Grupos de WhatsApp da escola: você faz parte?

10 de novembro de 2018 às 12:20

Fabio Carneiro
*BIP* *BIP*, uma mensagem, voc&ecirc; olha e, inconscientemente, sorri. Essa &eacute; uma cena comum para os usu&aacute;rios do WhatsApp. Talvez, quando a leu, identificou-se por ser um usu&aacute;rio do aplicativo, utilizando-o por entretenimento, trabalho ou para a comunica&ccedil;&atilde;o com diferentes pessoas, mas com assuntos comuns.<br /> <br /> Gra&ccedil;as a essa ferramenta, o di&aacute;logo virou din&acirc;mico, isso &eacute; um fato, pois basta ver a velocidade com que as grandes manifesta&ccedil;&otilde;es s&atilde;o organizadas por meio dela ou a rapidez com que uma not&iacute;cia, um &ldquo;meme&rdquo; ou um v&iacute;deo &eacute; compartilhado pelas pessoas em seus grupos de amigos, chegando a ganhar repercuss&atilde;o nacional. Alguns homens na Copa da R&uacute;ssia perderam seus empregos e foram processados no Brasil devido a um v&iacute;deo publicado. Esse novo formato, mesmo sem percep&ccedil;&atilde;o, exige um talento &iacute;mpar para que a comunica&ccedil;&atilde;o seja clara, l&iacute;mpida e n&atilde;o gere ru&iacute;dos ou desentendimentos. Acredito que voc&ecirc;, como quase todos, j&aacute; foi surpreendido por uma mensagem que, digamos, n&atilde;o caiu bem. Especialmente se ela foi veiculada no grupo da sala do seu filho, situa&ccedil;&atilde;o essa que desencadeia intensos debates entre m&atilde;es e pais.<br /> <br /> Essa &ldquo;for&ccedil;a tarefa&rdquo; online tem o fim de atuar em prol da &ldquo;defesa&rdquo; dos nossos filhos. Uma a&ccedil;&atilde;o que ganha os nomes de aten&ccedil;&atilde;o, cuidado, zelo ou outros que sejam convenientes para justificar a intromiss&atilde;o - afinal, s&atilde;o in&uacute;meras as preocupa&ccedil;&otilde;es para com as crian&ccedil;as e, como pais, gostamos de &ldquo;saber de tudo&rdquo; o que aconteceu, acontece e, se poss&iacute;vel, o que acontecer&aacute; com eles. Mas ser&aacute; que isso &eacute; realmente necess&aacute;rio?<br /> <br /> Os debates iniciam-se com a postagem de algu&eacute;m preocupado e prosseguem. Algumas vezes, produtivos, principalmente ao se tratar de uma situa&ccedil;&atilde;o vivenciada e querer saber se os outros passaram por algo parecido; mas, em alguns casos, acabam se transformando em desentendimentos, com informa&ccedil;&otilde;es desencontradas e que n&atilde;o levam a lugar algum. In&uacute;meros s&atilde;o os motivos que estimulam isso - um deles acontece, por exemplo, pela falta de express&atilde;o da fala em uma mensagem escrita, j&aacute; que ao ser digitada n&atilde;o encontramos a entona&ccedil;&atilde;o de voz que mostraria sua inten&ccedil;&atilde;o. Al&eacute;m disso, geralmente, os pais n&atilde;o conhecem as particularidades dos outros participantes, que s&atilde;o fatores determinantes para uma boa comunica&ccedil;&atilde;o - o que leva esses debates aos maus entendidos, coadjuvantes nesse cen&aacute;rio.<br /> <br /> Muitas vezes, a credibilidade do relato &eacute; baixa e a mesma palavra pode ter v&aacute;rios significados. Mas as opini&otilde;es dos participantes s&atilde;o distintas: h&aacute; quem aposte na utilidade ou na futilidade do grupo. Afinal, &eacute; uma democracia.<br /> <br /> Uma discuss&atilde;o no WhatsApp em uma bela manh&atilde; de sexta-feira:<br /> <br /> M&Atilde;E: &ldquo;Gente, preciso de ajuda pois a minha filha veio para casa e n&atilde;o sabe o que fazer no trabalho. A professora n&atilde;o orientou em nada&rdquo;!&nbsp; Assim, iniciou um grande debate sobre a pobre docente que, por um relato certamente equivocado de uma crian&ccedil;a do Ensino Fundamental, foi chamada para explicar-se. Voc&ecirc; acredita que a professora n&atilde;o orientou? Imaginemos a cena, a professora entra em sala e s&oacute; diz: &ldquo;Fa&ccedil;am o trabalho&rdquo;!<br /> <br /> Acredite, isso &eacute; imposs&iacute;vel de ocorrer e, possivelmente, a menina n&atilde;o prestou aten&ccedil;&atilde;o, mas, quando questionada, falou uma inverdade. A m&atilde;e, n&atilde;o investigando, acabou gerando pol&ecirc;mica.<br /> <br /> Essas discuss&otilde;es se repetem e resultam em reclama&ccedil;&otilde;es na escola, reuni&otilde;es com a dire&ccedil;&atilde;o e at&eacute; na demiss&atilde;o do professor. Questionar os filhos &eacute; uma t&aacute;tica para evitar situa&ccedil;&otilde;es constrangedoras, vexat&oacute;rias e injusti&ccedil;as. Lembre-se: confiar na escola e acreditar no trabalho feito pelos professores &eacute; a estrat&eacute;gia para evitarmos discuss&otilde;es, distor&ccedil;&otilde;es e ansiedades. Por outro lado, vivemos em uma democracia e temos livre arb&iacute;trio. Afinal, participa quem quer. Boa discuss&atilde;o!<br /> <b><i>&nbsp;<br /> </i></b><b><i><img src="/uploads/image/artigos_fabio-carneiro_professor-de-fisica-curso-positivo_.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> <br /> Fabio Carneiro</i></b> &eacute; professor de F&iacute;sica no Curso Positivo, em Curitiba (PR)