Educação: a grama tão verde do vizinho

27 de janeiro de 2019 às 13:21

Norman de Paula Arruda Filho
A Alemanha est&aacute; nos notici&aacute;rios por aprovar jornada de trabalho de 28 horas semanais, por&eacute;m, ao lan&ccedil;ar o olhar para este pa&iacute;s outro dado me chama a aten&ccedil;&atilde;o: o investimento em pesquisa e desenvolvimento. Dados de 2016 mostram que o governo federal e os setores econ&ocirc;mico e cient&iacute;fico alem&atilde;es investiram 2,94% do Produto Interno Bruto em pesquisa e desenvolvimento contra 2,03% dos outros pa&iacute;ses da Uni&atilde;o Europeia e gerando um abismo quando comparado ao Brasil, que em 2015, investiu 0,63%, o equivalente a R$ 37,1 bilh&otilde;es contra os 92,2 bilh&otilde;es de euros da Alemanha.<br /> &nbsp;<br /> Por&eacute;m, mesmo sofrendo de um problema que nos &eacute; familiar: a mobilidade social (um aluno pertencente &agrave;s classes sociais mais baixas ter&aacute; poucas oportunidades para ascender socialmente em rela&ccedil;&atilde;o aos seus pais), o &ldquo;pulo do gato&rdquo; dos alem&atilde;es atualmente est&aacute; na aten&ccedil;&atilde;o dada a transi&ccedil;&atilde;o do aluno ao mercado de trabalho. <br /> &nbsp;<br /> Segundo uma pesquisa da Organiza&ccedil;&atilde;o para a Coopera&ccedil;&atilde;o e o Desenvolvimento Econ&ocirc;mico (OCDE), o n&iacute;vel de desemprego entre adultos que se formaram no ensino secund&aacute;rio em um curso t&eacute;cnico chega a apenas 4,2%. J&aacute; para jovens entre 15 e 19 anos que n&atilde;o est&atilde;o estudando ou trabalhando chega a 8,6%, um dos menores n&iacute;veis entre os pa&iacute;ses-membros da organiza&ccedil;&atilde;o. Al&eacute;m disso, eles t&ecirc;m uma classe m&eacute;dia forte, com 58% da popula&ccedil;&atilde;o ganhando entre &euro; 2.400 e &euro; 5.000, mesmo profissionais que se formam somente no ensino secund&aacute;rio t&ecirc;m um poder de compra considerado socialmente satisfat&oacute;rio, o que mant&eacute;m a economia aquecida. <br /> &nbsp;<br /> Investimento em pesquisa e desenvolvimento aliado a programas de aprendizagem que auxiliem na inser&ccedil;&atilde;o dos jovens no mercado de trabalho nos distancia ainda mais da realidade alem&atilde;. Mas como podemos diminuir essa dist&acirc;ncia j&aacute; que a proje&ccedil;&atilde;o de investimento nessa &aacute;rea n&atilde;o nos &eacute; promissora? Devemos e podemos promover parcerias internacionais e incentivar o investimento da iniciativa privada para o preparo de nossos jovens para a profissionaliza&ccedil;&atilde;o.<br /> &nbsp;<br /> Como professor e gestor de uma institui&ccedil;&atilde;o de ensino, sou inquieto e procuro sempre trazer inova&ccedil;&otilde;es para a sala de aula. Hoje, mais do que nunca, &eacute; fundamental buscar continuamente a troca de conhecimento entre players internacionais e com as iniciativas globais, como a Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas (ONU). A sala de aula mudou. Nela, temos que incentivar os alunos a serem sedentos por conte&uacute;dos extraclasse, cases de sucesso e, principalmente, experi&ecirc;ncias reais. Quem n&atilde;o se desprender da teoria, ficar&aacute; estagnado em um mercado profissional cada vez mais din&acirc;mico. <br /> &nbsp;<br /> A dimens&atilde;o global do Dia Internacional da Educa&ccedil;&atilde;o, celebrado neste dia 24 de janeiro, serve para refletirmos sobre seu real significado. Se n&atilde;o podemos investir, devemos n&atilde;o s&oacute; abrir as fronteiras para a pesquisa cient&iacute;fica como incentivar convites para parcerias em prol da sustentabilidade das na&ccedil;&otilde;es em todas as suas nuances, sejam elas de primeiro mundo ou n&atilde;o. Quem sabe um dia, com muita criatividade e inspira&ccedil;&atilde;o, chegaremos no padr&atilde;o alem&atilde;o. <br /> &nbsp;<br /> <b><i><img src="/uploads/image/artigos_norman-de-paula-arruda-filho_presidente-do-isae-escola-de-negocios.jpg" width="60" hspace="3" height="80" align="left" alt="" /><br /> <br /> Norman de Paula Arruda Filho</i></b> &eacute; presidente do ISAE Escola de Neg&oacute;cios, conveniado &agrave; Funda&ccedil;&atilde;o Getulio Vargas, professor do Mestrado em Governan&ccedil;a e Sustentabilidade do ISAE/FGV, e Coordenador do Comit&ecirc; de Sustentabilidade Empresarial da Associa&ccedil;&atilde;o Comercial do Paran&aacute; (ACP).