Por que Lula serve de moeda de troca para Toffoli?
20 de dezembro de 2018 às 19:47
Jeferson Miola
<div style="text-align: center;"><img src="/uploads/image/img_brasil-247_pt_sistema-judicial-nao-respeita-constituicao_.jpg" width="450" height="265" align="middle" alt="" /></div>
<br />
Numa etapa remota da vida, durante o período que corresponde à sua "<b><i>adolescência</i></b>" política e, principalmente, profissional, José Antonio Dias Toffoli comungou ideais de justiça, democracia, humanismo e garantismo jurídico.<br />
<br />
O itinerário do Toffoli no alpinismo rumo ao topo do sucesso começou com o cargo de consultor jurídico da CUT [1993/1994] e passou pelos cargos de assessor do PT na ALESP [1994], de assessor jurídico na liderança do PT na Câmara dos Deputados [1995/2000] e de assessor no governo da Marta Suplicy em São Paulo em 2001 [wikipédia].<br />
<br />
Nos governos Lula, Toffoli galgou degraus. Entre 2003 a 2005, foi subchefe jurídico da Casa Civil do José Dirceu. Em 2007, foi nomeado Advogado-Geral da União, cargo que exerceu até 2009.<br />
<br />
Apesar do nanismo jurídico, acadêmico e intelectual – e do fracasso em 2 concursos para juiz federal – num equívoco oceânico, Lula o alçou ao maior cargo da carreira da magistratura brasileira. Em outubro de 2009, Toffoli incrivelmente se tornou juiz do STF.<br />
<br />
Toffoli teve breve passagem pela advocacia privada. Na primeira experiência, de março/2001 a dezembro/ 2002, atuou como sócio do Escritório Toffoli & Telesca Advogados Associados.<br />
<br />
Na segunda, entre agosto/2005 a fevereiro de 2007, foi sócio do Escritório Toffoli & Rangel Advogados. Segundo o site Poder360, "<b><i>a empresa está ativa. Roberta Maria Rangel é a única a constar no quadro societário do escritório</i></b>".<br />
<br />
Embora afastado do escritório, a participação de Toffoli na sociedade conjugal continua lhe rendendo dores de cabeça. Em 14/9/2016, a Folha de São Paulo publicou que o "<b><i>Escritório de mulher de Toffoli recebeu de consórcio alvo da Lava Jato</i></b>".<br />
<br />
Na reportagem, a Folha revelou que<br />
<br />
"<b><i>Um consórcio das empresas Queiroz Galvão e Iesa, suspeito de repassar propinas em contrato de mais de R$ 1 bilhão sem licitação com a Petrobras, fez pagamentos em 2008 e 2011 no total de R$ 300 mil ao escritório Rangel Advocacia, que teve o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli como sócio até 2007</i></b>".<br />
<br />
O Estadão de 28/7/2018 publicou que "<b><i>Toffoli recebe uma mesada de R$ 100 mil de sua mulher, a advogada Roberta Maria Rangel</i></b>". Segundo o Estadão<br />
<br />
"<b><i>Os repasses [...] foram realizados ao menos desde 2015 e somam R$ 4,5 milhões. Dos R$ 100 mil mensais depositados pela mulher de Toffoli, diz a revista, metade é transferida para a ex-mulher do ministro, Mônica Ortega, e o restante é utilizado para custear suas despesas pessoais</i></b>".<br />
<br />
Já no STF, Toffoli abandonou o nome simples e os princípios originais. Passou a adotar o pomposo nome composto "<b><i>Dias Toffoli</i></b>".<br />
<br />
Além de mudar de nome, Dias Toffoli também mudou de lado. Ele abandonou os valores, princípios e compromissos com a democracia, com a justiça e com a Constituição, e se associou ao suburbano do fascismo judicial.<br />
<br />
Durante os períodos do governo Dilma, sua atuação como linha auxiliar de Gilmar Mendes causou estranheza. Ele nada decidia fora do raio de influência do Gilmar; situava-se abaixo do sovaco do colega. Continua sendo 1 incógnita essa capacidade "excepcional" de abdução do Toffoli pelo Gilmar.<br />
<br />
Na conspiração promovida por Cunha, Temer, Aécio e camarilha do golpe, Toffoli escolheu a hipócrita posição da cumplicidade e da indiferença formal.<br />
<br />
Uma vez consumado o golpe que ele mesmo ajudou a viabilizar com sua omissão, indiferença e cumplicidade, Toffoli encorajou-se no exercício da carreira solo [e narcísica].<br />
<br />
Após a assunção do Temer e da sua camarilha, Toffoli passou a assumir posições francamente favoráveis ao aprofundamento do regime de exceção. Se jogou de cabeça no sistema. E, como pagador de alguma conta, também fez questão de vincar a disposição, cada vez mais indisfarçável, de sacanear o ex-presidente Lula.<br />
<br />
A decomposição ética e moral de Toffoli é notável. Ele não só rebatizou a ditadura civil-militar de 1964 como "<b><i>movimento</i></b>", como colocou na assessoria da presidência do STF um general, transformando o STF em departamento jurídico do bolsonarismo teocrático-militar.<br />
<br />
Neste 19 de dezembro de 2018, ao cassar em tempo recorde a liminar concedida por Marco Aurélio Mello que restaurava a Constituição, Toffoli não somente enterrou a própria biografia, mas chafurdou o STF no esgoto.<br />
<br />
A pergunta fundamental é: por que Lula serve de moeda de troca para o Toffoli?<br />
<br />
<b><i><img src="/uploads/image/Artigos_jeferson-miola_integrante-do-idea.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br />
<br />
Jeferson Miola</i></b>. Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial<br />
Fonte: <a href="https://www.brasil247.com/pt/colunistas/jefersonmiola/378120/Por-que-Lula-serve-de-moeda-de-troca-para-Toffoli.htm" target="_blank"><span style="color: rgb(0, 0, 255);"><u><i>https://www.brasil247.com/</i></u></span></a>