Os médicos cubanos e a saúde no Brasil

17 de novembro de 2018 às 09:22

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A sa&iacute;da dos m&eacute;dicos cubanos &eacute; apenas o come&ccedil;o da solu&ccedil;&atilde;o para a vergonhosa depend&ecirc;ncia ideol&oacute;gica e at&eacute; cultural a que governos irrespons&aacute;veis submeteram a popula&ccedil;&atilde;o. Nada contra os profissionais cubanos, explorados pela neo-escravid&atilde;o onde 75% dos seus rendimentos s&atilde;o confiscados pela ditadura de seu pa&iacute;s. Mas tudo de reprova &agrave; postura do governo brasileiro que, em 2014, ao instituir o &ldquo;Mais M&eacute;dicos&rdquo;, concordou em pagar os servi&ccedil;os ao governo da ilha e n&atilde;o aos que vieram aqui trabalhar e, pior ainda, abriu m&atilde;o do teste de capacita&ccedil;&atilde;o, exigido para m&eacute;dicos de todos os outros pa&iacute;ses e at&eacute; para os brasileiros formados no exterior. Faz bem o futuro governo ao abrir a possibilidade de asilo aos cubanos&nbsp; que desejarem (ou puderem) romper com seu pa&iacute;s e passar a viver e trabalhar livremente em territ&oacute;rio brasileiro.<br /> <br /> A sa&iacute;da abrupta dos 8 mil profissionais vai trazer problemas imediatos. &Eacute; preciso que a Uni&atilde;o, os estados e os munic&iacute;pios adotem medidas reparadoras. Que o impacto seja trabalhado de forma racional e, principalmente, sem vi&eacute;s pol&iacute;tico-ideol&oacute;gico. Todos os envolvidos t&ecirc;m de ver &agrave; sua frente apenas a quest&atilde;o objetiva: suprir a necessidade de atendimento &agrave; popula&ccedil;&atilde;o. Lembrar que, mesmo com a presen&ccedil;a dos cubanos, o povo n&atilde;o tem hoje o socorro m&eacute;dico previsto no pomposo artigo 196 da Constitui&ccedil;&atilde;o, que reza: &ldquo;A sa&uacute;de &eacute; direito de todos e dever do Estado&rdquo;.<br /> <br /> Partindo da premissa de que o pa&iacute;s forma 20 mil m&eacute;dicos por ano, n&atilde;o parece ser dif&iacute;cil suprir as 8 mil vagas abertas. Al&eacute;m dos formados localmente, existem os brasileiros diplomados no exterior e profissionais dos outros pa&iacute;ses, que tamb&eacute;m podem se candidatar aos postos. Nas For&ccedil;as Armadas e nas Pol&iacute;cias Militares, quando um candidato entra para os cursos preparat&oacute;rios, j&aacute; sabe que, ao final, ser&aacute; classificado para prestar servi&ccedil;os em qualquer ponto do territ&oacute;rio sob jurisdi&ccedil;&atilde;o da institui&ccedil;&atilde;o e l&aacute; dever&aacute; permanecer por um tempo determinado. Seria salutar se o mesmo crit&eacute;rio fosse empregado aos que ingressam nos cursos de Medicina, Enfermagem, Farm&aacute;cia e de outras &aacute;reas em escolas p&uacute;blicas ou custeados por bolsas oficiais. A legisla&ccedil;&atilde;o deveria estabelecer que, formado, ele seja classificado para prestar servi&ccedil;os onde falte profissional de sua especialidade, recebendo sal&aacute;rio de mercado (no caso do m&eacute;dico, os R$ 11 mil) e tenha a possibilidade de, findo o per&iacute;odo compuls&oacute;rio, ali permanecer se essa for sua vontade. Em vez de pagar intermin&aacute;veis financiamentos de bolsas, , esta seria a melhor a retribui&ccedil;&atilde;o &agrave; sociedade pelos investimentos na sua forma&ccedil;&atilde;o e, com certeza, supriria at&eacute; os grot&otilde;es com a m&atilde;o-de-obra hoje escassa ou inexistente.<br /> <br /> Al&eacute;m de deixar de financiar a ditadura cubana, o governo ainda dever&aacute; ter outra importante fonte de recursos para o novo &ldquo;Mais M&eacute;dicos&rdquo;. Poder&aacute; destinar ao programa parte da economia resultante da exonera&ccedil;&atilde;o dos milhares de cabos eleitorais, afilhados pol&iacute;ticos, parentes e assemelhados que incham as reparti&ccedil;&otilde;es e nada produzem. Essa &eacute; uma das vantagens de um governo que n&atilde;o precisou fazer barganhas para se eleger...<br /> &nbsp;<br /> <i><b><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</b></i> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br