A Internet está nos fazendo regredir?

20 de dezembro de 2018 às 16:33

Leonardo Torres
Quantas postagens de redes sociais n&oacute;s conseguimos absorver por dia? Quantas postagens as redes sociais nos entregam por dia? Ser&aacute; que n&oacute;s aproveitamos tudo o que vemos nas redes? Aproveitamos metade? Um ter&ccedil;o? Quase nada? Ou nada?<br /> <br /> Quantas dicas n&oacute;s vimos nas redes sociais e realmente as seguimos? Sobre investimentos, sobre os &ldquo;Do It Yourself&rdquo;, tutoriais de manuten&ccedil;&atilde;o, instala&ccedil;&atilde;o, etc...Quantas not&iacute;cias j&aacute; lemos e pudemos nos aprofundar no caso? Quanto conhecimento n&atilde;o foi feito de &ldquo;ctrl + c; ctrl +v&rdquo;, o famoso &quot;copia e cola&quot;? Como nada &eacute; polarizado, um ou outro conte&uacute;do n&oacute;s soubemos aproveitar, entretanto, se compararmos com todos os outros conte&uacute;dos que chegam at&eacute; n&oacute;s, a conclus&atilde;o &eacute; a mesma de M&aacute;rio S&eacute;rgio Cortella: n&oacute;s acabamos n&atilde;o por navegar na rede, mas por naufragar nela. <br /> <br /> Nicholas Carr, um estudioso das consequ&ecirc;ncias da internet no c&eacute;rebro humano, afirma que n&oacute;s n&atilde;o estamos preparados para receber tanta informa&ccedil;&atilde;o. A velocidade informacional n&atilde;o &eacute; acompanhada pelo nosso c&eacute;rebro. A sociedade aumentou tanto o fluxo informacional nesses &uacute;ltimos 60 anos que o nosso corpo n&atilde;o foi capaz de se adaptar. <br /> <br /> Uma das maravilhas desses &uacute;ltimos anos &eacute; a palavra &ldquo;multitasking&rdquo;, ou &ldquo;multitarefas&rdquo;. Quem &eacute; capaz de fazer v&aacute;rias coisas ao mesmo tempo, ou melhor, processar v&aacute;rias informa&ccedil;&otilde;es ao mesmo tempo, como ligar para o cliente, fechar um trabalho e se preparar para a palestra que acontecer&aacute; em 5 minutos, &eacute; com certeza, um indiv&iacute;duo almejado no mercado de trabalho, e &ldquo;adaptado&rdquo; ao novo mundo.&nbsp; Curiosamente, Byang Chul Han mostra que o multitarefa &eacute;, na verdade, uma capacidade primitiva humana. H&aacute; milhares de anos, ao mesmo tempo em que t&iacute;nhamos que comer (&eacute;poca em que &eacute;ramos carniceiros), n&oacute;s tamb&eacute;m t&iacute;nhamos que nos preocupar com outros predadores, cuidar do bando e estar o tempo inteiro preparado para fugir. Naquela &eacute;poca, tamb&eacute;m precis&aacute;vamos processar informa&ccedil;&otilde;es ao mesmo tempo. <br /> <br /> Ser multitarefas era muito importante antes, mas acabamos ao longo do desenvolvimento da ra&ccedil;a humana equilibrando tal capacidade com a de aprofundamento dos conte&uacute;dos. Da&iacute; vieram os mitos, as filosofias, a matem&aacute;tica, a ci&ecirc;ncia em geral, todo o conhecimento &iacute;mpar do ser humano. Com o aprofundamento, fizemos muito com pouco. Hoje, com o excesso de informa&ccedil;&atilde;o, parece que estamos fazendo pouco com muito. Mais uma vez: ser&aacute; que n&oacute;s aproveitamos tudo o que vemos nas redes?<br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="/uploads/image/artigos_leonardo-torres_palestrante-professor-e-doutorando-comunicacao.jpg" alt="" width="60" hspace="3" height="80" align="left" /><br /> <br /> <br /> Leonardo Torres</i></b>, 28 anos, Palestrante, Professor e Doutorando em Comunica&ccedil;&atilde;o e Cultura Midi&aacute;tica.