Prova, o Alzheimer corrupto da educação
31 de outubro de 2018 às 16:49
João Rosa
<div style="text-align: center;"><img src="/uploads/image/img_prova-o-alzheimer-corrupto-da-educacao.jpg" width="450" height="265" align="middle" alt="" /></div>
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Independentemente do que você se propõe fazer, sempre que o termo “prova” aparece uma sensação de insegurança é gerada simultaneamente. É uma coisa que nos assombra desde criança. A pergunta “<b><i>será que essa cai na prova?</i></b>” é praticamente uma unanimidade. O medo de na hora “<b><i>dar branco</i></b>”. Ou então aquela clássica puxada de orelha da mãe: “<b><i>vai estudar, senão você não passa na prova!</i></b>”.<br />
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E realmente é isso que acontece. Somos doutrinados desde a infância a estudar para passar na prova e não a aprender. E é fácil fazer o teste. Basta perguntar ao indivíduo o que caiu na prova alguns dias depois. Provavelmente a maioria não vai se lembrar. É o fenômeno do Alzheimer educacional. O carpe diem do aprendizado. <br />
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E nesse processo existe um catalizador do esquecimento, a “<b><i>decoreba</i></b>”. Uma aberração didática desenvolvida nos moldes de um instinto de sobrevivência. É uma coisa tão efêmera, que realmente só serve para aquele momento específico. A cobrança da vida “<b><i>pós-prova</i></b>” não funciona dessa maneira, ou alguém já te parou na rua e perguntou: “<b><i>Fala amigão(ona), qual a fórmula de Bhaskara?</i></b>”. Uma de tantas outras coisas que somos forçados a decorar nas mais diversas áreas da educação. <br />
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As cobranças, os problemas, os desafios, eles vão aparecer na vida, mas não nos moldes do “<b><i>Quem Quer Ser um Milionário</i></b>”. A preparação que se deseja de um indivíduo em relação a determinado tema é que ele saiba do que se trata, o contexto que está inserido, suas relações de interdependência e, sobretudo, onde procurar referências para ajudar na resolução.<br />
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A “<b><i>decoreba</i></b>” é um processo de especialização involuntário de quem estuda. Você decora de tanto que usa e não decora para usar. O professor de matemática só tem a fórmula de Bhaskara na cabeça por que ele ensinou isso “trocentas” vezes. Ensinar é a melhor forma de aprender.<br />
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Evidente que é necessário um indicador de desempenho e sim, a prova é o método mais simples, tanto para quem avalia quanto para quem é avaliado. Porém, definitivamente, não é o mais eficiente. A avaliação do desempenho deve ser contínua, acontecendo em paralelo ao desenvolvimento das atividades.<br />
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Mas a questão do esquecimento não é o que temos de pior em relação a prova. A peregrinação pelo “<b>tirar nota</b>” é tamanha que muitas vezes nos leva a ser corruptos, a fraudar o conhecimento por meio da popular “<b><i>cola</i></b>”. Uma atitude que muitos “<b><i>malandrões</i></b>”, infelizmente, levam para o resto da vida. Segue um exemplo recente.<br />
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O Pecege, instituição da qual faço parte e responsável pela organização de vários projetos de educação, dentre eles o MBA USP Esalq, liberou recentemente uma campanha denominada “<b><i>Quem cola se boicota</i></b>” (muito criativa por sinal), com o intuito de conscientizar os alunos em relação a “<b><i>cola</i></b>”. Vamos lá meus amigos e amigas, analisem comigo a situação. Se um grupo que coordena cerca de 10 mil alunos identificou a necessidade de uma campanha como esta – mesmo com “<b><i>provas</i></b>” com intuito de ajudar a fixar o conhecimento e, sobretudo, validar a frequência do aluno (afinal 95% deles pertencem a modalidade EAD), cujas respostas são randômicas e com 3 tentativas – é porque não se trata de uma ação pontual, concordam?<br />
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Mas vamos a pior parte. Vamos a persona foco da campanha. Um(a) camarada que está em um curso de PÓS-GRADUAÇÃO lato sensu PARTICULAR. Posto de outra forma, estamos falando de marmanjos(as) com graduação, que estão pagando um valor relativamente alto pelo curso e que precisam ser conscientizados de que colar não os fará aprender. Como diria aqui no interior: “<b><i>num é pussivi rapai!</i></b>”.<br />
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É cúmulo da estupidez, não tem como caracterizar de outra forma. Se a campanha não surtir efeito, já dei minha sugestão à coordenação acadêmica. Vamos deixar um “<b><i>livro preto</i></b>” na secretaria. Aquele que for pego praticando práticas ilícitas caracterizadas como “<b><i>cola</i></b>”, deve assinar o livro na companhia da mãe.<br />
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“<b><i>Ah Botão, mas é a empresa que paga o meu MBA. Preciso apresentar boas notas!</i></b>”. Voltamos no começo do artigo. Nota não é sinônimo de aprendizado! A empresa não deve avaliar o desempenho de um funcionário pelo boletim, mas sim se ele está agregando algo à companhia com o aprendizado que está tendo no curso. Boletins cheios de “<i><b>10</b></i>” não vão melhorar uma empresa. Pessoas capacitadas, que se esforçaram e que implementam novos conhecimentos, sim.<br />
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<b><i>João Rosa </i></b>(Botão), professor do Pecege.