A diferença entre militares e civis

27 de janeiro de 2019 às 13:14

Tenente Dirceu Cardoso Gon&cce
A reforma da previd&ecirc;ncia social, pregada pela comunidade econ&ocirc;mica como essencial&nbsp; &agrave; recoloca&ccedil;&atilde;o do pa&iacute;s nos eixos, gera discuss&otilde;es. Al&eacute;m das idades m&iacute;nimas para aposentadoria, tempo de contribui&ccedil;&atilde;o, tetos salariais e diferen&ccedil;as entre servidor p&uacute;blico e privado, h&aacute; a quest&atilde;o dos militares. A classe lembra de suas especificidades e com isso rejeita seu enquadramento no regime geral. Estudos revelam que enquanto o trabalhador das empresas se aposenta ap&oacute;s contribui&ccedil;&atilde;o por 30 anos (mulher) e 35 (homem), o militar, por n&atilde;o ter o mesmo direito do civil a horas extras, adicionais noturnos, de feriados e fins de semana, mesmo indo para a inatividade aos 30, trabalha o equivalente a 45 anos se considerada a jornada de 8 horas di&aacute;rias. Cada militar excede, em m&eacute;dia, quatro horas di&aacute;rias a sua jornada de trabalho em cercos, pris&otilde;es em flagrante e outras atividades de seguran&ccedil;a. Militar tamb&eacute;m n&atilde;o tem Fundo de Garantia por Tempo de Servi&ccedil;o (FGTS) e, depois de inativo, continua recolhendo para aposentadorias e pens&otilde;es, tendo seu per&iacute;odo m&eacute;dio de contribui&ccedil;&atilde;o calculado em 62 anos. Isso sem falar que os regulamentos o impedem de exercer outra atividade e de rejeitar trabalho perigoso.<br /> <br /> Os militares envolvidos na discuss&atilde;o admitem a reforma previdenci&aacute;ria. Mas defendem crit&eacute;rios pr&oacute;prios, decorrentes das especificidades da profiss&atilde;o e de sua utilidade p&uacute;blica na seguran&ccedil;a nacional. Quem n&atilde;o tem os mesmos direitos trabalhistas do setor privado, n&atilde;o pode ter sua seguridade a ele comparada, defendem. E se for mudar, &eacute; preciso instituir os direitos, coisa que o cofre p&uacute;blico dificilmente conseguiria suportar.<br /> <br /> O foco mais aparente das discuss&otilde;es est&aacute; entre os militares do Ex&eacute;rcito, Marinha e Aeron&aacute;utica, as tr&ecirc;s for&ccedil;as federais compostas por 300 mil homens e mulheres. Mas &eacute; necess&aacute;rio considerar a exist&ecirc;ncia das institui&ccedil;&otilde;es militares estaduais (pol&iacute;cias e bombeiros), cujos regimes de disciplina, hierarquia, obriga&ccedil;&otilde;es e direitos s&atilde;o semelhantes aos das For&ccedil;as Armadas. Com uma diferen&ccedil;a: enquanto as tr&ecirc;s armas federais, em tempos de paz, como os que vivemos, precisam estar sempre preparadas e &agrave; disposi&ccedil;&atilde;o para eventuais a&ccedil;&otilde;es ou at&eacute; para a guerra, os militares estaduais vivem na permanente guerra urbana da seguran&ccedil;a p&uacute;blica. Seus soldados de todas as patentes t&ecirc;m a miss&atilde;o de policiamento ostensivo e preventivo e diuturnamente confrontam com a marginalidade. Matam, morrem, sofrem, s&atilde;o incompreendidos e, mesmo assim, cumprem o dever social e profissional.<br /> <br /> Os respons&aacute;veis pela reforma previdenci&aacute;ria jamais dever&atilde;o descolar o militar estadual do sistema que vier a ser gestado para o federal. Isso seria um duro golpe e traria s&eacute;rias consequ&ecirc;ncias para a nossa j&aacute; sofrida e insuficiente seguran&ccedil;a p&uacute;blica. As coisas s&atilde;o como s&atilde;o devido &agrave; l&oacute;gica do setor e, principalmente, as condi&ccedil;&otilde;es do cofre p&uacute;blico que n&atilde;o teria recursos suficientes para dar ao militar o mesmo tratamento que a CLT e legisla&ccedil;&otilde;es complementares garantem ao trabalhador do setor privado.<br /> <b><i>&nbsp;<br /> </i></b><b><i><img src="http://www.novoeste.com/uploads/image/img_artigos_tenentedirceu.jpg" width="60" hspace="3" height="81" align="left" alt="" /><br /> <br /> <br /> Tenente Dirceu Cardoso Gon&ccedil;alves</i></b> - dirigente da ASPOMIL (Associa&ccedil;&atilde;o de Assist. Social dos Policiais Militares de S&atilde;o Paulo) - aspomilpm@terra.com.br&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp;&nbsp; <br />