva &agrave;s unidades militares a que pertencem, sem qualquer remunera&ccedil;&atilde;o adicional ou compensa&ccedil;&atilde;o, mesmo durante as f&eacute;rias, e sujeitos &agrave; movimenta&ccedil;&atilde;o para qualquer regi&atilde;o do pa&iacute;s em qualquer &eacute;poca do ano. H&aacute; ainda a exig&ecirc;ncia pelo elevado n&iacute;vel de aptid&atilde;o f&iacute;sica, visto que, mesmo na inatividade, pode convoc&aacute;-lo a retornar ao servi&ccedil;o quando a p&aacute;tria necessitar.<br /> <br /> Este profissional n&atilde;o possui remunera&ccedil;&atilde;o pelo trabalho noturno nem jornada de trabalho di&aacute;ria limitada &agrave; oito horas; n&atilde;o possui repouso semanal remunerado nem recebe horas extras, muito menos seguro de acidente de trabalho ou adicional de atividade penosa, insalubre ou perigosa, tampouco tem direito ao Fundo de Garantia do Tempo de Servi&ccedil;o (FGTS).<br /> <br /> Com a cria&ccedil;&atilde;o do Minist&eacute;rio da Defesa, em 1999, que unificou os Minist&eacute;rios das tr&ecirc;s For&ccedil;as Singulares, destacou-se a necessidade de integrar e padronizar suas interven&ccedil;&otilde;es nas &aacute;reas de Assist&ecirc;ncia Militar e Civil.<br /> <br /> Apoiadas em estruturas sociais fortes e desenvolvidas, as For&ccedil;as Armadas atuam nas chamadas a&ccedil;&otilde;es c&iacute;vicos - sociais (Acisos), que ajudam a melhorar a realidade de diversas comunidades, tanto nas &aacute;reas m&eacute;dicas como sanit&aacute;rias, educacionais e de infraestrutura.<br /> <br /> No Ex&eacute;rcito, a assist&ecirc;ncia social se confunde com a pr&aacute;tica assistencialista existente no Brasil, intensificando-se em 1947 para atender as fam&iacute;lias dos pracinhas que combateram na Segunda Guerra Mundial. Em consequ&ecirc;ncia, foi criada a primeira organiza&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica com representa&ccedil;&atilde;o em todo o territ&oacute;rio nacional, conhecida como Legi&atilde;o Brasileira de Assist&ecirc;ncia - LBA.<br /> <br /> Em todo o pa&iacute;s o Ex&eacute;rcito presta servi&ccedil;os sociais, desde &agrave;s popula&ccedil;&otilde;es ind&iacute;genas aos retirantes nordestinos. Nesta regi&atilde;o, ent&atilde;o, os generais que apoiam o presidente eleito querem um maior protagonismo das For&ccedil;as Armadas para tentar acabar com o uso demag&oacute;gico da popula&ccedil;&atilde;o carente por parte de alguns partidos pol&iacute;ticos, sempre voltados &agrave; explora&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica dos necessitados.<br /> <br /> Desde quando o Comando Militar do Nordeste do Ex&eacute;rcito esteve sob a responsabilidade do general Artur Costa Moura, essas a&ccedil;&otilde;es sociais foram intensificadas. E agora que essa regi&atilde;o militar est&aacute; sob o comando do general Marco Ant&ocirc;nio Freire Gomes, essas atividades sociais est&atilde;o sendo colocadas num programa que ser&aacute; encaminhado ao presidente eleito visando a atua&ccedil;&atilde;o dos militares em duas frentes: o abastecimento por meio de carros-pipa em regi&otilde;es carentes de &aacute;gua e o fornecimento de servi&ccedil;os nas &aacute;reas de sa&uacute;de e educa&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Segundo os dados oficiais do programa, o abastecimento da &aacute;gua em lugares distantes que sofrem com a seca poder&aacute; beneficiar quase 4 milh&otilde;es de nordestinos. O levantamento foi feito pelo Comando Operacional do Ex&eacute;rcito, respons&aacute;vel por esse setor. O programa alcan&ccedil;a ainda algumas regi&otilde;es de Minas Gerais e Espirito Santo.<br /> <br /> Quanto &agrave; presta&ccedil;&atilde;o dos servi&ccedil;os sociais no norte e nordeste, intensificando os servi&ccedil;os na sa&uacute;de, na infraestrutura e na educa&ccedil;&atilde;o, as For&ccedil;as Armadas pretendem ajudar na alfabetiza&ccedil;&atilde;o de um imenso contingente de crian&ccedil;as desamparadas. Esse programa vai beneficiar milh&otilde;es de brasileiros carentes, merecendo o reconhecimento do povo brasileiro diante dessa extraordin&aacute;ria atua&ccedil;&atilde;o.<br /> <br /> Muitos ainda se lembram dos servi&ccedil;os prestados pelo Correio A&eacute;reo Nacional- CAN, quando nossos bravos aviadores levavam mantimentos e medicamentos aos nossos &iacute;ndios e aos necessitados nos mais long&iacute;nquos rinc&otilde;es do nosso pa&iacute;s. Juntando-se todos esses servi&ccedil;os e todos os esfor&ccedil;os de nossas institui&ccedil;&otilde;es militares para concretiz&aacute;-los, n&atilde;o se pode perder a oportunidade de entregar a seus her&oacute;is o dever de prestar os mais urgentes e necessitados servi&ccedil;os de sobreviv&ecirc;ncia a essa popula&ccedil;&atilde;o sofrida.<br /> <br /> Acrescente-se a isso a atua&ccedil;&atilde;o da nossa Marinha na prote&ccedil;&atilde;o do litoral brasileiro e nos servi&ccedil;os prestados, em car&aacute;ter complementar &agrave;s suas atribui&ccedil;&otilde;es constitucionais, fornecendo &agrave;s popula&ccedil;&otilde;es ribeirinhas a assist&ecirc;ncia &agrave; sa&uacute;de em seus Navios de Assist&ecirc;ncia Hospitalar (NasH), &uacute;ltimo ref&uacute;gio de uma f&eacute; jamais perdida, j&aacute; que essas unidades s&atilde;o conhecidas como &ldquo;Navios da Esperan&ccedil;a&rdquo;.<br /> <br /> <img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/artigos_baltazar-miranda-saraiva_desembargdor-tjba.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <b><i>Baltazar Miranda Saraiva</i></b> &eacute; desembargador, presidente da 5&ordf; C&acirc;mara C&iacute;vel do Tribunal de Justi&ccedil;a do Estado da Bahia (TJBA) e membro da Comiss&atilde;o de Igualdade do TJBA, do Conselho da Magistratura TJBA, da Associa&ccedil;&atilde;o Bahiana de Imprensa (ABI), da Sociedade Amigos da Marinha (SOAMAR) e Vice-Presidente Social, Cultural e Esportivo da Associa&ccedil;&atilde;o Nacional dos Magistrados Estaduais (ANAMAGES). <br />